A Lenda Da Ilha Yakecan CLTS 26

No vasto campo da Arqueologia, ouvem-se muitas lendas e folclores sobre vários lugares, e a tão famosa Ilha de Yakecan é conhecida por não ser apenas banhada por água, mas também pela terrível história que conta sobre a morte de seu antigo Rei, o qual fora assassinado injusta e traiçoeiramente, devido à sua grande riqueza. Ninguém sabe o que essa ilha esconde desde então, pois muitos arqueólogos e curiosos que ousaram explorá-la, nunca retornaram para contar o que viram.

Um trio de aventureiros e conhecedores da lenda do grande Iceberg de Areia, conhecida assim por seus grandes mistérios, e a rapidez com a qual se move pelos oceanos, tornando-a ainda mais dificil de ser encontrada, junto à falta de informações esclarecedoras sobre a mesma, o trio resolve explorá-la.

- Ilha Yakecan, o que você esconde? – Sussurrou consigo mesmo Jeffrey, líder e pesquisador da equipe, olhando intrigado a encosta da ilha enquanto se aproximavam.

O grupo desembarcou após uma longa viagem de barco com um velho homem, encarregado de levar pesquisadores até a ilha, e Liza, a perita em situações de sobrevivência, após o observar brevemente, o questiona:

- Com licença, se o senhor é apenas o piloto deste veleiro, por que carrega um rifle consigo?

Fitando-a de cima a baixo, e sem responder-lhe a pergunta, ele disse com um ar de mistério e temor:

- Cuidado, viajantes! As pessoas que eu já trouxe aqui, nunca mais entraram em contato para retorno.

- Ah, obrigado por nos encorajar, valeu! – Respondeu Liam, o geólogo do trio, num tom sarcástico.

Rapidamente o homem deixou o local em seu barco, e quando os três voltaram-se para vislumbrar a costa, se depararam com o que parecia uma miragem, a vista era linda, tranquila e mágica, a areia era macia, as árvores belas, o aroma de alecrim.

- Isso... Isso é magia! – Afirmou Liam, eufórico com a beleza exuberante da ilha.

Os três adentraram a floresta, temendo por perigos, mas encorajados pela lenda. Após certo tempo de trilha, vendo que logo escureceria, o grupo decide acampar em um local seguro, por indicação de Liza, fazendo uma fogueira e comendo alguns cereais, sementes, frutinhas e insetos.

Na manhã seguinte, Jeffrey acordou primeiro e despertou seus colegas, para retomarem a trilha. Todos recolheram suas coisas, desmontando seu acampamento, e seguiram viagem, até que a mata começou a ficar mais densa, e Liza passou a utilizar seu facão para abrir caminho, e então, sem que esperasse, sua mão passou sobre as folhas e atravessou algum campo de proteção fazendo-a ficar invisível.

- Gente? – Sussurrou Liza, em desespero.

- O que foi? Chegamos a algum lugar? – Disse Liam, muito exausto. – Diz que sim, vai...

- Olhem! Minha mão... tá invisível!

- Para de graça, Liza! - Liam se aproxima - A MÃO DELA TÁ INVISÍVEL! – Grita ele, exasperado.

Jeffrey decide seguir adiante, aproximando-se da fenda do desconhecido, que se abriu à sua frente, e o grupo o acompanha, sem dizer uma palavra, o temor e a curiosidade tomando conta de seus corpos.

O enigma do grande Iceberg de Areia parecia estar querendo se revelar à frente de seus olhos, através da verdadeira paisagem da ilha, com uma fenda que não possibilitava ver muito o outro lado. Havia uma enorme estrutura, com quilômetros de altura, que se destacava sob a bela vegetação, feita de um material nunca visto antes, com brilhos em toda a sua forma, a possível riqueza de Yakecan.

- Extraordinário, meus anos como geólogo realmente valeram a pena! – Exclamou Liam, com os olhos marejando em alegria, Liza, sem conseguir esconder a satisfação, o responde:

- Ah, não vai chorar não, precisamos registrar tudo isso! – Enquanto se virava para pegar o material de filmagem na mochila, indagou os meninos. – Talvez esse seja o tesouro da lenda, algum palpite sobre o que seja esse material?

- Esse material é literalmente a mais nova descoberta da história da humanidade, eu não sei o que é.. Mas com certeza, isso é tecnologia avançada! – Conforme Liam foi se aproximando, a enigmática descoberta tomava um novo comportamento. Subitamente, a estrutura se parte ao meio, causando um barulho estrondoso.

- Liam, seu imbecil, SAI DAÍ! - Jeffrey gritou, temendo pela segurança do amigo.

A fenda então se rasga, no centro da figura colossal, fazendo o lindo ambiente revelar sua verdadeira face. O lugar, que fedia a morte, com diversos corpos e ossadas espalhados pelo chão, substituiu as belas vegetações. O monumento brilhava mais forte do que antes, e da fenda era possível ver, o que pareciam ser espíritos indígenas, correndo para guerrear e proteger o que sobrou de sua história.

- Eu só queria ver mais de perto, mas já entendi que não posso.

