A CIDADE SUBTERRÂNEA - fim

Os moradores da cidade subterrânea, acostumados com a escuridão dos túneis malcheirosos, evitavam a claridade. Quando raramente tinham que saír, usavam óculos escuros. Jeff estava parado na frente dum cassino, pedindo esmolas para os turistas. Do outro lado da rua um jovem de sunga, tentava vender ingressos para um clube de swing.

Com a falta de higiene nos canais subterrâneos como defecação e urina, remédios descartados ilegalmente nas águas, ocasionavam diarréia, evoluindo fungos e parasitas, contaminação por microorganismos gran resistentes. Assim se criou uma superbactéria derivada da Estaphilococus Aureus, causadora de tecidos necrosantes e degenerativos. O contágio se propagou, ocorrendo uma endemia local na cidade do pecado. Bombeiros retiravam centenas de cadáveres dos túneis, transportados em caçambas e retroescavadeiras, sendo descartados fora da cidade, onde eram queimados, ou sepultados em valas coletivas, sem nome algum. O período de chuvas intensas agravava o problema com a multiplicação de insetos e mosquitos transmissores de malária e dengue.

Jeff havia se refugiado num albergue já superlotado, mas estava decidido retornar a viver nos túneis outra vez. Ele estava ficando quase cego e havia adotado um cão de rua, como guia e companheiro.

O que ninguém ainda havia percebido, é que ratas gigantes do tamanho dum gato, chamadas de ratazanas canibais Bosavis, fizeram seus ninhos nos canais, e durante a noite marchavam pela cidade com sua fila de crias famintas. Las Vegas teria logo que enfrentar mais uma grande praga, dessa vez contra os maiores roedores do mundo.

Na noite alta, em frente dum grande painel neon luminoso, uma rata gigantesta observava as luzes com seus olhos vermelhos, trazendo entre os dentes uma mão humana. Ela retornou para dentro do túnel, onde suas companheiras já haviam começado o seu banquete. Os gritos horripilantes dos habitantes dos túneis, se confundia com a música vinda dos cassinos numa balada sinistra, mas a cidade dos pecados indiferente não escutava ninguém. . .

FIM

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 02/07/2023
Reeditado em 02/07/2023
Código do texto: T7827345
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