UM GRITO PARADO NO AR

Sou o primeiro a entrar no ônibus. Sinto uma urgência em procurar um lugar. Será uma longa viagem e quero logo acomodar-me.

O ónibus põe-se em movimento e imediatamente uma estranha inquietude atravessa meu corpo. Os leves solavancos ao longo do percurso parecem incomodar-me de uma maneira que não sei definir. É como se eu não estivesse acostumado com essas coisas.

Sinto-me irrequieto e com uma necessidade angustiante de levantar-me e ir para algum outro lugar.

Levanto-me com a intenção de pedir passagem para a mulher gorda que está ao meu lado. Tento falar-lhe, mas nada sai de minha boca.

Meus olhos ficam imensamente dilatados e quase saem das órbitas quando percebem a gigantesca mão segurando uma revista e espantando-me. Quero gritar e não posso. Meu grito fica preso...

Jota Alves
Enviado por Jota Alves em 04/06/2022
Reeditado em 06/06/2023
Código do texto: T7530377
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