Senhor da Mata - CLTS 26

Sou um dos responsáveis pelo Asas, um grupo com estilo de escoteiros. Nossa preocupação é desenvolver nossos membros na interação com a natureza, a respeitando; como deveria ser com todos esses coletivos. O Asas foi fundado há quase duas décadas por um biólogo, Demétrio, cuja criação sempre visou tornar os jovens mais íntimos com a vida na terra. Desde sua morte, o grupo é gerido por um seu amigo do tempo da faculdade. A mim e a outro esse escolheu como braços direito e esquerdo. Sou entusiasta de ornitologia, me tornei relativamente conhecido pelas fotos de passarinhos publicadas no jornal local, Mirla é ativista há um tempo, é mais velha do que eu quase dez anos; Gildásio, o atual gestor, achou nosso perfil perfeito e fez o convite. Não é a primeira vez em que participo de algo assim, há uns meses atrás fazia parte do Natureis, grupo semelhante, mas com uma visão bem diferente. Foi formado há dois anos, apenas, pela mente de Nilo, um ex-militar. Com rapidez conseguiu muitos inscritos, ele é professor de educação física numa das escolas mais grandes daqui, então ficou fácil. Minha saída se deu por discordar da perspectiva dele. O próprio nome escolhido já mostra certa soberba frente à natureza, o que Nilo quer é fazer dos seus “discípulos” grandes domadores da selva. Nos dias de hoje, em que certos padrões andam ameaçados, os pais parecem muito contentes em saber poder enfiar os filhos num grupo capaz de torná-los verdadeiros Rambos. Minha função se voltava a ensiná-los a perceber sons da mata e coisa do tipo, como eu fazia para não assustar as aves, porém isso não tem nada a ver comigo: desde quando eu ajudaria crianças a caçarem bichos? Achei tudo de uma insensibilidade, dei adeus depois de discussões muitas com Nilo, ao que, ingenioso que é, quase partiu para cima de mim, eu saindo significava sozinho ele ter de se virar. Posso dizer até ter experimentado ser odiado por alguém pela primeira vez, um rancor enorme ficou depois de diversos “nãos” meus – e também críticas ao método empregado.

Em nossa cidade, as áreas verdes diminuem a cada dia, prejudicando a existência de coletivos de exploração e até as pessoas que meramente curtem alguma trilha nos fins de semana. Todavia, por graça, há bem perto de nós uma ilhota, é um torrão verde cuja distância até o portinho é de quase meio quilômetro. Permaneceu por muito tempo como um baú diante dos nossos olhos, sempre impenetrável, área restrita. Depois que a prefeitura resolveu reconhecer o perímetro, pouco a pouco o acesso ao local aumentou. Foi Gildásio quem deu a ideia de tentarmos algo lá. O problema era: somos um grupo formado majoritariamente por crianças entre 11 a 15 anos – ou seja, o tempo todo temos de passar relatórios ao Conselho Tutelar e aos pais —, além de que, para irmos até a ilha, é necessário autorização de certas instâncias: Bombeiros, Prefeitura, etc. Temos de garantir a integridade dos meninos e também dispor dos equipamentos precisos para primeiros socorros e resgate. Um trabalhão: van, embarcação e tudo o mais. A experiência, tudo posto, ficava limitada a quase uma dezena de participantes, preferencialmente aos mais velhos. Uma burocracia daquelas, mas conseguimos. A primeira vez foi das melhores coisas já vividas: a gente via no rosto deles o encanto, tal como foi conosco. A alegria de perceber ser parte daquilo tudo é bem maior do que a de ser senhor do lugar.

