SORRIA PARA MORRER - CLTS 20

Comprei o celular na chamada Feira do Rolo, numa loja cravada no encontro de três corredores que mais parecia uma cabana. "TUDO QUE VOCÊ QUISER", anunciava o letreiro com luzinhas verde-piscantes. Eu queria um telefone novo ou usado com cara de novo porque o bolso tava surrado. Já havia rodado metade do lugar e nenhum preço cabia na carteira. Tentaria mais uma vez e só, talvez desse tempo de pegar o almoço na casa da tia Dolores. Ela morava perto e fazia a melhor comida da minha vida. Meus primos, filhos dela, eram todos gordos. Eu seria gordo se morasse lá com eles. Mesmo sentindo o estômago ansioso por comida, entrei na tenda.

"Muito louco", foi a primeira coisa que pensei dentro da "banca".

Era enorme, cara. Não tem lógica. Fiquei tão impressionado que saí para o corredor novamente. Dei uma olhada na lona que cobria o lugar. Calculei uns quatro metros de frente por quatro metros de largura. Os vizinhos pareciam pequeninos. As pessoas passavam por mim sem darem atenção, os demais comerciantes nem me enxergaram ali parado. Puxei a cortina da tenda que fazia as vezes de porta e olha eu outra vez embasbacado com o interior daquele lugar. Parecia que havia outra feira lá dentro. Dois corredores se abriam enviesados à minha frente, um para a esquerda, outro para a direita. Estavam bem iluminados e tanto neles como no que seria o salão inicial existiam diversos produtos expostos em prateleiras envidraçadas. Todo tipo de coisa mesmo, o letreiro não mentiu. Era demais, meu irmão, uma super loja digna de shopping grã-fino. Como aquilo cabia nos dezesseis metros quadrados que eu avaliara antes era impossível dizer. Espelhos? Sobreposição mobiliária? Truques dimensionais por montagem? Sei lá. Como não atinava com a resposta, deixei quieto. Vou aproveitar e achar meu celular. Eu tinha certeza que ali teria algo que me agradasse e que pudesse pagar. Interessante que não vi nenhum atendente, nada, nadinha de gente, só eu e os trecos me encarando silenciosos, se bem que rolava uma musiquinha ambiente bem gostosinha, muito agradável mesmo, parecia uma brisa, na falta de palavra melhor. Uma música-brisa. Era até refrescante. O chão era verde, o restante do interior decorado em tons mais claros, não vi lâmpadas ou a fonte da luz, mas o ambiente era calmo, bonito e convidativo. “Bora comprar”, pensei. Minha mãe ia ficar doida nesse lugar. Ela não pode nem entrar em loja de sapato que passa horas lá dentro, imagine aqui. Dei uma boa olhada nas duas extensões que pareciam me chamar e sem pensar muito me decidi pelo caminho da esquerda primeiro.

Não tem lógica mesmo. Depois de caminhar e admirar os produtos daquele corredor por algum tempo, me dei conta que havia ramificações ali, outros rumos dentro do primeiro rumo. Caramba. Se usasse drogas, certeza que tava viajando mó doido, mas não uso. Sou até meio caretão, sabe? Tipo gostar de Stranger Things, rir de piada boba e assistir filme antigo. Isso parecia um filme mesmo, daqueles bem cabulosos. Havia cartazes diversos explicando alguns aparelhos, tecnologia de ponta, rapaz. Já tinha decidido voltar com alguns amigos mais abastados para que eles fizessem a festa ali. Aquilo era a Meca dos apaixonados por eletrônica, meu. Nem sei quanto tempo fiquei por ali bobeirando, mas vi o celular mais bonito que se teve notícia no mundo e corri para ele.

"PROMOÇÃO", gritava o anúncio colado no pedestal onde o bicho estava todo exibido. SÓ HOJE, continuava a propaganda, por apenas R$ 100,00. MALUCO, é meu. Peguei a primeira caixa que aparentava estar completa e voltei para a entrada, louco para pagar e começar a usar. Mano, não havia ninguém para receber, assim como não havia ninguém para vender. Fiquei parado feito tonto olhando para um lado e outro, tipo o meme do John Travolta.

