A Pata de macaco

1910, uma escavação arqueológica no Iraque encontra uma arca feita de ouro maciço, o líder da escavação avalia aquele objeto por alguns segundos, enquanto alguns escavadores correm para uma barraca, avisar alguém do achado.

Naquela noite o professor Combs examinava a fechadura, com cuidado ele introduz um arame na fechadura, com alguns movimentos a caixa é aberta. Ele a coloca sobre a mesa, olhando seu conteúdo: uma pata de macaco embalsamada, com seus cinco dedos fechados, quase cravados na carne, intrigado o professor segura a pata de macaco, seus dedos se esticam, a palma da mão fica aberta.

No lado de fora da tenda os trabalhadores ouvem os gritos do professor Combs, eles cessam pouco antes dos trabalhadores invadirem a tenda, todos ficam aterrorizados com a cena, a pata de macaco estava caído no chão com de seus dedos curvados.

Nos dias atuais o lingüista Mark estava na frente da linda Danielle, secretária pessoal Jennifer, sua amiga antropóloga, ao perceber que Danielle estava tímida com os olhares de Mark ele sorri, o telefone toca, Danielle agradece em silêncio, atendendo o telefone, Mark olha em volta, buscando alguma coisa para fazer.

Danielle: Sr. Mark?

Mark: Sim?

Danielle: Ela já vai atende-lo.

Assim que entra na sala de Jennifer Mark olha para cima suspirando “que gostosa”, quando percebe Jennifer segurando o riso, Mark se recompõe.

Jennifer: Sinto lhe informar que ela é noiva.

Mark: Quem?

Jennifer: Você sabe quem, Mark você não é o primeiro e não será o ultimo a ficar assim por ela.

Mark: Você a contratou em alguma agência de modelos?

Jennifer: Mulheres bonitas existem fora das agências.

O lingüista circula a sala de sua colega sentando-se numa cadeira, onde vê uma foto antiga dos dois na faculdade.

Mark: Estamos ficando velhos.

Jennifer: Isso não é coisa que se diga a uma mulher.

Mark (sorrindo): Vai ver é por isso que eu estou solteiro.

Jennifer: Você nunca se casou por que é mais inteligente que eu.

A antropóloga senta-se em sua cadeira, atrás de uma mesa de mármore apontando para uma arca de ouro aberta, Mark arregala os olhos intrigados, com uma permissão silenciosa ele segura a arca em sua mãos, ficando com nojo de seu conteúdo, uma pata de macaco.

Mark: Eu não conhecia esse seu lado.

Jennifer: Isso foi encontrado no Iraque por alguns soldados, inicialmente um deles tentou guardar a arca para si, parece que houveram alguns incidentes estranhos, no final a urna veio em minhas mãos.

Mark: “Incidentes estranhos”? o país está em guerra, o que eles esperavam?

Jennifer: Esqueça isso, eu mostrei a urna para um amigo meu, professor de mitologia, ele disse que a pata de macaco é uma relíquia “mágica” que concede cinco desejos a quem possuí-la.

Mark: Por que não seis desejos?

Jennifer: Um desejo para cada dedo, ao final dos cinco desejos a pata torna-se inútil para seu portador, porém outra pessoa poderá pedir por novos desejos.

Mark: Você já tentou?

Jennifer: Essa é uma conversa séria.

Mark: Eu estou falando sério.

Jennifer: Ao que parece cada desejo acarreta uma terrível maldição.

Mark: Foi por isso que não desejou?

Jennifer: Eu sou uma cientista, foi por isso que não desejei nada.

Mark: Então eu posso tentar?

Ele segura a pata de macaco com sua mão direita, enquanto sorri, Jennifer não demonstra nenhuma expressão, os dois começam a rir.

Jennifer: Eu acho que sei o que você deseja.

Ela pega o telefone, chamando Danielle, Mark guarda a pata de macaco no baú fechando-o, ela sorri, dizendo que já é sua amiga há muitos anos, Danielle entra no escritório.

Jennifer: Danielle registre que eu estou entregando o baú encontrado no Iraque e seu conteúdo para o Dr. Mark analisa-lo.

Danielle: Muito bem.

Naquela noite Mark estava deitado em sua cama, trocando de canais com o controle remoto, com o canto de seu olho ele vislumbra a pata de macaco apoiada em um criado-mudo, cercada por livros abertos, o baú estava fechado, ao lado de um pedaço de papel com alguma coisa escrita, Mark desiste da televisão, deixando em um canal qualquer, a imagem de Danielle vem a sua mente, ele segura a pata de macaco em suas mãos.

Mark: Noiva...

A imagem de Danielle beijando outro homem vem a sua mente, ele tenta desviar seus pensamentos, Danielle e outro homem deitam na cama, ele começa a tirar a roupa da secretária.

Mark: Merda.

Ele atira a pata de macaco na parede, com o controle remoto Mark muda para o canal pornográfico, em seguida fica de pé, procurando pela relíquia, desejando que essa não tivesse quebrada, logo ele a encontra, ficando aliviado, a pata estava intacta.

Mark: Tudo por culpa dela, bem que você poderia estar solteira Danielle.

Um dos dedos da pata se fecha lentamente, Mark não sabe o que fazer, ele fica apavorado.

Ao mesmo tempo, em outro lado da cidade Danielle cavalgava sobre seu noivo, ela estica seu corpo, abrindo os braços, ressaltando seus seios, chegando ao orgasmo ela deita-se sobre ele, os dois se beijam.

Danielle: Eu preciso ir ao banheiro.

Ela levanta-se enquanto o noivo vira na cama, no banheiro Danielle encontra uma tesoura, segurando-a firmemente ela volta para a cama, onde seu noiva a esperava.

