O ESCRITOR CLTS 26

Grupo whatsapp 3ºD

Aline 21:30

Gente, alguém tem notícia de Sebastião?

Fernando 21:32

Rapaz, desde a semana passada que não falo com ele...

Mika 21:32

Mandei mensagem para ele dia hoje, mas a net tá desligada.

Aline 21:35

Tô preocupada com ele. Ele nunca ficou tanto tempo sem falar comigo.

Aline 21:35

e estou com um pressentimento ruim... sei não. Vou lá. Alguém sabe o endereço dele?

Well 21:37

De Tião? Aquilo é um nômade. Para o facho em lugar nenhum não. A última vez que eu falei com ele tava em São Luís.

Aline 21:37

Obrigada, Well, mas ele já está aqui, já. Só não me contou onde.

Mensagem no privado

Nathy 21:40

Aline, tudo bem? Conseguisse o endereço de Sebastião?

Aline 21:44

Oi Nathy. Sim, consegui. Um amigo dele da universidade me passou a localização. Amanhã vou comprar passagem para ir visitá-lo.

Nathy 21:44

Então, eu vou com você, posso?

Aline 21:45

Está bem. Amanhã a gente se fala melhor.

Aline para Sebastião 22:00

Sebastião, amanhã eu e Nathy vamos viajar para aí. Estamos preocupadas com você. Todo mundo está. Você não dá notícias há mais de sete dias. Vamos sair à noite, chegamos na quinta de manhã. Nos espere!

No dia seguinte pela manhã.

Aline para Nathy 10:00

Amiga, vamos à noite no ônibus das 23 h, viu?!

Nathy 10:01

Certinho amiga. Oito horas de viagem, né?

Aline 10:01

É, visse. É bem nas brenhas do interior.

Nathy 10:01

Tranquilo. Vai dá tudo certo.

Aline 10:05

Mandei mensagem para ele ontem e nem chegou ainda...

Nathy 10:07

É... Também mandei. A net só pode está desligada. Mas, mesmo que ele recebesse a mensagem não era garantia que ele a respondesse...

Aline 10:07

E o pior que nem dá para ligar para ele. Ele não tem chip.

Nathy 10:08

Se ele queria se isolar conseguiu, viu. E a mãe dele e irmãos?

Nathy 10:15

Nunca ouvi falar que ele tivesse família. Se lembra que na escola ele nunca falava de família. Era o isoladão.

Aline 10:17

Lembro. Sei nem como ele ficou amigo da gente.

Aline 10:17

Amiga, vou cuidar aqui com as coisas. À noite a gente se encontra. Xau.

Nathy 10:20

Xau.

À noite.

—Nathy!

— Oi Aline.

— Vamos logo. Estamos em cima da hora.

— Desculpa, o Uber não estava aceitando...

— Vamos, cadeiras 11 e 12.

— Se quiser ir na janela. Eu não ligo.

— Por mim, tudo bem — disse Nathy.

— É... Vamos enfrentar agora 8 horas de estrada. Dá para tirar uma soneca.

— Alguma resposta de Sebastião?

—Nada. — disse Aline — Liguei para a universidade para ver se tinha alguma informação, mas lá a menina era novata e não conhecia nenhum Sebastião Sudário.

— Caramba, sério. Faz quanto tempo que ele está lá? Seis meses? E ninguém conhece ele?

— É, pelo jeito ninguém o conhece. — fala Aline.

— Mas, por que te deu vontade de ir visitar ele agora?

— É estranho, mas eu tive meio que um sonho com ele. Ele me pedia ajuda...

— Ele disse que algo o estava perseguindo? — pergunta Nathy.

— Disse. Como é que tu sabes?

— Eu tive o mesmo sonho. Era como um pedido de socorro...

—No meu sonho ele estava sentado na...

— Cama. — Completa Nathy.

— Isso. E com as mãos banhadas em sangue. Esse sonho me incomodou muito. Foi o que me fez querer ir vê-lo.

— Exatamente o mesmo sonho que tive.

— Coincidência? Pergunta Aline.

— Vamos saber amanhã.

Quinta às 7 h da manhã.

— Vamos pegar um taxi.— Disse Aline— Moço, quanto é ir para o bairro Gato Preto?

— Vinte reais, vai?

— Vamos sim!

— Qual a rua? Pergunta o motorista.

— É nas Três ruas, número 19— Fala Aline.

— É a casa de Sebastião? São amigas dele?— fala o motorista surpreso.

— É, Sebastião. O senhor conhece ele?

— Ele é conhecido demais aqui na cidade...

— Conhecido em que sentido?— Pergunta Aline tentando entender se estavam falando do mesmo Sebastião.

— Ele é escritor, né? Metido a poeta e a jornalista.

— É? —Perguntam Aline e Nathy ao mesmo tempo olhando uma para a outra.

— Mas, desde que ele escreveu uma história sobre a traição da mulher do juiz com o padre e o pastor... Ninguém mais viu ele— Contou o motorista.

— E isso foi quando?— Indaga Aline.

— Olha, moça, faz uns sete dias já, mais ou menos quando a mulher do juiz foi enterrada. Pronto. Chegamos na casa dele.

— Enterrada?— Perguntou Nathy.

— É, ela morreu... Ninguém sabe como. Parece que teve uma briga na casa do Dr Manoel..., Mas, quem sabe da história completa é Sebastião que contou até os detalhes...

