OLHOS DE GATO

Certo dia dobrando uma esquina a mulher de cabelos encaracolados escutou um miado fraquinho e se compadeceu com o que viu. Era um filhote de gato, raquítico e todo sujo. Resolveu leva-lo para sua casa. Pronto, agora ele já tinha um lar e não iria morrer de fome ou maus tratos.

Foi crescendo cercado de mimos e atenção. Sua dona gostava de colocá-lo no colo enquanto via televisão ou escutava música. Acostumou-se com o cheiro gostoso que emanava do corpo dela. Dormia em uma almofada macia na sala e desfrutava de toda sorte de petiscos saborosos, carinhos e cuidados variados.

Contava dois anos quando as brigas começaram. O homem que namorava a sua dona sempre gritava muito e chutava coisas pela casa quando estava com raiva. Várias vezes ele a viu chorando e, em desespero, tentava consolá-la esfregando-se em suas pernas.

Deitado em sua almofada viu quando o tapa desferido fez jorrar um filete de sangue da boca da mulher de cabelos encaracolados. Encolheu-se com medo.

Certa noite escutou gritos de agonia ... Foi colocado a vassouradas para fora de casa.

O dia amanheceu e sua dona havia sumido. Durante muitos dias esperou que ela retornasse. Sentia falta dos afagos e do cheiro daquela que o amava.

Ela não voltou nunca mais.

Seus pequenos olhos de gato descobriram a mancha de sangue no carpete. De quem era aquele sangue?

Os dias passaram e tudo o que restou naquela casa foi um homem ruim que bebia muito e vivia expulsando-lhe.

Certa noite, enquanto o homem mau dormia, o gato abriu-lhe a garganta com as suas garras afiadas. O sangue jorrou inundando a cama. A morte chegava para o assassino de sua dona. Após isso o gato foi embora daquela casa maldita sem olhar uma única vez para trás.

Jota Alves
Enviado por Jota Alves em 23/05/2023
Código do texto: T7795528
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