PÂNICO NAS ALTURAS.

Stuart entrou no escritório da escola de pilotagem. O condado de Greenville. Cumprimentou o instrutor Frederic e demais funcionários. -"Vai fazendo o básico, Stuart. Hangar 23, vamos voar no Cessna 172. Vou ao banheiro." O moço magrelo olhou o relógio. Aulas marcadas. As chaves do pequeno avião nas mãos. O hangar 23. A inspeção rotineira. Instrumentos testados. O cockpit. -"Onde está Fred?!" Ele olhou para os lados a procura do instrutor que o acompanharia no vôo. Frederic saiu do banheiro. O cano gelado de um revólver em sua nuca. -"Rápido, tira o macacão. Anda logo, imbecil." O instrutor obedeceu. O homem tirou seu capacete das mãos. -"Sentado." Frederic sentiu a coronhada na cabeça. O sangue verteu. O instrutor desmaiado teve as mãos e pernas atadas com uma corda. Uma fita adesiva cobria sua boca. No avião, Stuart ajeitou os fones de ouvido. O Cessna 172, azul e amarelo, pronto pra voar. O rádio amador checado. -"Finalmente." Stuart viu o instrutor chegando. Ele fez sinal de positivo com o polegar. O instrutor, de óculos escuros, subiu na aeronave. Fez um sinal para Stuart decolar, após colocar os cintos. -"Vamos voar, Fred. Nada como uma aula prática." O instrutor sorriu. Analisava a prancheta e olhava para os lados. Stuart pegou o caneco do rádio. O instrutor deu de ombros e fez sinal para o novato falar. Sabedor dos procedimentos, Stuart não titubeou. -"Cessna bravo 172, Stuart . Me copia torre? Permissão para decolagem." Uma voz feminina respondeu. -"Aeroporto de Greenville. Cinco barra cinco, Stu. Tenha cuidado, garoto. Liberado para vôo." Stuart sorriu. -"TKS, Cristine." Ele riu pois seria zoado quando retornasse ao aeroporto. Todos sabiam de sua paixão platônica pela moça da torre, além de que, as conversas entre aeronaves e a torre não permitiam aquele palavreado informal. O avião decolou e ganhou altura. -"Como me saí, Fred? Melhor que da última vez em que me tremi todo! Já pode tirar a máscara aqui em cima." O instrutor meneou a cabeça, afirmativamente. -"Vamos até Ferguson e damos a volta na montanha Valerie. Trinta minutos, meu caro." Disse Stuart, que olhou para o lado. O falastrão Fred estava quieto como um monge tibetano em oração. Aterrorizado, Stuart notou uma tatuagem de caveira no braço de seu instrutor. O rapaz gelou ao notar que o instrutor era moreno. Arregalou os olhos e gritou. -"Ei. Você não é o Fred! Cara, que faz aqui?!" Stuart viu o cano do revólver em sua barriga. -"Quieto, idiota. Voe para Hudson ou morre aqui." Stuart suava frio. -"Cara, não temos combustível. Hudson é muito longe. É loucura." Dez minutos de vôo. O rádio amador. -"Greenville para Cessna 172 foi roubado. Stu?! Mayday, mayday. Há um intruso na aeronave." O invasor foi categórico. -"Atenda. Diga que está sozinho." O revólver apontando para o piloto novato. -"Cessna 172 pra Greenville. Estou só. Desligo." O xerife Allan e viaturas estavam no aeroporto de Greenville. -"Greenville para Cesnna 172. Pouse imediatamente essa aeronave. É uma ordem." Pedia a moça ao avião, sem ter resposta. O xerife aflito. Foi na entrada da cidadezinha que o carro dos assaltantes ao banco de Ferguson foi encontrado. Dois bandidos foram mortos em confronto com os policiais mas um deles fugiu numa moto. O motoqueiro fugiu e entrou na cidade, indo na direção do pequeno aeroporto. Abandonou a moto e se misturou a um grupo de estudantes que visitavam o lugar, onde há um museu da aviação de guerra. O bandido viu Stuart chegar e se dirigir ao hangar. O bandido ouviu a conversa de Fred e Stuart. O instrutor foi ao banheiro, onde o bandido o atacou e tomou seu lugar no avião. -"Nosso homem está no Cessna, certamente. Frederic estava sem o uniforme e os óculos. Alertem as autoridades." Pediu o xerife a seus auxiliares. Frederic estava consciente, ele era colocado numa ambulância, se recuperando do golpe. -"A força tarefa está a postos. Vamos rastrear aquela aeronave." Disse o xerife a Cristine. A moça e oficiais do aeroporto em pânico. -"Greenville, na escuta?! Cessna 172." Cristine se alegrou ao ouvir a voz de Stuart. Ele estava vivo e bem. -"Me dá o rádio, idiota. Aqui é do avião. Não nos sigam no radar ou atiro nesse