Apesar dos bons momentos, não posso afirmar perfeições, não pelas dificuldades triviais. O tal do NatuReis ganhou muita força, alguns membros deles eram, outrora, dos nossos. De sessenta crianças, perdemos mais de vinte. Éramos muito “chatos”, bom mesmo era o tio Nilo, os uniformes camuflados, a argila na cara, fazer armadilha e ver um tamanduá caindo nela. Lidamos com certos golpes baixos. Não que eu goste de fofocar sobre os outros, mas o que faz um recém passado num exame para sargentos ser expulso no primeiro mês? Apesar disso, parece ser mais escandaloso pormos os garotos para passarem dez minutos em silêncio no meio da floresta, como chamam meditação, porque isso, segundo a boca sei lá de quem, só pode ser invenção de maconheiro de universidade. As coisas, também, desviavam da amistosidade. Da rede de amigos de outras regiões, ouvimos sempre sobre cordialidade e fraternidade entre escoteiros. Quando grupos diferentes se encontram, são tocados trompetes e todos se tratam, eu diria, como colegas de mesma companhia e de longa data. Na nossa cidade, não. Asas e NatuReis nunca se reuniam e, nas escolas, acontecia muito dos filhotes de Nilo fazerem bullying com os nossos, de modo que os relatos fizeram Gildásio reclamar diretamente com o líder, mas... nada além de xingamentos ele ouviu. Dias depois, a casa de Gildásio amanheceu com sua fachada toda suja de tinta e porcarias. Vá entender, nada que eu já não imaginasse.

Pois bem, aconteceu que, dado o último sábado do mês ser o dia para nossa “expedição” até a ilha, tratávamos de organizar toda a documentação e demais coisas necessárias. Lá no portinho, que ficava a alguns quilômetros do centro urbano e era descendo a beira da rodovia estadual, eu e Mirla fomos tratar de combinar as coisas com o condutor do barco, tal foi nossa surpresa ao flagrar um outro, menor, atravessando as águas até lá. E quem mais poderia ser, com aquele fardamento? Puxei assunto, em off, com o outro servidor, ele me disse que era comum: Nilo comprou a lancha e frequentemente fazia essas viagens, de vez em quando com companhia. Não era, de fato, necessária autorização para viagens individuais, problema havia se envolvesse algum menor de idade. Se tratando dele, porém, não duvidei que fizesse isso; mais tarde descobri que cobrava uma taxa para aulas práticas e intensivas na ilha, coisa clandestina. O funcionário era meio lerdo, tinha toda cara de quem não se atentava a certas coisas. Sem prova nem poder, restou a nossa volta.

Gildásio não podia se dedicar inteiramente ao Asas nos últimos dias, por consequência Mirla e eu intensificamos as nossas atividades. Não fossem os pormenores, a experiência beiraria o paraíso. Continuamos perdendo alguns membros, NatuReis ia de porta em porta com “chamados” aos meninos. Os familiares, vendo todos eles em riste, iguais robozinhos, e com Nilo fazendo um discurso moralista sobre como os pais hoje em dia estão cultivando filhos moles que não largam o celular e precisam dos pais para tudo e como isso é prenúncio de futuros folgados, para atenuar a palavra, eram prontamente levados a assinarem o contrato. Que maravilha, não? Poder colocar a responsabilidade da criação dos filhos aos outros, bem melhor que uma companhia a qual exige participação dos pais em muitas atividades – e nem faz eles “brincarem” de marcha-soldado por aí. Não que o moralista seja eu, porém me preocupava com o modelo proposto por Nilo. Eu já ouvira histórias de galinhas ou coelhos sendo mortos durante serviço militar obrigatório, mas uma coisa é um recruta desses beber sangue para simular sobrevivência, outra coisa é um garoto de treze anos fazendo o mesmo. Quando vamos acampar, geralmente um de nós três fica responsável por revistar a área para evitar qualquer inconveniente, e quantas vezes já nos deparamos com restos de animais por aí? Não era coisa de predador, ainda mais quando, no dia anterior, os “reis da mata” fizeram estada.

Se tornou, inclusive, uma coisa bem comum. Eles, na maior das inocências, claro, muitas vezes marcavam suas expedições um dia antes das nossas. Quando chegávamos lá: membros de bichos espalhados. Tirando Gildásio, Mirla e eu, ninguém mais podia portar armas, estiletes ou coisas do tipo, contudo Nilo fazia questão dessas coisas com seus aprendizes. Era completamente diferente, eles não tinham responsabilidade com a vida dos seres vivos, eram reis, superiores. A arrogância, unida à raiva de Nilo contra nós, contaminava-os de modo que, nessas idas às vésperas das nossas, não era à toa essa matança; qual o sentido de pendurar crânios de veados ou de espalhar panos com frases escritas a sangue pelas árvores, senão o de provocar? Esse foi, também, um dos motivos que fizeram nosso grupo diminuir. Imagine uma criança de onze anos vendo esse tipo de coisa? E contando aos pais? Era desvinculada e, semanas depois, aparecia um batalhão na porta de casa com a ladainha sobre os meninos estarem virando maricas.