— Obrigada, moço. Fiz a transferência da corrida por Pix, viu... — Disse Aline mostrando no celular o comprovante da transação.

— Aqui é a casa. Aparentemente está fechada.

— Mas, o portão está sem cadeado, olha.

— E Vamos assim entrando?

— Tem outra ideia?— Diz Aline já entrando.

— Nossa, não sabia que Sebastião gostava tanto de gatos...

— Nem eu. Tudo bem que o bairro se chama Gato Preto, mas parece que despejaram todos os gatos da cidade aqui... — Fala Aline — Passando longe deles... Estão comendo... Vai que nos atacam... E mordida de gato é triste...

— Nunca vi gatos mais feios, mulher... Sujos e imundos...— Completa Nathy — E agora?

— Vamos chamar, né?

— Sebastião! Ôh, Sebastião!

— A janela está aberta.

— E?

— Se a porta está fechada sempre se abre uma janela... — Disse Nathy rindo— Vamos entrar por ela.

— Vamos, né!? Não tem outra opção.

— Cuidado! — Se preocupa Nathy.

— Nossa. Parece que aqui dentro tem mais gatos do que do lado de fora...

— E que fedor de coisa podre! Credo! Acende a luz, Aline, por favor!

— Parece que estão queimadas... Como é que Sebastião mora aqui, mulher? Isso parece abandonado há bastante tempo.

— Menina, faz bem mais de uma semana que ninguém passa por aqui, viu...

— Cuidado para os gatos não te morderem.... E essa ruma de papéis? — Aline pega umas folhas sujas com algo rascunhando comido pelos gatos.

— Aline, olha isso! Sebastião está escrevendo algo... Só que nas paredes...

— Bem a cara dele essa esquisitice, mas cadê ele que não está aqui?

— Olha— Fala Nathy apontando para o chão—Parece uma poça de sangue. Como no meu sonho. Ele estava sentado bem aqui...

— Amiga, eu acho que sei para que ele usou o sangue. Foi para escrever nas paredes, olha! Isso foi feito com sangue. — Comenta Aline.

— Mulher, o que ele está acontecendo com nosso amigo?

— Liga a lanterna do teu celular para gente tentar ler o que ele escreveu.

Dia 07/01

Eu errei. Eu errei ao julgar o meu próximo. E agora pago pelo meu erro. A mulher era santa e pura. Um ser superior. "Eu confesso por minha culpa, minha tão grande culpa a Deus e a vós irmãos que pequei" espalhando mentiras sobre um anjo. E nada do que eu fizer poderá retroceder o tempo e corrigir meus atos. Deus me perdoe! Não leve em conta essa minha falta.

Dia 08/1

Vejo o anjo da morte diante de mim. A sua foice afiada, sem brilho pelo sangue que jorrou de outros condenados. O meu sangue é seu alimento. Os filhos da morte comem a minha carne. Eles se multiplicam sobre mim e os vermes, os meus amigos vermes me mostram toda a verdade da vida: me chamam de mentiroso e de caluniador. Decepo a minha mão esquerda hoje para não mais apontar meus dedos imundos para meu próximo.

Dia 09/01

Hoje a morte foi embora. Conversei com o puro anjo. Ela me disse que talvez eu pudesse ser salvo. Tenho que me mostrar arrependido. E a minha anjinha me pede uma prova. A prova que dou é esta. Arranco o meu olho direito que me fez pecar. Ela me pede o que Jesus ensinou. As escrituras nunca me foram tão claras.

— Aline, mas o que é isso que Sebastião escreveu?

— Nathy, não sei. Parece que nosso amigo não está bem...

Dia 10/01

A minha anjinha hoje me visitou novamente. Sinto dores, mas a sua presença me alivia como um bálsamo. É pura luz. Não sei como sou digno de ter a sua presença diante de mim... Me pediu outra prova de meu amor. Eu ofereço ao meu anjo quatro dedos da minha mão direita. Prometo nunca mais ofender o meu próximo escrevendo uma vírgula que ofenda um amado irmão. Nasci de novo, eu juro! Sou nova criatura batizado com o meu sangue por minha anjinha da paz.

Dia 11/01

Hoje eu canto porque minha redenção está chegando. Sou uma nova criatura. Repensei minha vida e aprendi a crescer com minhas falhas. Desejo isso a todas as pessoas do mundo. Minha anja da guarda hoje me disse que falta pouco para minha libertação. A dor não existe quando se deseja algo puro. O maligno rasga-me a minha podre carne. Mas eu canto. A paz mora em mim.

Dia 12/01

Que paz eu sinto em minha alma. Que gozo e regozijo eu sinto. É como um rio correndo. É como uma brisa gostosa. Não me importa a dor e os vermes. Hoje meu anjo me falou que está próximo a minha libertação. Com uma faca expus minhas entranhas. Moscas me cobrem como um lençol. Sinto que sou amado por meu bom anjo que nunca me abandona.

Dia 13/01

Minha anjo da guarda que tanto amor me deu, me enganou. Aline, Nathy socor...

— Aline, o que vamos fazer?

— Sair daqui, e logo! Vamos!

TEMA: ESPÍRITO VINGATIVO

Dom Sebastião Libertador
Enviado por Dom Sebastião Libertador em 06/02/2024
Reeditado em 15/03/2024
Código do texto: T7993456
Classificação de conteúdo: seguro
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