- O que esse lugar virou; vamos vocês dois, temos que sair daqui agora!! – Liza, aterrorizada, corre de volta para a floresta e se choca com uma parede invisível.

Jeffrey ficou paralisado, olhando os guerreiros se aproximando, dentre os quais, um se destacava, todos apresentavam um padrão de forma, porém aquele revelava seu cocal diferente, um cocal tecnológico e ele também parecia estar vivo. Os outros espíritos ficaram em formação de modo a proteger a frente da ordem brilhosa, enquanto este, que parecia seu líder, aproximava-se dos aventureiros.

- Qualquer um que queira partilhar de suas ideias, morrerá! - O trio ficou confuso com essa frase, mas o indígena continuava vindo ferozmente, deixando mais perceptível que este não estava morto como os demais.

- Ei ei, calma! Somos um grupo de pesquisadores, viemos apenas confirmar a lenda e zarpar de suas terras!

- Olhe a sua volta – Disse o líder calmamente, já parado em frente ao exército, olhando para o trio com desdém - Todos deram uma desculpa, e tiveram o mesmo destino, ninguém zarpa desta ilha. - O cocal brilhava em conjunto com os espíritos, os guerreiros pareciam se comunicar desta forma.

Aproveitando que Liza estava desprevenida e desnorteada, 2 espíritos a surpreenderam, agarraram-na e a levaram na direção da abertura. Logo que Liam percebe, grita para eles – EI, SOLTEM ELA! – E então corre, partindo para cima de um dos espíritos, que rapidamente o nocauteia, jogando o rapaz para longe.

Ao atravessar a passagem, Liza se deparou com um lugar místico e enigmático, e muito perturbador ao mesmo tempo, onde vozes clamavam por socorro e imploravam piedade. Diante deste cenário um ser se sobressai, um gigantesco cocal sobre sua cabeça, e seu corpo era maior que qualquer humano na Terra, o ser virou-se para ela, arremessando um corpo que estava sobre seu colo.

- Me alimentarei de sua alma, e apagarei tudo de sua memória! - Seu cocal brilhou fortemente e o olhar desesperado de Liza tornou-se um olhar neutro e vazio - Venha minha jovem, acabemos logo com isso! – Disse a figura, com um sorriso bizarro sob a face.

- O que fizeram com ela? - O silêncio sendo sua resposta - O QUE FIZERAM COM ELA? – Nesse instante, foi arremessado da fenda, o corpo seco e sem vida de Liza, em direção da dupla. O olhar de aflição do geólogo veio acompanhado de um grito:

- DESGRAÇADO! - Liam tentou golpear os indígenas antes de seu corpo ser brutalmente perfurado pelas flechas dos guerreiros.

- Ninguém zarpa desta terra! – Dessa vez, gritou o homem, voltando-se para o último sobrevivente.

- Espera, espera! - Jeffrey suplicou, sabia que sua morte era inevitável, mas antes de morrer queria alguma explicação - Por que mantém segredo dessas terras?

- Deixe-me dizer a este verme o que ele quer saber. – O Rei Yakecan atravessou a fenda e todos os guerreiros o reverenciaram – Antigamente, confiamos nos povos de vocês, e fomos apunhalados pelas costas, devido ao nosso grande avanço tecnológico, eles nos mataram. Então, qualquer ser humano que pise nesta ilha, nunca mais voltará ao seu lar!

- Então, todos vocês estão mortos? - O arqueólogo estava muito confuso, e olhava para o homem de semblante vívido, o qual julgara ser o líder daqueles espíritos. Voltando-se para Jeffrey, Yakecan pronunciou:

- Não é óbvio, seu tolo? Essa grande tecnologia mantém nossos espíritos vivos, Jurupari foi o único de nós que sobreviveu e acionou nossa invenção para que ficássemos presos a este plano terreno! - Falou, com os braços abertos, mostrando ao seu redor, em tom de superioridade, voltou-se então para Jeffrey - Você, pequeno e desprezável humano, lhe pouparei para que dê um recado ao seu povo... Se alguém ousar pisar em nossa ilha novamente, levantaremos nossa ira contra todas as nações! - Apesar de buscar vingança, o espirito do grande Yakecan parecia não querer cometer o mesmo erro dos invasores que os mataram, deixando que Jeffrey saísse vivo.

- Ah, obrigado por ter poupado minha vida, serei grato, eternamente grato Yakecan! – Disse o pesquisador, feliz por poder sair dessa experiência, sem nem pensar mais nos amigos que havia perdido.

- Ei! - Jurupari grita e Jeffrey olha para trás, sua visão fica embaçada e instantaneamente perde os sentidos, sua cabeça rola de seu pescoço e seu corpo cai mole no chão, a lâmina do indígena pingava o sangue do arqueólogo, enquanto o Rei Yakecan sorria maleficamente, o indígena grita novamente:

- Ninguém... Zarpa... Dessa... Terra!

Temas escolhidos: Ilha, espíritos vingativos e amazofuturista.

Faminto por ficção
Enviado por Faminto por ficção em 07/02/2024
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