Tínhamos de driblar essas coisas, então, mudamos os planos, certa vez, se aproveitando de um feriado na quinta feira: não iríamos no sábado e, dessa forma, os outros iriam atanazar na sexta-feira em vão. Tínhamos tudo preparado, os garotos estavam na van e fomos embora, com uma bagagem enorme. A ideia era passar o dia inteiro e voltar pelas dez da noite. Naquele dia, os mais novos iriam pela primeira vez. Um total de sete, cinco meninos e duas meninas. A travessia era rápida, logo estávamos todos arrumando as barracas nas margens da ilha e tentando penetrar o olhar nas densas árvores. Elas eram bem altas e escureciam tudo, davam um ar assustador juntamente à matiz forte do verde. Para caso de emergência, tínhamos sinalizadores e dispositivos de pânico. Nos momentos iniciais, revisamos as nossas diretrizes e aproveitamos para dar alguns conselhos sobre como aproveitar ainda mais o momento. É uma forma de desenvolver a maturidade deles: se tiverem a consciência de que são parte de um corpo vivo, saberão que o melhor a se fazer é criar as condições necessárias para as coisas saírem bem. Desse jeito, com os mais velhos, deu sempre muito certo, mas uma coisa é lidar com crianças, elas acham que estão num parque de diversões e, se não a segurarmos, uma por uma desaparece mato a dentro aos pulos.

Uma das dinâmicas era a de separar-nos em três grupos para um desafio, os integrantes se organizariam em coisas do tipo: i) melhor fotografia de ave; ii) melhor descrição de animal; iii) melhor desenho etc. Foi muito bom, meu grupo conseguiu flagrar um birro; uma menina ficou obcecada no amarelo que rodeava os olhos dele. Teve que viu um “todo carnaval” pintassilgo, também se surpreenderam ao descobrir que quem tocava flauta nas entranhas da ilha era um jaó, gostaram também de piscininhas lodosas cercando algumas embaúbas, também vi desenhos de roxões, imitando um brugo que viram, bonita flor. Era tamanha a conexão com o lugar que nem me toquei de interferências, só quando me tocou a rádio. Gildásio perguntava se ouvimos algum barulho esquisito vindo das bordas da ilha, ao que parecia, como um mûo de boi arrastado além da normalidade. Nada, mas apurei melhor os ouvidos. Quando começou a escurecer, retornamos à beiradinha, lá ensinamos um bom repelente: a gente usava o calor da fogueira para esquentar uma manteiga de copaíba que trouxemos e misturávamos com priprioca colhida na própria ilha; o melhor: não fedia a xarope azedo como os de supermercado.

Tudo caminharia para um dia perfeito, se não fosse um futum de fumaça e, quando percebemos, um clarão matando o escuro da floresta. Gildásio ficou com as crianças, eu e Mirla fomos averiguar. A distância era de uns dez minutos, porém na metade do percurso já vimos que era um princípio de incêndio. Havia um toco cravado no centro de uma clareira e queimava algo em seu topo. Ao redor, cinzas. Por muita sorte o fogo não se espalhou. Jogamos água dos cantis para diminuir o prejuízo, depois ligamos as lanternas e nos deparamos, o toco, com uma cabeça estreita e de fronte puxada cuja pele derretia lentamente. Foi horrível, ainda mais sabendo que, se nenhum dos três grupos tomou conhecimento disso, era coisa feita há pouco tempo. Para piorar, havia as crianças. Estávamos presos com vários menores de idade enquanto um louco tentava nos assombrar. Por burrice mesmo, deixamos os aparelhos de rádio numa das mochilas quando ajeitávamos as coisas para a noite. O correto seria avisar a Gildásio que disparasse um sinalizador o mais rápido possível. Antes de voltarmos, flagrei algo nos espreitando em meio aos arbustos. Mesmo com poucos predadores registrados na ilha, inclusive pouco perigosos para seres humanos, a coisa não deixou de ser tensa: foram dois globos oculares, tenho certeza, e de média estatura, rebrilhando nas penumbras. Poderia simplesmente cogitar ser algum macaco, entretanto o ser correu com firmeza quando eu o notei.

