CALVÁRIO

Acordei com uma dor aguda. A vista ainda embaçada não me deixava enxergar claramente onde eu estava. Me sentia preso e não conseguia me mover. Quando o tentei meus membros doeram a ponto de fazer com que eu soltasse um urro de desespero.

Tive uma lembrança de algo que parecia distante. Via uma multidão em volta de mim e sentia as chibatas rasgarem minha carne. Eu não entendia meu castigo e apenas pensava que aquele peso que eu carregava nos ombros parecia aumentar a cada passo.

Tentei olhar para baixo, porém o sangue que escorria em minha face tapou minha visão. Quando movimentei minha cabeça para baixo senti como se mil agulhas estivessem ficadas em minha cabeça, algo apertava minha testa e fazia o sangue escorrer ainda mais.

Ouvia vozes, algumas grossas em uma língua que eu não entendia e outras familiares, com tons de melancolia e desespero.

Em outro lampejo de memória vi alguns amigos em volta de mim. Risos e muita apreensão naquilo que eu estava dizendo. Eu sentia amor, muito amor daqueles que me rodeavam, porém senti uma traição.

Um beijo... Sim um beijo de alguém... Mais dor e agonia...

Ouvi uma voz de mulher gritar e alguém tentando acalmá-la... Será que alguém morreu?

Minha garganta seca pedia água... Acho que cheguei a balbuciar um pedido...

Alguém atendeu e me deu de beber... Acho que a dor me deixou com os sentidos trocados, por que a água parecia azeda como vinagre...

Outro lampejo me veio a mente... Um jardim... Um pedido... Um Destino, minha negação...

MEU MEDO...

Quando me dei por mim, lembrei que não via nem ouvia mais o meu pai... em pleno desespero e solidão gritei:

_ PAI, POR QUE ME ABANDONASTE????

Álvaro Volkhadan
Enviado por Álvaro Volkhadan em 18/02/2009
Reeditado em 18/02/2009
Código do texto: T1446577
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