Noivo: Já está de volta? Me de mais um minuto tudo bem?

Ela senta-se sobre ele, rindo o noivo se vira, Danielle crava a tesoura em seu pescoço, ela o atinge repetidas vezes.

Na manhã seguinte Mark acorda assustado, seu pijama estava ensopado de suor, o telefone toca assustando-o mais uma vez, ainda nervoso ele atende, mas fica mudo, um dos dedos da pata de macaco estava dobrado, diferenciando-se dos outros quatro dedos, ao fundo ele ouve a voz de Jennifer.

Jennifer: você está ai...?

Mark: Sim, mas ainda não decifrei os escritos da urna.

Jennifer: Tudo bem, é que...

Mark: O que?

Jennifer: Lembra-se de Danielle?

Mark (rindo): Mas claro que sim.

Jennifer: Ela foi presa ontem a noite, alguns vizinhos ouviram um barulho e chamaram a polícia, ela matou seu noivo com 23 golpes de tesoura.

Mark larga o telefone, olhando assustado para a pata de macaco, Jennifer ficava chamando por ele, mas sem resposta, Mark abre todos os seus livros sobre a cama, enquanto lê as inscrições cravadas na arca em árabe antigo.

Após algumas horas de pesquisa ele já estava cansado, Mark liga a televisão enquanto prepara-se para uma ultima revisão, ele finalmente decifrara as inscrições da caixa.

Mark: “Aquele que a possuir terá cinco desejos e cinco maldições”.

Após alguns segundos perplexo sua atenção é voltada para o noticiário da guerra, na televisão um homem segura seu neto carbonizado gritando: “Que tipo de justiça é essa, que mal meu neto fez aos americanos para terem matado-o”? A avó do garoto parecia mais revoltada, ao lado de uma pilha de corpos de crianças ela gritava “Ala irá nos vingar”.

No dia seguinte Mark acorda com batidas em sua porta, ele ainda estava com a mesma roupa do dia anterior, após ascender a luz da sala ele atende a porta, era Jennifer, que entra sentando-se.

Jennifer: Desculpe vir assim.

Mark: Tudo bem, fique a vontade.

Sua amiga parecia preocupada com alguma coisa, Mark prepara dois copos de uísque e entrega um deles para Jennifer.

Jennifer: São oito horas da manhã.

Mark: Aconteceu alguma coisa?

Jennifer: Eu que pergunto, você estava estranho no telefone, agora está bebendo de manhã.

Mark: É só trabalho, aliado ao choque da notícia que você me deu, pobre Danielle.

Ele bebe um gole do uísque, tentando disfarçar seu sorriso, Jennifer simplesmente coloca o copo sobre a mesa.

Jennifer: “Pobre Danielle”? pobre do noivo.

Mark: Você sabe alguma coisa sobre o caso?

Jennifer: Ninguém sabe, as vezes parece que nem ela mesmo sabe o que aconteceu.

Mark: Ela não me parece uma assassina, mas nunca se sabe com quem se convive.

Jennifer: Verdade, eu só conseguia pensar no risco que eu corri, mas se está tudo bem com você eu tenho que voltar ao trabalho.

Mark: E você está bem?

Jennifer: Muito bem, obrigada.

Mark: Mais uma coisa, eu posso ficar com aquela pata mais alguns dias.

Jennifer: Hoje é quarta-feira, me devolva antes de Segunda tudo bem?

Mark: Claro, eu só preciso de mais um dia.

O lingüista sorri enquanto abre a porta para Jennifer, assim que fica sozinho ele vira o copo de uísque, arruma seu quarto, ascendendo algumas velas, segurando a pata de macaco.

Mark: Na ciência temos que tirar a prova para termos certeza se algo realmente existe: eu quero que Danielle esteja aqui, eu quero passar a noite com ela, quero transar a noite inteira com ela.

O segundo dedo da pata se fecha, uma brisa entra em seu apartamento, estranho pois todas as janelas estavam fechadas, algo cai em outro cômodo, as janelas desse cômodo batem, som de vidro se quebrando, Mark vai até a sala onde vê algo branco se arrastando, a janela principal dupla de vidro, estava quebrada, o vulto se arrasta, ficando em pé, ele reconhece Danielle semi nua vestindo apenas uma camisola branca transparente, seu olhar era vago, Mark se aproxima, ele a beija demoradamente, em seguida a pega no colo, levando-a para seu quarto.

Os dois passam a noite transando, Mark tira gentilmente a camisola de Danielle, chupando seus seios, enquanto ela abraça sua cabeça, os dois se deitam, Danielle trança suas pernas em volta de Mark, as horas se passam, ela estava de quatro, Mark atrás dela, Danielle gritava, Mark se arrependia por não ter sua camera.

O sol começa a nascer, Mark descansa pela primeira vez, Danielle parecia diferente, ela olhava para o quarto, como se não soubesse o que estava acontecendo, Mark vira de lado, ela lembra-se do assassinato de seu noivo, tentando segurar o choro, ela fica de pé, saindo do quarto.

Mark: Você ainda tem energia? Nossa!

Danielle estava de pé sobre o vidro quebrado, seu sangue escorre pelo tapete, a secretária sobe na janela jogando-se.

Naquela tarde Jennifer assistia na televisão a notícia da prisão de Mark, o repórter dizia que Mark era acusado de planejar a morte do noiva de Danielle e ajuda-la em sua fuga, Jennifer segura a pata de macaco, agora com os cinco dedos esticados, sua atenção é voltada para uma notícia urgente, Mark havia se enforcado na prisão.

Jennifer: Gostaria de saber o que aconteceu.

Ela coloca a pata de macaco dentro da urna e vai para casa, ao sair de seu escritório ela não percebe que a pata de macaco fecha um de seus dedos.

FIM