ALÔÔÔ.... gritei. Alguém aí. OLÁÁÁÁ..... nenhuma resposta. Fiz o que qualquer um faria. Tirei a nota de cem reais, encontrei um local de onde ela não caísse e a depositei lá. Saí feliz com minha aquisição. Um velho estranho me olhou de cima a baixo assim que me vi diante da normalidade da Feira do Rolo. "Cada maluco", ele disse olhando para mim. Não entendi. Fui embora almoçar. Nem olhei para trás. Importante era minha caixinha debaixo do braço com meu celular novinho, novinho.

Já em casa, à noite, eu custava acreditar naquela pechincha. Era o melhor aparelho de telefone que eu jamais nem pensei em possuir, cara. A qualidade das fotos era surreal, a velocidade da memória lembrava coisa extraterrestre, vídeos, filmes, clips, tudo baixava em poucos segundos e olha que nem plano bom de dados móveis eu tinha. No meu quarto em cima do quarto de alguém, pois morava numa kitinete minúscula, eu me sentia grato aos céus por aquele presente. Ia arrasar na manhã seguinte lá no trampo. João-Cabeça-de-Ovo não teria coragem de tirar onda comigo dessa vez. Cara chato do baú, velho. Implicava com todo mundo, talvez por ser mais antigo, mas era o maior pentelho do mundo. E não é que pensando no Cabeça-de-Ovo acontece do bicho rolar bem na rua onde moro. Eu estava no quarto andar, mas era impossível não reconhecer aquela cabeça. E brilhava à luz da lâmpada de led. Que vontade de dar um tapa naquilo. Peguei o celular, não tive dúvida, vai ser uma foto estilo close up da cabeça do elemento para eu mandar no grupo de zap da rapaziada. Eles vão rachar de rir. Mirei direitinho, dei zoom, firmei a mão, segurei a respiração igual o sniper mandou fazer e pá! Click. Capturei aquele cabeção filhote de galinha. Era impossível ele ter ouvido alguma coisa, mas não é que o chatonildo parou de andar e olhou diretamente para cima de mim. Ele mexeu os lábios, parecia dizer uma palavra com sua boca mole: ôôôô... não sei o que era. Muito barulho essa noite. E o trouxa decidiu atravessar a rua. Não sei como, mas eu filmava tudo no celular e a próxima cena foi cruel. Nem bem deu quatro passos e um caminhão de frete arrebentou a cabeça do João. Jogou o bicho longe. Ele bateu no chão igual boneco. Nem precisava chamar SAMU, era melhor o IML mesmo. Caraca, quebraram o João. E a porcaria do telefone postou o vídeo automaticamente no grupo e nas minhas redes. Tentei apagar, mas não consegui, então começaram os likes. Caramba, veio um montão de curtida. Desliguei tudo, corri lá para baixo, dar um bizu na coisa. Já tinha um multidão dando palpite e o cara do caminhão todo amarelo com medo de apanhar. Larguei o caso e fui embora antes que me sobrasse um B.O.. Quando consegui cochilar, só deu João nos sonhos. Troço macabro demais.

