Vida Perdida - parte II.

Eram sete e pouco da manhã quando passou de carro em frente à igreja. Haviam muitos carros estacionados. Ele só queria buscar um cigarro e estava com o carro abarrotado de latas de cerveja.

Não queria nem saber de seu carro, das lombadas, da gostosa que o olhava do outro lado do ponto de ônibus, dos velhos que abriam a mercearia, não queria nem saber dele, nem de sua vida precária, muito menos da vida alheia.

O domingo estava fresco e ainda ouvia alguns galos cantando fora do horário. Havia uma leve garoa, indicando que o outono estava próximo...

Não queria saber também de outono, verão, putas em pontos de ônibus e galos velhos fingindo que ainda cantavam...

Varredoras de rua cuspiam criteriosamente suas funções, quase sonolentas, estudando os vestígios sagrados largados na madrugada de sábado.

Era cada coisa!

Mas e o que isso tinha a ver com ele?

Queria apenas ir ao posto de gasolina comprar cigarros, beber as treze latas de cerveja que estavam a seu lado, como únicas e últimas companheiras de estômago, e depois tocar fogo em tudo, inclusive em si...

Savok Onaitsirk, 10.04.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 10/04/2011
Reeditado em 23/04/2013
Código do texto: T2899849
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