AS PRINCESAS DA CIDADE LUZ - 8° PARTE

...A aconchegante choupana, embora humilde e pobre, contudo a hospitalidade da família convidava Perê a ficar por lá, pelo menos até o outro dia.

Para quem estivesse em frente a vivenda, se olhasse para

o oeste veria as medonhas barrancas em cujo alto ficava a planície.

O local da atual moradia do humilde Ericson e família, era denominado de Buracão. Raramente havia pessoas transitando pelas trilhas das íngremes ribanceiras.

Perê estava curioso pra saber quem seria o velhinho que visitara aquela família, entretanto eles não sabiam explicar a aparição do ancião num lugar de tão difícil acesso.

Por ser a localidade numa parte mais profunda, a noite pareceu chegar mais rápido. Com aquilo logo todos estavam reunidos dentro daquela que mais parecia ser mesmo uma palhoça, já que as paredes eram feitas de paus-a-pique e a cobertura de capim.

Por ser uma época de inverno fazia frio, assim as três meninas, seus pais e Perê, se assentaram próximos do fogão de lenha, em cuja trempe a prestimosa Elian, mãe das princesinhas, havia posto água a ferver para servir chá de erva-cidreira.

O assunto entre eles era sobre as ações do velhinho que aparecera de imprevisto na palhoça.

-Se fosse época de natal eu diria que era Papai Noel, dizia Elian.

-Mas é época de São João. Não seria ele? – dizia Perê em tom de brincadeira.

-O velhinho poderia ser também, Santo Antônio, ou São Pedro – dizia ainda gracejando, Ericson.

-Bem, o fato é que o bom velhinho esteve por duas vezes fazendo suas aparições a vocês, (e uma para mim, pensou Perê; pois guardava o segredo para si) pois me disseram que O velhinho surgiu primeiro lá na planície, depois nesse Buracão: especialmente para predizer o futuro das meninas, e depois disso desapareceu.

-Isso mesmo. Não vimos para onde foi.

Foi assim, que entre um e outro assunto a respeito do velhinho, depois de uma hora foram repousar. Perê dormiu sobre um tanto de capim seco espalhado no solo da vivenda. Aliás, todos tinham acomodações idênticas para dormirem a noite, pois a pobreza da família era extrema.

Ao amanhecer do outro dia, depararam com um cavaleiro no terreiro em frente a vivenda. O rapaz parecia sério e queria falar com o chefe da casa, que ouviu as seguintes palavras.

-Meu patrão soube que uma família da planície se mudou para suas terras e me enviou para lhes dar uma ordem de desocupar o lugar o mais urgente possível.

-Mas não temos aonde ir – disse Ericson – Diga a ele que quero trabalhar para manter minha família.

-Meu patrão não contrata trabalhadores. Cria gado e eu sou seu único empregado. Dêem o fora dessas terras!

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