O Futuro dos Perdidos!

Eram quatro e dezessete da tarde de uma quinta feira e estava fodido, literalmente fodido!

Haviam descoberto o que se passava em sua cabeça, e resolveram interná-lo num hospital psiquiátrico, onde agora se encontrava, sedado, sentado numa cadeira sintética, olhando pela janela...

Tudo se deu numa sucessão rápida de fatos e atos.

A mulher que tanto amava virou homem.

De uma hora pra outra fez um cirurgia e botou um pinto entre as pernas, e saía por todos os cantos e salões de esteticistas difamando-o, dizendo que sua decisão de virar homem foi por causa dele.

“Ele, de tão ruim de cama, mal-humorado e desiludido, me fez desgostar do sexo masculino!”, dizia.

Em contrapartida, seu único filho, de dezesseis anos, assumira publicamente que fumava maconha e que gostava de homem!

Tudo na mesma semana em que seu pai falecera e em que perdera o emprego de vinte anos.

Contava agora com cinqüenta e nove anos, desqualificado, cansado e fodido! Ainda por cima, dizem por aí que estava ficando louco, que “descobriram o que se passava em sua cabeça”.

“Mas como isso era possível?”, pensava.

É que haviam implantado um chip em sua cabeça quando esteve desmaiado num banco da Praça da República.

A Prefeitura da São Paulo de 2.049 estava com um projeto à época para monitoramento de pessoas desequilibradas, subversivos, bêbados, drogados, desregrados, mendigos e loucos que àquela época zanzavam perdidos pelas ruas, “atrapalhando o trânsito”...

Mas isso se deu há muito tempo...

Savok Onaitsirk, 14.04.11.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 14/04/2011
Código do texto: T2909341
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