No dia seguinte, na firma, só falavam do Cabeça. A essa altura, meu vídeo já tinha rendido até matéria no jornal das seis. A qualidade da filmagem era impressionante, a gente parecia sentir o impacto do bruto no corpo e dava pra ver a careta de dor do sujeito. Teve até quem vomitasse depois de assistir. Muito sinistro, mas bora trabalhar. No refeitório, contei vantagem do meu novo telefone, mostrei para todos, indiquei a cabana da Feira do Rolo. Comecei tirar fotos da turma, só de zoeira. “Xis... diz aí, malandro”. Numa dessas poses, o celular entrou no modo vídeo novamente sem eu apertar nada e focou na loira novata lá no fundo da mesa. Ela nem tava olhando pra gente, parecia distraída, satisfeita com seu pedaço de carne no garfo a caminho da boca. Boca bonita, só pra constar. Mastiga que mastiga e o celular filmando, minha mão apontando para moça sem conseguir mudar o rumo, fiquei meio preso naquela tomada. Não sei se ela percebeu que era meu alvo e virou a cabeça diretamente para mim com um olhar meio fixo, havia parado de mastigar. Foi quando ouvimos um estrondo e um pedaço do teto caiu bem em cima da loira enterrando a cara da pobre no prato e o prato na mesa. Sangue pra todo lado. Pessoal gritando e se afastando, muita gente sem entender nada. E o vídeo postado nas minhas redes sociais e nos grupos de zap. Que loucura, velho. Tentei desfazer, mas tava tudo travado. As visualizações começaram quase na mesma hora. E as curtidas, E os comentários. E os xingamentos. Caraca. Pessoal começou me xingar com vontade. Viralizou. Em menos de 24 horas, dois vídeos meus estouraram. Duas pessoas mortas. Eu sem nem saber como tudo aconteceu e parado ali olhando para o aparelho na minha mão que exibia uma mensagem: FILMAR MAIS. Filmar nada. Desliguei o celular, empurrei para o fundo da mochila e fui embora, todos fomos embora, dispensados pela "triste ocorrência", dizia a empresa.

Aproveitei a folga repentina e perambulei pelo centro da cidade. Ruas apinhadas de folgados, gente com cara de enterro correndo igual formiga. O trânsito enraivecido, barulho, buzina, gente na carapaça de aço e alumínio brigando contra o tempo e eu ali na praça encravada no meio daquela confusão com um picolé na mão e o celular desligado na outra. A curiosidade para saber quantos tinham assistido a morte da novata foi mais forte que o receio que havia tomado de conta de mim. Liguei o bicho. Um milhão. Puxa vida. Em poucas horas, essa enxurrada de gente à toa testemunhou o fim da vida da jovem. Havia mensagens para mim, nem abri, não tive tempo, uma velha com cara de ruga tava parada na minha frente me olhando feito maluca.

- Diz aí, dona... o que tá pegando? – falei meio sem jeito.

A mulher nem piscou, galera. Olhar dela fixo no meu celular quando não revezava buscando minha cara. A pele dela era muito branca, a mais branca que já vi, mesmo que fosse meio artificial, sem vida, saca? Parecia aquelas poças de cera de vela derretida. Ela tava perto de mim, eu sentado no banco da praça e olhando pra cima igual devoto de imagem de santo. Havia dois pelos crescidos no queixo da velha e dela vinha um cheiro azedo de coisa morta. Tava difícil a coisa. Fiz menção de levantar meio que saindo de lado, ela pôs a mão no meu ombro:

- Você já cumpriu seu papel e agora tem dois caminhos, infeliz: me dar o aparelho ou devolver onde pegou – ela disse com voz rouca de fumante – se não quiser se arrepender muito mais depois.

- Que papo é esse, dona? Nem te conheço, vou te dar nada não – respondi no susto – Toma só esse dinheiro aqui e vaza – falei e já estendi a mão com a nota de dois reais puxada do bolso da jaqueta.

Ela não riu, não falou mais nada. Virou-se e foi embora caminhando feito uma sombra esquisita. Eu, hein? Fiquei observando a velha sumindo no meio do povo. O celular tocou e quase me dá um piripaque. FDP. Atendi deslizando o íconezinho para a direita.

- Alô – eu disse. Ninguém respondeu – Alô, alô... vou desligar, cara.

- Alô – veio a voz agourenta do outro lado. Arrepiei todo, mano.

- Quem ta falando? – perguntei tremendo.

- Por que fez isso comigo?

- Fiz o quê? Quem tá falando, droga?

Não queria acreditar, mas era nítido quem era do outro lado do celular. Eu mal conseguia ver as pessoas caminhando perto de mim. Era impossível, mesmo assim eu sabia quem era.

