A lenda da fantasma de Buenos Aires

Uma vida de superlativos, uma história trágica acontece e se torna uma das lendas urbanas mais conhecidas das Américas!

Venha comigo, vamos viajar até a República Argentina, meados do século XVIII, onde vamos conhecer Felicia Antonia Guadalupe Guerrero y Cueto, chamada por todos de Felicitas, filha de um imigrante basco e de uma senhora da alta sociedade de Buenos Aires, ela nasceu em fevereiro de 1846, quando sua mãe tinha 17 anos e seu pai 29, a família era da burguesia argentina.

Aos 15 anos, ela já brilhava nos corredores da alta sociedade, mas como era de costumes naqueles tempos, não demorou para que seu pai arranjasse um casamento para ela.

O noivo era o milionário Martín Gregorio de Álzaga, um “velho” amigo da família, que na época já tinha 60 anos.

O casamento, que foi um importante evento social, contou com a presença da alta sociedade de Buenos Aires.

Segundo a história, mesmo sendo um casamento arranjado, o marido era um admirador da beleza da jovem esposa, que não demorou a se acostumar com a situação e se tornou uma boa esposa, mesmo com a diferença de idade e as viagens constantes do senhor Martín.

Em menos de um anos tiveram um filho, nesceu Félix Francisco Solano.

Felicitas era uma mãe exemplar e amorosa, infelizmente, a epidemia de febre amarela chegou à Argentina em 1869 e, tristemente, o pequeno Félix foi uma das primeiras vítimas, e perdeu a vida quando tinha apenas 6 anos.

A morte devastou o casal, mas, mesmo naquele momento de trevas, surgiu uma luz de esperança, Felicitas estava grávida!

Mas a alegria durou muito pouco, pois seu marido acabou contraindo a mesma doença que havia vitimado Félix e, assim, Martin perdeu a vida em março de 1870, mesma época em que Felicitas deu a luz ao segundo filho, que sobreviveu apenas por uma noite!

Em questão de dias, Felicitas perdeu toda a sua família!

Ela tinha apenas 25 anos.

Mesmo com toda a tristeza e sofrimento, Felicitas era considerada uma das mais belas mulheres do país.

Para se ter uma ideia da beleza da jovem, Guido y Spano, um dos maiores poetas argentinos daquela época, chamou Felicitas de “a mulher mais bonita da República”!

Mas ela não era apenas linda, ela era milionária!

Acabou se tornando a mulher mais cobiçada da terra do tango.

Entre seus numerosos pretendentes estava outro membro da alta sociedade, Enrique Ocampo, que era interessado pela jovem desde sempre, e agora encontrara uma nova oportunidade de se juntar à sua amada.

Ela era gentil e educada, tratava bem a todos, sem dar esperança a ninguém, pois dizia ainda estar de luto.

Felicitas não era, apesar do que podia parecer, uma jovem mimada e boba.

Na sua curta vida, já tinha sofrido o que poucos conseguem aguentar.

A perda de dois filhos, a descoberta de que o marido teve uma companheira no Brasil que deu quatro filhos para ele, tudo isso fez dela uma mulher mais forte do que parecia ser e do que costumavam ser as mulheres naquela época.

Ela era uma mulher de grande carácter não se curvou ante as adversidades.

Decidiu preencher o vazio de sua vida participando ativamente na administração das suas propriedades, que eram muitas, visitava os diferentes empreendimentos, fazendo melhorias e introduzindo inovações.

E foi numa dessas visitas que a vida parecia trazer a jovem uma esperança de felicidade.

Em uma de suas viagens à fazenda "La sobremesa", durante uma tempestade, os cavalos que puxavam a carruagem se assustaram com os trovões e raios. O cocheiro perdeu o controle do veículo.

Naquele momento, surgiu um herói improvável, Samuel Sáenz Valiente, conseguiu fazer com que os cavalos parassem e assim, Felicitas, naquele momento, conheceu o homem por quem se apaixonou prontamente!

Embora educado e refinado, o camponês era muito diferente de seus pretendentes portenhos.

Pouco depois, Felicitas aceitou a proposta de casamento de Samuel.

No dia 29 de janeiro de 1872, o casal organizou uma grande festa, quando seria oficializado o relacionamento dos dois.

Novamente a elite de Buenos Aires se reuniu ao redor de Felicitas, porém dessa vez, ela esbanjava felicidade!

Bem, parece que Felicitas não nasceu para ser feliz por muito tempo… durante a festa, Enrique Ocampo pediu para vê-la a sós.

Felicitas, suspeitando que ele tivesse vindo reclamar do seu noivado com Samuel, não queria aceitar, mas como tinha medo da cena durante a festa, resolveu conversar com ele, e os dois se retiraram.

As pessoas reunidas na casa ouviram uma forte discussão….. seguida de tiros.

Os convidados correram para ver o que estava acontecendo, e encontraram os dois caídos e baleados…

Ocampo já estava sem vida.

Ela lutou até o dia seguinte, mas não aguentou, assim, chegava ao fim a curta e dolorosa vida de uma das mais belas e ricas mulheres argentinas…

Seus pais, em sua memória, mandaram construir a Igreja de Santa Felicitas, que ainda pode ser visitada no coração do bairro de Barracas em Buenos Aires.

Aqui termina a história trágica e começa a lenda.

Desde que foi aberta, muitas pessoas dizem ver o fantasma de Felicitas caminhando e chorando no interior da igreja.

Há relatos até os dias de hoje!

Além das aparições, as jovens noivas seguem um ritual de deixar lenços atados nas cercas da Igreja de Santa Felicitas ao entardecer.

No outro dia, pela manhã, se o lenço estiver molhado de lágrimas, o casamento será abençoado por Felicitas.

A tradição segue viva!

Felicitas Guerrero, uma mulher exuberante durante a vida, se tornou, uma das fantasmas mais famosas da Argentina e, certamente a mais famosa de Buenos Aires.

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Texto e pesquisa realizada por Nilvio Alexandre Fernandes Braga, Eldorado do Sul, 20 de janeiro de 2024.

Fonte:

https://www.ecosdeostende.com/ostende-historia/detalles/felicitas-guerrero.php

https://www.wikiwand.com/eu/Felicitas_Guerrero

https://ancestors.familysearch.org/en/L2HY-1NM/felicia-antonia-guadalupe-guerrero-cueto-1846-1872

https://ancestors.familysearch.org/en/L2HY-1NM/felicia-antonia-guadalupe-guerrero-cueto-1846-1872

https://www.google.com/search?q=igreja+de+santa+felicitas+endere%C3%A7o&sca_esv=599976550&rlz=1C1GCEA_enBR1073BR1073&sxsrf=ACQVn09hHCRy6JwTzKEun32PKo-oOwmcKw%3A1705717475327&ei=4y6rZf7KE7vK5OUPtLqI4Ac&udm=&oq=Igreja+de+Santa+Felicitas+end&gs_lp=Egxnd3Mtd2l6LXNlcnAiHUlncmVqYSBkZSBTYW50YSBGZWxpY2l0YXMgZW5kKgIIADIFECEYoAEyBRAhGKABMgQQIRgVMgQQIRgVSOMsUMYQWNYbcAF4AJABAJgBkgKgAbYGqgEFMC40LjG4AQHIAQD4AQHCAgoQABhHGNYEGLADwgIGEAAYFhge4gMEGAAgQYgGAZAGAw&sclient=gws-wiz-serp

Nilvio Alexandre Fernandes Braga
Enviado por Nilvio Alexandre Fernandes Braga em 20/01/2024
Código do texto: T7980642
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