Coincidências

Um dia recebi este primeiro conto que aqui vos deixo,fiquei abismada, referia-se a mim? Ou seria mera coincidência?

Dias antes tinha vivido uma situação bastante idêntica á que narrava aquele conto! Resolvi reponder da mesma forma...talvez obtivesse resposta a muitas das minhas perguntas sem resposta.

Nunca mais soube de quem se tratava...

E eu nem sabia quem era aquele homem! Como me conhecia ou porque me enviava tal conto?

Mais tarde, relendo tudo...percebi que referia-se a uma cabeleira castanha(sou loura), e olhos castanhos (meus olhos ão azuis!)...foi uma estranha coincidência afinal!

Talvez ele tivesse imaginado aquele conto.

Ou presenciado a cena?

Existem coisas que não têm explicação!

1º Conto

Foi um dia quente de verão, um daqueles dias longos de céu azul e cheio de luz. Estava sentado á beira-mar tentando que a brisa me devolvesse um pouco de frescura. Olhava as pequenas ondas que rebentavam aos meus pés, quando a sombra de uma figura feminina se projectou na areia. Virei a cara, para ver. Era linda. O sol por trás apenas deixava perceber os seus contornos muito femininos e uma espessa cabeleira castanha luzente deixando alguns raios de sol passarem gerando uma cor de fogo. Fiquei fascinado. Os seus pés calcavam a areia húmida e as ondas cobriam-nos com espuma branca.

Ao passar á minha frente, vi aqueles ternos olhos castanhos e uns lábios de carnudos soltarem um sorriso lindo. Senti um arrepio percorrer-me o corpo. Ela voltou-se para o mar e parou. Não, disse para comigo, ela está distraída e nada mais. Olhei-a de costas demoradamente e, percebi então que parara de propósito. Senti uma mola erguer-me e com receio dirigi-me a ela. Era uma mulher madura , onde os anos passaram sem lhe tirarem a frescura do seu rosto. Disse um olá e, sem virar a cara retribui-me, com um tom de voz suave imensamente feminino.

Perguntei-lhe então como se chamava. Virou a cara e disse-me:

- Chamo-me Fátima!

Pensei que estivesse a brincar comigo. lendo o um pensamento, disse:

- sei que parece estranho mas o meu nome é mesmo Fátima

Fiquei atónito, pois percebi que ela falava muito a sério. Antes que eu adiantasse conversa. Disse-me:

- Estou aqui sozinha, porque gosto do mar e destas ondas pequeninas. Calhou parar aqui, mas não foi por causa do senhor. Portanto se você permanece aqui ao meu lado, eu vou-me embora. Quero estar só!

Uma estranha tristeza invadiu-me. Percebi que o faria mesmo. Saí da beira dela e voltei a sentar-me na areia. Olhei, mas ela já ia de costas caminhando suavemente, tal como chegara. Fiquei triste a vê-la afastar-se, até que a sua figura cada vez mais pequena, acabou por desaparecer.

Senti um pouco de frio. Percebi então que o Sol acabara de desaparecer na linha do horizonte, deixando apenas uns ténues reflexos dourados. Percebi que estivera ali sentado muito tempo, pensando naquela estranha e doce criatura, tão bela. Levantei-me e caminhei de volta para o carro. Pensei nela , revi toda a sua doçura, e a tristeza invadiu-me. Nunca mais voltarás a ter outro sonho acordado, disse para comigo Arranquei com o carro e sacudi a cabeça, para tentar esquecê-la.

Nunca a esqueci.

Autor desconhecido

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2º conto-Minha resposta:

Acordei naquela manhã sem vontade de levantar-me da cama, estava triste, amargurada até. Os acontecimentos do dia anterior foram demasiado marcantes. Levantei-me e fui até a varanda, o dia estava lindo, com um sol radiante. Não podia entregar-me a tal melancolia e dor. Tomei um duche, vesti-me e fui dar uma volta pela praia.

Caminhei pela areia durante muito tempo. Sentia as ondas levemente banhando meus pés, era uma sensação agradável, de bem-estar, de calma.

Reparei num belo homem sentado na areia, olhou-me, sorri-lhe sem saber o verdadeiro motivo porque o fazia.

Parei por um momento olhando o mar, o dia anterior estava agora mais longe de meus pensamentos.

Ouvi uma voz masculina atrás de mim dizer-me um ‘Olá’, gelei, era o homem para quem sorrira, ele julgara agora que parara ali olhando o mar por ele ali estar?!

Respondi o mesmo ‘Olá’ sem me voltar, sentia-me sem jeito, imaginando o que aquele homem estaria a pensar de mim.

Perguntou como me chamava, olhei-o de frente e respondi:

- Fátima!

Agora que o olhava bem, verifiquei que era um homem maduro mas muito bonito, cabelo castanho meio ondulado, olhar doce e voz agradável.

Estranhei ao verificar que fez uma cara de espanto, quando lhe disse meu nome, então continuei:

- Pareço-lhe estranho ? Perguntou-memeu nome,respondi!Meu nome é mesmo Fátima!

Lembrei-me do sucedido no dia anterior e então continuei meio arrogante:

- Estou aqui sozinha,mas nada procuro!É apenas porque gosto do mar e das ondas . Calhou parar aqui, mas não foi por causa do senhor. Portanto se você permanece aqui ao meu lado,vou-me embora. Quero estar só!

Ele olhou-me nos olhos por algum tempo( olhar que me arepiou e atéde certa forma emocionou)e afastou-se sem uma palavra mais, voltando a sentar-se na areia, Percebi uma certa tristeza, ou desilusão, em seu olhar. Mas merecia, pensei, tinha sido demasiado presunçoso ao imaginar que parara ali por ele!

Precisava afastar-me daquele homem rapidamente, não podia voltar a iludir-me com um olhar doce e voz meiga.

O dia anterior tinha-me mostrado que não podia voltar a sonhar acordada, não voltaria a ser aquela tonta e ingénua romântica que sempre fui. Afinal os príncipes encantados apenas existem nos contos de encantar!

Voltei a casa sempre com aquele homem em meu pensamento, seu sorriso meigo, seu olhar, sua voz.

Porque faria aquela cara de espanto quando lhe disse meu nome? E porquê aquela tristeza em seu olhar?

Mas também porque tanto me interrogo a mim mesma, se nem o deixei responder?-pensei.

Não queria pensar mais naquele episódio.

Precisava esquecer!

Mas nunca o esqueci!

Fátima Rodrigues

Fatima Rodrigues
Enviado por Fatima Rodrigues em 17/09/2006
Código do texto: T242276
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