Como o homem de lata, que era impedido de chorar para não se enferrujar, fui impedido de amar, para não me matar. Tive uma infância infeliz, nunca tive o que sempre quiz, nasci para chorar.
   Vim lá do sertão do ceará, cansado de ver  sol secar, um chão que nunca chove. Nada brota, tudo encolhe, nada vive, tudo morre, 
   Nunca tive escola, nem mãe para chamar de senhora, ela morreu quando seu filho nasceu, meu pai desapareceu. Odiava esse filho que levou sua amada, tudo que mais amava, agora vivia as escondidas viciado em bebidas, dizem até que já morreu.
   O meu Deus do céu, o que fiz por merecer, para nessa vida tanto assim padecer? Não quero papai noel, só peço a ti papai do céu, uma noite feliz, é tudo o que sempre quiz, não é nada demais.
   Cheguei em São Paulo, aqui têm muito espaço mais para mim nenhum, vivi humilhado, ninguém fazia caso, de um indigente incomum. O que mais amei na minha vida foi uma grande propaganda, em cena se mostrava uma criança junto com sua mamãe, e um papai a sorrir. Dormia todo dia embaixo dessa placa, até notar que um dia ali não mais estava, deveria encontrar outro lugar para sonhar.
Eduardo monteiro
Enviado por Eduardo monteiro em 04/11/2011
Código do texto: T3316096
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