VOZES DO BOSQUE- 2

Dois moradores próximos do Cemitério Silvestre, registraram queixa na polícia, sentindo-se incomodados com o ruído de vozes, risadas de crianças e vultos passeando pelo bosque durante a noite.

— Iremos distribuir algumas micro-câmeras em forma de passarinhos pelas árvores. Jovens costumam se encontrar em cemitérios e bosques durante a noite, para beber álcool e fumar maconha escondidos dos pais.

Dois dias depois o delegado observava os vídeos.

— Não há nenhuma imagem, apenas um chiado de muitas vozes conversando, talvez estejam escondidos entre as árvores.

Sr. Dorval varria as folhas ressequidas e escuras do caminho. Ele percebeu que diversas árvores haviam adquirido um tom cinzento. Era como se elas tivessem assimilado as cinzas dos mortos depositados nos troncos. Na grande Sequoia havia cerca de trintas urnas sepultadas.O tronco estava infestado de cogumelos cor de cinza.

Ele telefonou comunicando o estranho fenômeno para a funerária.

— Estamos perto do Outono, é normal as árvores e folhas trocarem de cor. Na primavera nascem novas folhas verdes outra vez. Continue observando e tomando conta do bosque.

No final do dia sr. Dorval esvaziava as lixeiras, e viu uma menina aparentando dez anos, conversando com sua boneca ali perto.

— Hay garota voce está perdida por acaso ? Volte para junto de seus pais.

A menina olhou para ele dizendo :

— Voce está pronto ?

— Não, ainda falta cortar a grama e o capim do caminho.

A garota se afastou falando com sua boneca.

Uma semana depois sr. Dorval retirava alguns galho e gravetos do caminho, para deixar o lugar livre para os visitantes do Cemitério.

Ele viu a mesma menina perto de uma árvore, brincando com sua boneca.

— Garota volte para junto de seus pais, logo irei fechar a porteira, o horário de visitas terminou.

A menina respondeu, olhando para ele :

— Voce está pronto ?

— Ainda não, falta levar o lixo e juntar as garrafas pet das lixeiras.

A garota passou por ele conversando com a boneca e se foi por entre as árvores.

Seu Dorval olhava ao redor, o bosque silencioso parecia não ser mais o mesmo, era como se não tivesse mais vida, totalmente tomado por árvores cinzentas, num cenário sinistro, triste e macabro.

Do galho de uma árvore, um corvo negro encorujado granou três vezes, depois se foi voando para longe, ao ouvir o sino da capela bater a Ave Maria.

— Seria o canto sinistro daquela ave um mau agouro ?

▬▬► segue no cap. 3

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 26/06/2023
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