- Cabeça, é você? – arrisquei.

- Por que você me matoooouuuu ? – gritou no meu ouvido.

Joguei o celular longe. Ele bateu no chão três vezes antes de parar perto grama que cercava a área verde da praça. Minha cabeça doía muito. Um moleque cheira-cola sem camisa foi correndo pegar o telefone. Certamente ia roubar. Não mexi um dedo, nem falei nada. Pode levar. Seria uma solução pro medo que tava correndo em mim. Mas o raio do garoto me trouxe o celular andando meio torto com cara de zumbi, só me entregou e foi embora. FILMAR MAIS, dizia a mensagem na tela. Sem saber o que fazer, nem mesmo conseguindo controlar meus movimentos, levantei o aparelho e apontei para o tio do carrinho de pipoca, não o escolhi, ele foi escolhido.

Havia duas crianças perto do pipoqueiro, estavam comprando as delícias doces em formato de bola. Os olhos delas brilhavam, cara. Entregaram o dinheiro enroladinho para o tio e foram embora correndo com suas pipocas coloridas, uma rosa, outra vermelha. Ele fechou a portinha de vidro, guardou o trocado na gavetinha, virou-se em minha direção e no momento que parecia me apontar o dedo, explodiu junto com a panela e o carrinho inteiro. Uma explosão rubra e melada, sobrou nada de nada, só a marca no chão e um buraco. Quase caí do banco com a violência do choque que me chegou e depois foi o caos. Gente correndo para todo lado, gritando igual loucos. Lá no fim da praça, as duas crianças haviam perdido suas pipocas-doces e choravam agarradas com os pais. Quando consegui controlar a tremedeira e olhar para aquele telefone na minha mão, ele já tinha postado nas redes e para vários zaps que eu não conhecia. Contatos de gente que nunca ouvi falar e gente famosa também: jornalistas, atores, políticos, canais de televisão. Tudo feito no meu nome e já começaram as curtidas do vídeo em câmera lenta da morte do senhorzinho estourado junto com o milho.

Mano, eu não tinha estrutura para lidar com aquilo sozinho, fui para a casa da tia Dolores que era, praticamente, a mãe que não tive, embora dizer isso pareça estranho, pois alguém ser algo que não se teve é meio confuso. Enfim, corri para lá do melhor jeito que pude. Enfiei o troço no bolso da mochila e, de vez em quando, eu o ouvia me chamando, vibrando aquele barulhinho: brbrbrbrbrbrbrrrr, brbrbrbrbrbrbrbr, brbrbrbrbrbrbbrbrbrbrrrr

- Você ta famoso, menino – foi a primeira coisa que ela me disse ainda no portão de ferro amassado de um lado – todo mundo só fala de você no rádio, na TV, nas redes sociais, até no meu grupo do Terreiro.

- Tia, a senhora não sabe da missa, a metade. Eu tô é lascado de cima a baixo – respondi a meio caminho da sala e do sofá marrom que servia de cama quando dormia lá.

- Que isso, menino? Tá reclamando da sorte, é? – ela ralhou – tanta gente morrendo perto de você e você vivinho da silva e ainda filmando tudo? – ela gargalhou alto – sua tia é velha, mas não é boba, isso ta com cara de Exú aprontando, menino.

Caraca, fiquei gelado na hora. Minha tia conhecia os parangolês do outro mundo, era cavalo de Oxum e das boas. Sempre lembro dela lá na função recebendo os santos e os não tão santos. Aquilo me assustava até o fundo da alma, mano. Mas agora era disso que precisava. Contei tudo, desde a compra e como o bicho filmou praticamente sozinho a coisa toda. Ela me ouvia calada e muito séria. Quando terminei me sentia um pouco aliviado. Ela buscou água para nós dois.

- Menino, é melhor devolver isso. Tá na cara que é amarração e das brabas. Entrega logo, se der tempo ainda.

