O desaparecimento da Ideia

Para ela, foi um dia confuso aquele. Ali estava tudo do que precisava, mas algo lhe fugia do controle. Talvez jamais tivesse controlado alguma coisa.

Levantou-se, foi até a janela. Quem sabe...

Olhou alguns pássaros voando. Pássaros agourentos! Seriam eles os responsáveis?

Aquela visão a impulsionou a querer voar também. Que besteira!

O tempo foi passando e ela ali, estática, a olhar os tais pássaros agourentos que livremente faziam seus voos no infinito das suas possibilidades.

E ela ali totalmente hipnotizada.

O sol lhe deu tchau. Suspirou. Estava cheia de um vazio que abarcava sua alma.

Pegou o controle e visitou todos os canais, na esperança de encontrar uma luz. Vixe! Mais vazios que o vazio que a ocupava.

Já era tarde. Pensou nas várias possibilidades que surgiriam com o novo dia. Sentiu-se amparada com esse pensamento, a tal ponto que subitamente algo saltitou em sua mente. Dormiu feliz.

Quando amanheceu, lá estavam todas as coisas, nos mesmos lugares, do mesmo jeito que as deixou ao dormir, inclusive o seu vazio, porém mais encorpado, ocupando nela um espaço que ela mesma desconhecia.

Olhou para a folha em branco e aquele branco desanimado, desanimador empalideceu sua esperança.

A Ideia, que vinha timidamente se aproximando, no dia anterior, naquela manhã se fazia ausente. Terá morrido?