INUMANOS

Guiando a moto pela estrada,

Vi a figura de três ébrios humanos,

Um homem de passos incertos,

Moreno, sem camisa e temulento decerto.

Mais a frente pelo caminho a marchar,

Um casal que o sol faz arrancar,

O homem do Negus é quase semelhante,

A mulher cingida de trapos escaldantes.

Donde vêm?

Onde irão os três espectros?

A estrada não leva a cidade,

Ruma prás bandas do Zé Chico da grota,

Onde a chaçaça brota.

Num cumprimento seco de "opa",

Vão rumando na embriaguez,

Quem é de quem nesse mundo sem vez?

Quatro cavaleiros tocam uma boiada,

Pela mesma estrada dos espectros do nada.

Espreme-os num canto da cerca,

O arame farpado entra na carne como frepa,

A dor no inumando,

O riso no humano.

Os bois seguem o destino,

Os cavaleiros perversos e sem tinos,

Gritam e xingam os desatinos,

Dos homens dono da grandeza.

Pensam possuir o juízo da realeza.

Os três espectros inumanos,

Ficam para trás com as dores,

Riscados pelos arames causadores,

Eis que a tristeza vem me denunciar os traidores,

Que pensam que são portadores,

Da escritura da estrada. Senhores

Até quando o mundo terá violentos?

Será que em todos os momentos?

JACY BASTOS
Enviado por JACY BASTOS em 27/12/2006
Código do texto: T329410