FRONTEIRA DO SILÊNCIO
 
                                      Capítulo XIII
 
        Não pude precisar por quanto tempo Jonas ficou parado em silêncio com os olhos inundados e perdidos no infinito. A emoção de ter relembrado o ocorrido o fez emocionar-se.  Procurei então chamar sua atenção e prometi contar a minha versão tão logo pudéssemos nos reencontrar. Chamei Miguel que já se distanciava à cata de frutas nos pés de amoras silvestres. Era tempo de retornarmos. Precisávamos nos reunir aos demais companheiros pois uma missão de socorro se fazia necessária em zonas inferiores e eu iria ajudá-los.
 
Miguel ficou com amigos enquanto me juntei ao grupo e partimos em missão. Não tardou e encontramos situações que, encarnados, jamais imaginaríamos que pudessem existir. Pessoas literalmente agarradas aos seus bens materiais sem sequer aventar a possibilidade de deixar tudo para trás e nos acompanhar em busca de conforto e tratamento. Pessoas em pânico sendo perseguidas provavelmente por seres que só elas podiam ver. Talvez suas vítimas do passado que agora se tornaram algozes à busca de represália. Corpos mutilados, andando à ermo, gemendo e gritando quem sabe por estar sentindo dores lancinantes.
 
Procuramos consolar aos que aceitavam nossa ajuda e prontamente fazíamos seu transporte para unidades de socorro fraterno e espiritual. No entanto existiam os que teimavam em recusar qualquer tipo de auxílio insistindo em permanecer na situação em que se encontravam. Infelizmente não podíamos ajudar aqueles que se recusavam, então concentramos nossas ações no apoio aos que pediam socorro.
 
A tarefa era árdua, porém a cumpríamos com desvelo e nos sentíamos recompensados por podermos ajudar aos necessitados. Após cumprida a missão, retornamos e encaminhamos os irmãos nas unidades de apoio onde seriam tratados e acompanhados. Assim, nos despedimos e cada qual se dirigiu ao ambiente do seu lar.
 
Já era tarde quando cheguei. Encontrei Miguel dormindo. Os amigos me esperavam para saber sobre o êxito da missão. Após uma breve conversa enquanto jantávamos, recolhi-me, pois estava cansado. Miguel dormia a sono solto. Fiquei por alguns instantes a olhar para ele com aquela candura e inocência de criança. Deitei-me ao seu lado e adormeci num sono profundo.

 
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Valdir Barreto Ramos
Enviado por Valdir Barreto Ramos em 19/09/2011
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