O HIPNOTERAPEUTA

Dr. Hans Thorn era conhecido por suas terapias de hipnose. Seus pacientes eram viciados em drogas, alcoólatras, tabagismo, traumas, depressão, psicoses, todos obtinham resultados positivos e se curavam das doenças. Sua agenda estava sempre superlotada, e a lista de espera era grande.

No final da tarde ele atendia o último paciente, antes de fechar seu praxis. Um homem esbelto de cabelos e olhos pretos, chamado Altamir.

— Qual é seu problema ? Pode falar, tudo fica entre nós, sigilo profissional absoluto.

— Dr. Eu sinto imensa atração por sangue, creio que sou um vampiro.

— Isso é apenas um distúrbio psicológico, o senhor sofre da síndrome de Renfield, sente obcessão por sangue, conhecida como vampirismo. Voce não imagina quantos paciente já tratei, que achavam terem poderes sobrenaturais, serem um homem-aranha, reencarnação de bruxos e feiticeiros do passado, médiuns que falam com os mortos, ou achavam estar possuídos por um demônio. Existem remédios da medicina para seu caso, mas antes de receitar tentaremos a hipnoterapia regressiva. Devo avisá-lo que as consultas são resgistradas no vídeo, as imagens são anuladas depois de dois anos.

Ele levou o paciente para a sala ao lado.

— Deite-se no divã, olhe nos meus olhos, escute apenas minha voz, depois responda minhas perguntas.

Segundos depois o homem dormia com os olhos abertos e imóveis, num estado de transe, e sua mente regredia no passado.

— Descreva o lugar onde voce está, diga seu nome, qual sua profissão.

— Eu estou num castelo sentado num trono. Um homem entra anunciando duas mulheres camponesas. Elas me pedem ajuda. Suas casas foram destruídas por uma tempestade, o telhado desabou, perderam suas colheitas.

Eu vou até outra sala e abro um baú, retiro dois sacos de couro com moedas de ouro e prata, e ofereço para elas. Chamo o guarda no corredor e mando ele providenciar material e ajudantes para a reforma das choupanas delas. As duas mulheres agradecem com louvor.

— Longa vida ao conde, longa vida ao conde.

É noite, eu vou para meu quarto, deito na cama. Na parede pendem duas correntes de ferro com argolas. Eu prendo minhas mãos ficando imobilizado. Há grades nas janelas, estou preso como numa jaula.

Dr. Hans interrompeu a hipnose desapontado com o paciente.

— Voce inventou essa estória, mas não me convenceu. Voce é um mentiroso, veio aqui para se divertir. Seu estado hipnótico era superficial e se manteve consciente. Sinto muito mas não posso ajudá-lo, se voce não quer. Sugiro a clínica neuropsiquiátrica Weimar, apresente-se no local, receberá o tratamento intensivo necessário.

— Eu respondi apenas suas perguntas doutor. Irei procurar a tal clínica indicada, talvez seja melhor mesmo.

O homem se retirou e dr.Hans fechou a porta. Antes de saír foi ver os vídeos das consultas do dia, para colocar na anamnese dos pacientes.

Ao olhar o último vídeo, foi tomado de surpresa. Aparecia apenas o doutor conversando e a voz do paciente. No divã não havia ninguém. O tal Altamir não tinha imagem, a câmera não havia registrado sua fisionomia.

Como era possível aquilo ? Será que ele realmente era um vampiro verdadeiro ? Talvez ele não tivesse mentido.

Ele precisava encontrá-lo. Na ficha preenchida havia apenas o nome Altamir, nenhum sobrenome, nem telefone ou endereço. Dr. Hans ligou para a clínica Weimar avisando que havia enviado um paciente de nome Altamir, e precisava falar com ele urgente, antes de ser internado.

Duas semanas já haviam se passado e o tal de Altamir ainda não havia se apresentado na clínica. Talvez ele não fosse nunca.

Seu nome também poderia ser falso.

Dr. Hans tentava se convencer que Altamir apenas sofria da síndrome de Renfield, mas sua intuição dizia ao contrário. . .

▬▬► segue no cap. 2

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 03/07/2023
Reeditado em 03/07/2023
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