QUARTO 212

Ele estava lá.

Há 12 anos.

Luzes sempre apagadas.

Só vela, fósforo, comida, água, papel e caneta entravam por aquela porta, além de coisas para sua higiene.

Devolvia, além de suas sujeiras, papéis escritos.

Seu editor aguardava.

E a cada novo texto ele mais surpreendia.

Seus livros vendiam em 200 países. Era uma celebridade.

Mas não podia sair de lá.

Prisão perpétua.

As pessoas perguntavam como ele escrevia tudo aquilo sobre a humanidade se nunca saía de lá e nem lia nada.

A resposta era a mesma para a pergunta sobre por que ele estava lá:

-Ele pensou demais, ele sabia demais. Ele agora enxergava tudo.

Não cabia mais na sociedade.