A única lei de que preciso é a lei do meu revólver

O homem é um covarde.

Esse é o segredo. O homem é um maldito covarde.

Foi por isso que ele inventou essas coisas. Pinturas de guerra, relógios, luxo. Tudo para se adornar.

É assim que ele consegue se olhar no espelho dia após dia e não enlouquecer por ser um covarde.

Assim é que ele pode fazer tudo. É assim que ele se torna a montanha.

O homem é um lixo. A escória do universo.

Ele se pinta e se mascara para fugir de sua realidade fraca e patética. Todos precisam de um adorno.

Gravata, sorriso, blush.

O meu adorno é um revólver.

Antes dele eu era um nerd franzino, que apanhava de todo mundo.

Agora eu sou um assassino de respeito. Assassino de aluguel. Não um assassino comum desses que matam assim. Eu mato por encomenda.

Sou procurado pela polícia. Sou procurado por meus pais.

Meu adorno é um revólver. Antes dele eu era um merdinha.

Agora eu sou demais. Meu revólver brilha e mancha a parede de sangue.

Meu revólver é minha lei. Meu amigo. Meu mestre.

Ele estoura a cabeça de quem olha ele nos olhos. Ele destrói aquele sopro imundo de vida.

Eu mato por encomenda.

Quinhentos dólares.

Nem mais. Nem menos.

Tudo tem seu preço. O preço da sua vida é quinhentos dólares. Pelo menos para mim.

O preço da minha vida é meu adorno.

Meu corpo está quase entrando em colapso. Meus olhos estão fundos. Eu pouco durmo. Meu braço está preto. Uma ferida enorme em minhas veias.

Sempre que o revólver some tenho que fazê-lo aparecer novamente.

Odeio ser franzino. Apanhar de todo mundo. De ser um merdinha. Prefiro ser durão. Prefiro ser frio e calculista.

Quando eu volto para minha vida eu tenho que me adornar.

Pó.

E agora meu revólver.

Thom Ficman
Enviado por Thom Ficman em 17/11/2006
Reeditado em 05/01/2007
Código do texto: T293543