UM GRITO PARADO NO AR
Sou o primeiro a entrar no ônibus. Sinto uma urgência em procurar um lugar. Será uma longa viagem e quero logo acomodar-me.
O ónibus põe-se em movimento e imediatamente uma estranha inquietude atravessa meu corpo. Os leves solavancos ao longo do percurso parecem incomodar-me de uma maneira que não sei definir. É como se eu não estivesse acostumado com essas coisas.
Sinto-me irrequieto e com uma necessidade angustiante de levantar-me e ir para algum outro lugar.
Levanto-me com a intenção de pedir passagem para a mulher gorda que está ao meu lado. Tento falar-lhe, mas nada sai de minha boca.
Meus olhos ficam imensamente dilatados e quase saem das órbitas quando percebem a gigantesca mão segurando uma revista e espantando-me. Quero gritar e não posso. Meu grito fica preso...