Fiquei num breve impasse: se retornássemos os dois, nos seguiriam e seria descoberta a nossa reunião, podendo haver algum confronto direto. O que fiz foi dizer para Mirla ir e alertar Gildásio, como deveria ser feito, enquanto eu tentaria identificar o malfeitor. Tentamos bancar o herói nas horas mais inoportunas. Ela, não sei porque, assentiu. Aos poucos, sua imagem sumiu entre os troncos. Restou eu e o crânio que já mostrava os ossos, com o bafo quente e de sufoco. Por um período, estaquei ali, drede, em confusões, ao que soporei, pressão baixa, talvez, suor frio, sensação comum da minha infância. Me vencia era uma quase neblina, quem sabe me fizera mal a fumação, eu notava era mesmo brancuras de vapor ao meu redor, visagem delirosa?, eu podia até cair, me empurravam pela cabeça. Quando mal pensei, uma voz forte me invadiu:

— Você quer ser como eu? – era voz de lama – O senhor da selva me fez assim. Assim ele também te fará como eu. Caia e se entregue ao chão, a mim todo o corpo arrastaram, deixaram somente a cabeça. A tua cara vai derreter toda também. O rei e seus súditos gostam de sangue. Eles vão beber o seu também.

Tudo ao alcance da minha visão chafurdava como minhocas, então voltei-me para o lugar de onde partiu a voz, quando, dele, um guincho espetou minha consciência com tanta força que cheguei a cair. Ainda fumegava o crânio. Quando me situei, porém, notei duas silhuetas bem próximas, esguias e pequenas, de corpo cinzento, e apontavam contra mim lanças. Não tive muito pensamento, joguei um punhado de terra contra um deles e corri sem rumo. Na minha fuga senti algumas coisas me espetarem, o que não me espantou de imediato; espinhos há bastante nesses lugares, quando consegui alguma grota na qual tomei por refúgio, todavia, vi: eram pequenos pregos, diferentes. Diabos, me venceu certa cogitação: eram de caça, tinham sonífero, provavelmente. Donde estava era possível ver as águas, contudo não se via terra do outro lado, indicando ser a outra metade da ilha. Firmei melhor a vista e percebi um borrão em balanço vago numa das beiradas: era uma lancha. Ainda por surpresa, um fogaréu tomou figura e começou a devorar um troço disforme, mais para o redondo. Da claridão eu vi as silhuetas: era um homem. Minutos depois surgiram dois, menores, os mesmos que me cercaram. Uma discussão: “— Idiotas! Como deixaram fugir?” A voz de Nilo, a que eu conheci das raivas. Nenhum pedido de desculpas, apenas um tapa forte em cada um. Ele gritava: “— Vocês não sabem fazer porra nenhuma! Não foram capazes nem de pegar o porco, quem matou fui eu! Imbecis! Agora teremos de partir para o plano B.”

Uma dor de cabeça borrava minhas ideias, porém apenas figurava tronco velho de firmeza: impedir aqueles três. Não havia outra clareza: queriam nossa atenção com o fogo e fariam um sequestro. Das intenções motivadoras eu escapo, mas seria bom mesmo o grupo concorrente cair num escândalo de caos... ou, ainda, ter em mãos alguém que odeia. Sentia um formigamento, tirei a camiseta e tive noção do que me ocorrera. Nos meus braços e flancos ainda havia ainda alguns pregos cravejados, e fios de sangue tingiam minha pele. Eles se prepararam para se infiltrar na mata novamente, provavelmente iriam confrontar meu grupo. Fui antes. A ideia era se embrenhar nos capins altos e atrasá-los com sustos ou coisa do tipo. Inseteava quanto mais aumentavam os ruídos, eles vinham todos juntos. Joguei um pouco de álcool no chão e com isqueiro fiz demonice, depois tomei mais distância. Funcionou, eles tentaram entender de onde tinha surgido aquilo; fantasmas, um dos pirralhos disse: “é o espírito do porco, é o espírito do porco!”. O mesmo que me despertou. Pelos cálculos, uns duzentos ou trezentos metros nos separavam dos outros, e nenhum sinal ainda.

