A ESTRELA

Já era tarde, preparei-me para dormir, depois de uma prece noturna. Virei-me para o lado da janela. A cortina entreaberta mostrava as folhas de buganvília subindo pela vidraça. Entre as folhas, vi uma pequena luz no céu. Brilhava, acendia, mas não se mexia. O que seria - uma estrela tão brilhante, sozinha no céu ou um óvni. Fiquei perturbada. A luz me olhava como dois olhos me fitando na escuridão. Rolei na cama dezenas de vezes, meu cachorrinho ao lado da cama roncava, alheio ao que se passava.

Pensamentos estranhos me assaltavam. Se fosse um óvni poderia baixar e me levar para um passeio no espaço, ou poderia me fazer de cobaia assim como fazemos com os animais.

Com esses pensamentos, adormeci, e sonhei que passeava entre os espaços estelares justamente dentro de um óvni. Sua matéria era tão etérea e translúcida, quase uma imaterialidade que só vemos em sonhos.

Seus tripulantes eram animais etéreos, cavalos, bois, cachorros, porcos, animais que na Terra o homem sacrifica cruelmente em nome de sua luxúria e ganância. Animais, estes, que me disseram o quanto seus irmãos sofriam na Terra na mão inconsciente dos homens e que poderiam, se quisessem, fazer com os homens a mesma sorte de sortilégios, mas não o faziam porque não queriam se equiparar à crueldade humana e em nome da Fraternidade Universal e das qualidades e defeitos dos homens que cada um deles representava na Natureza.

Reunimo-nos em círculo e fizemos uma prece em favor da humanidade e de todos os animais que habitam a Terra, pedindo auxílio para que os homens tivessem maior discernimento e autoconsciência com respeito à Natureza e a todos os seus irmãos.

Depois disso, levaram-me a passear entre as estrelas e o azul do céu...

(Direitos autorais reservados)

Luiza Francisca
Enviado por Luiza Francisca em 16/04/2006
Reeditado em 16/04/2006
Código do texto: T139958