CASO ME CONHEÇA, SABE QUE ODEIO MONSTROS QUE BABAM

... só que esse invadiu a minha inspiração e deu nisso...

 

 

A praia estava deserta e, apenas os sons levemente batidos das ondas eram ouvidos.

 

Belle, estava espreguiçada sobre areia morna, sequer uma canga colocou. Gostava de sentir a areia, esfoliando a pele úmida recém saída d'um mergulho. Os cabelos estavam sob uma touca emborrachada, dessas que atletas usam em piscinas, tinha um compromisso em seguida. Marcara com Lumah e Esther para um almoço à beira mar, não queria chegar de cabelos molhados. O chuveiro de água doce na orla retiraria o sal do corpo e, a saída de praia escolhida, era longa e perfeita para o encontro. Quando tomava a chuveirada, sentiu nas pernas alguma coisa melada, como uma baba na panturrilha e, ela odiava baba arg! Inclusive em filmes de terror. Não sabia o motivo de neles, volta e meia aparecerem monstros babões...arg! Que nojo sentia. Lavou as pernas com mais vigor e esqueceu o assunto. 

 

Sobre os cabelos secos, colocou um chapéu de aba larga branco com fita florida em tons pastéis, que combinava bem com a bata creme que vestia, o conjunto todo lhe conferia um visual bem atraente. Ajeitou o chapéu e de novo sentiu algo melado, no alto da copa, olhou e era uma coisa gosmenta esverdeada, feito às gelecas que as crianças gostavam de brincar.

 

Foi até o toilette do restaurante, pois viu que as amigas ainda não haviam chegado e, lavou aquela baba nojenta, sem entender o que era, mas, não pretendia estragar o seu bom humor. Voltou ao varadão coberto do restaurante e, pediu um limonada bem gelada, logo as amigas estariam com ela.

 

Viu de repente uma correria na orla, nem sabia de onde tanta gente vinha, era cedo e quando ela saiu da praia, só tinha uns gatos pingados aqui e ali. Receosa de assalto ou qualquer coisa perigosa, foi pra perto do balcão da gerência, onde parecia que outros clientes também haviam procurado abrigo.

 

Eles viram o céu escurecer em frente ao restaurante, como que uma sombra estivesse tapando o Sol. Então, imensas pernas de algum animal grotesco aparecem, devorando e babando quem pelo seu caminho passasse, foram gritos de pavor e correria pra todo lado. Tentando se esconder nos banheiros e outras áreas internas do lugar, as pessoas se embolavam umas nas outras. Belle só pensava nas amigas, que com certeza estariam lá fora. 

 

Belle arriscou uma espiada pelo basculante do banheiro e, a criatura era praticamente da altura de um prédio de três andares, marrom, quatro patas disformes e  seu focinho por assim dizer, era parecido com um homem, exceto pela bocarra que babava verde abundantemente, onde nacos de pessoas, ainda não deglutidas apareciam...apavorante. 

 

Para seu desespero, Belle ouve os gritos de Esther, a procura com o olhar pelo basculante e, vê o impensável até aquele momento em sua vida.

 

A doce e abnegada Esther traz apertada sobre o peito, a cabeça da amiga Lumah, com os olhos arregalados toda babada. As lágrimas de Belle,  não escorrem ela saltam. A dor destrói sua alma, dentro dela uma batalha se trava, correr para a amiga ou arriscar a ter uma morte terrível. 

 

O bom senso, foi infinitamente menor do que a coragem e o amor pela amiga. Belle sai correndo do restaurante na direção de Esther e a abraça, mantendo a cabeça de Lumah entre as duas. A última coisa que deve ter sentido, foi a nojenta baba esverdeada, cobrindo as duas.

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 28/07/2023
Reeditado em 30/07/2023
Código do texto: T7848301
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.