Lancei contra eles gravetos e pedras, de várias direções, sendo sombra sem corpo, correndo, descalço, de lado a lado, e o artodôo de gemidos sibilantes, de uma ou outra ave que conhecia o canto e que, nas minhas condições, ganharam um tom ainda mais medonho, quase o chamado vindo dos mortos. Dava para ver os dois serem os responsáveis pelo atraso maior, porque Nilo o tempo todo os xingava por causa do medo deles e os puxava pelo braço, obrigando o mais medroso a ir na frente, como castigo. Assim continuamos até certo enfado, quando Nilo resolveu ignorar os meus produzidos eventos e, também, esgotei ao ponto de nada mais digno poder fazer. Imaginei se seria melhor me entregar a fim de evitar tragédias. De certo não sofreria excessos maiores, porém a lembrança dum corpo em quase explosão, enquanto saía da boca palavras de fera contra minha própria existência, me devolveram um juízo que teimava em parar no lugar. A lida, ali, era contra alguém cujos impulsos não se insubordinariam. Arrastou os dois consigo e acelerou o passo, ultrapassando a minha posição sem me notar. Minha imaginação traíra oportunidade, tive de correr em quase rastejos ao rastro dos dois, pensando poder, ao menos, pegá-los de surpresa na hora do confronto, fosse lá o que eles planejavam.

Quando vi o tracejo do céu crescendo e o chão areiar, Nilo e os dois meninos estavam diante do grupo, que os encarava de volta. Foi estranheza, apenas o murmuro vindo das águas, a única imagem movente, nem mesmo minha respiração ruidava – eu, certo, era um outro silêncio, o calar cadente —, e havia era outro brilho, oriundo das mãos da estátua diante de mim. Dessombra, se ergueu, alterioso, uma estrela vermelha pelos céus. Ali não havia rostos, todos estáticos, esperando um ser do outro; a frustração frente o alívio? Porém, em certezas, demoraria para chegar além-ajuda, tempo suficiente para estragos, para plantar loucura. Já haviam me percebido do outro lado, mas eu ainda era uma sombra desconhecida, de corpo banhado à lua e algum sangue com sujeiras, puro da terra: eu estava para ataque, posição, agachado e atento o olhar, já revirado da calmaria, procurando fome – o espírito de um porco faminto frente à lavagem. Pulei contra Nilo, começando por sua mão, lhe tomando a faca, e derrubando. Mãos não, usei os dentes, cravando contra sua nuca, seus ombros, toda essa parte de cima, enquanto mantinha o equilíbrio entre solavancos e uma espetada atrás da outra de cada lado meu. Fui erguido ainda colado às costas de Nilo, meu peso para ele não era grande fardo, e foi o tempo que Mirla e Gildásio interferiram a continuidade da justiça. A última imagem foi a do céu virar um vermelho inteiro.

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Temas: Ilhas e espíritos vingativos

Hora da historinha (que você pode simplesmente ignorar, não faz parte do conto):

Sem dúvida, a edição mais difícil que já participei. Foram cinco contos, três não me davam segurança. Quando cheguei à quarta tentativa, com uma fluidez muito tranquila [uma estorinha curta, 1500 palavras {ao que adicionei outro texto no mesmo conto}], apesar de minha predileção, senti certa insegurança acerca do terror, ou a falta dele, daí surgiu este último conto, publicado, o qual tenho diversas questões. Tive um impasse: publicar este ou aquele conto? Pois bem, a escolha por este se deu seguindo certos conselhos do concurso passado e também por considerar fatores de recepção; isso significa o conto que vocês acabaram de ler levar consigo uma pressão partida de mim mesmo, a qual servirá para constatar certas questões pessoais. Observarei as críticas, provavelmente algumas irão coincidir com as minhas.

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E sim: há uma referência/inspiração.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 03/02/2024
Reeditado em 09/02/2024
Código do texto: T7991369
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