Não precisou falar mais nada depois desse “se der tempo”. Vazei voado para a Feira do Rolo, devo ter empurrado um monte de gente no caminho, só ouvia os resmungos. O telefone gritava sem parar na mochila com o volume cada vez mais alto, aquilo estava me enlouquecendo, arranquei a bateria e disparei novamente. Continuou vibrando e tocando o som de chamada até que berrou meu nome quando eu bem acabava de chegar na frente da barraca onde tudo começou. Aí tudo fez silêncio.

Entrei de uma vez. Tudo igual como estava antes. A música-brisa, o chão verde. Os corredores, a luz agradável. Voei para o local onde peguei a caixa. PROMOÇÃO, ainda dizia o cartaz. Deixei o telefone lá e xispei para trás. Notei que existiam muitos cartazes de promoção hoje e tudo bem baratinho. Fiz de conta que não tava vendo. Quando cheguei na saída, a velha da praça estava me esperando com aquela sua pele de cera branca, o que me deixou sem reação por um instante.

- Você fez bem – ela disse – ajudou a trazer de volta nosso mundo, talvez ele não o castigue.

Aquilo me estremeceu o restante das fibras. Saí dali feito bala. Voltei para a casa da Tia Dolores pensando no livramento que havia conseguido. Deus me livre, nunca mais quero celular. Nunca mais reclamo de nada. Coitado do Cabeça de Ovo, coitada da novata e do tio da pipoca, viraram atração de gente doida da internet.

Assim que cheguei na tia Dolores, chamei no portão, ninguém veio atender, fui entrando. Estavam todos olhando para a TV, meus primos, e até alguns vizinhos.

- O que ta rolando, gente? – perguntei .

- Menino, olha isso – minha tia falou – eles estão filmando uma barraca lá na feira onde tu comprou aquele troço do demo.

- Que troço do demo? – um primo quis saber.

- Nada não, depois te conto – respondi. Tava mais interessado na imagem da cabana. Havia uma reportagem sobre o comércio da feira e sobre as lojas e o repórter parecia impressionado com a tenda, dizia ele:

- Estamos diante dessa misteriosa loja que promete ter tudo o que se quiser, será que tem mesmo? Vamos dar uma olhada.

E entraram naquele espaço de onde eu fugira há pouco. Tava tudo lá do jeitinho que tinha visto. Os corredores, os aparelhos, tudinho. Até a velha esquisita.

- A senhora é a proprietária? – perguntou o jornalista.

- Pode-se dizer que sim – ela retrucou com a voz de doente.

- Qual o produto que mais sai aqui da sua loja?

A velha mostrou um celular muito bonito, espelhado e fininho. Idêntico ou talvez o mesmo que estava comigo há pouco. Era hipnótico olhar para a televisão.

- Esse telefone é a pedida do momento – ela disse.

- Nunca vi um igual, dá vontade de comprar mesmo, né, pessoal? – falou o jornalista todo simpatia forçada.

- Deixa eu mostrar para o público do que ele é capaz? – perguntou a velha com um sorriso que não combinava em nada com seu rosto.

- Claro, estamos aqui para informar nossos telespectadores, pode mostrar.

Ela levantou o aparelho na posição horizontal, do jeitinho que ensinam para fazer um vídeo, apontou bem para a câmera e disse:

- Olhem bem para cá, cordeirinhos, ele já está gravando vocês. Sorriam.

Ao ouvir aquilo virei de costas imediatamente numa reação automática e instintiva, tapei os olhos com as mãos e gritei muito para não olharem enquanto corria para fora. Tarde demais. Eles olharam e olharam. Todos olharam para a televisão.

Já na rua, ainda de costas, ouvi quando a casa da tia Dolores desmoronou por inteiro. Foi a primeira, a casa vizinha foi tomada pelo fogo, depois outra, e outra, e outra ...

FIM

Tema: objetos amaldiçoados.

Olisomar Pires
Enviado por Olisomar Pires em 01/08/2022
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