trouxa." O xerife gritou. -"Rapaz, seus amigos estão mortos e você será o próximo. O FBI está vindo." Stuart tremia. -"Voe pra Hudson ou morre, rapaz. Tenho dois sacos de dólares e, se me ajudar, um deles será seu." Stuart se apavorou. -"Você matou Frederic?! O meu instrutor?" O bandido sorriu. -"Sim. Como ia pegar suas roupas?" O xerife e sua voz no rádio. -"Dê a volta e pouse, Cessna 172. É uma ordem." Stuart tentou convencer o bandido. -"Se eu perder a sustentação, o avião entrará em parafuso. Nós dois morreremos." Stuart nivelou o nariz do avião no sentido do horizonte e acelerou. Era assim que Fred o ensinara. -"Ele está indo para Hudson, onde há uma pista pequena... seu combustível só vai até lá." Informou o oficial Preston ao xerife. O policial no celular, orientando as patrulhas. Cristiane atônita. -"Estão nos rastreando. Malditos tiras. Maluco, você vai ser meu escudo ou terá o mesmo fim de seu instrutor." Disse o bandido ao piloto. O homem apontou uma rodovia. -"É alí, energúmeno. Pouse ali pois a polícia estará indo pra Hudson." Stuart olhou pra baixo. -"Cara, nunca pousei sozinho um avião. Não dá." Medo em escalas altíssimas. Stuart rezava internamente. O avião em círculos. Um tiro. Stuart gritou de dor ao receber um tiro na perna. -"Abaixa e pouse na rodovia, idiota. Você é surdo?!" Em Greenville, os bombeiros, detetives e policiais deixaram a cidade, rumando para Hudson. O alarme do combustível soou no pequeno avião. O vento forte dificultava o pouso. As carretas e carros na rodovia. A perna queimava. Stuart respirava fundo. O inexperiente piloto alinhou o avião com a pista. Ele reduziu a velocidade aos poucos. Tinha feito alguns pousos , mas com o instrutor no comando, pensou ser bom omitir isso do bandido. Uma manobra arriscada. O avião bateu no asfalto e subiu. Stuart corrigiu e o avião pousou, dando uma volta em direção ao acostamento. A aeronave parou, enfim. O bandido se segurando com uma das mãos. Alguns carros pararam na pista. Ofegante , molhado de suor, Stuart estava branco como vela. Em Hudson, o xerife esperava o avião. As dezenas de autoridades e policiais na pista do aeroporto. Os bombeiros e equipes de salvamento a postos. Um rapaz correu até o xerife. -"No radar, o avião parou. Está sobre a rodovia estadual. Ele já era pra ter chegado aqui, xerife." As chamadas nas viaturas. -"Xerife. Motoristas de caminhões ligando. Viram um avião pousar na rodovia." O xerife fez sinal e algumas viaturas saíram do local. -"Parabéns, novato. Pousou de modo espetacular. Desculpa o tiro mas tenho que ir. " O bandido tirou o cinto e jogou um saco de dinheiro no colo de Stuart. -"Pra você, amigo. Obrigado pela carona." Stuart apagou com a coronhada na cabeça. O bandido pegou o dinheiro e saiu. -"Pra fora ou morre." O motorista de um carro não obedeceu a ordem do bandido. O homem se aproximou e atirou no motorista, tirando -o do veículo. O bandido passou ao lado do avião e sorriu. -"Até nunca mais, idiota." Vinte minutos depois, o xerife avistou o avião na rodovia. Stuart foi levado ao hospital de Hudson. Dois dias depois, acompanhado de seu irmão Lincoln, Stuart voltou ao aeroporto de Greenville. Ele foi recebido com aplausos e recebeu uma medalha do xerife. -"Você foi um herói, Stuart. Pegamos o sujeito, auxiliados pelo motorista do carro roubado. Ele vai morar na prisão." Frederic veio até o hangar. -"Stuart?! Que acha de uma volta no Cessna?" Stuart quis correr para abraçar o seu instrutor mas a perna ainda doía. -"Que bom ver que está vivo, Fred. Não quero mais voar. Basta!" Cristine entrou. Uma roda de pessoas curiosas em torno de Fred e Stuart. -" Greenville para Cessna 172. Pouse imediatamente. É uma ordem." Todos se voltaram, reconhecendo aquela voz conhecida da torre. -"Cristine? Você veio me ver?" Sussurrou Stuart. Era a terceira vez que ele via, pessoalmente, a dona da voz da torre. Cristine era linda. Ela se aproximou e beijou. Stuart corou. -"Dessa vez eu voei sem sair do chão." Stuart e Cristine se casaram, um ano depois, ali mesmo no hangar. O rapaz nunca mais voou. FIM

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 23/08/2022
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