Noite soturna

Era uma noite fria, muito fria e ela estava se sentindo muito bem.

O dia tinha sido agradável, exceto por um momento de intenso nervosismo, causado por uma contrariedade, resultando em uma nova decepção.

Porém, o que veio a seguir foi tranquilidade e um dia agradável junto à família.

À noite, enquanto se preparava para dormir, fez as orações habituais, brincou com os filhos, abençoou-os e adormeceu. Não sabe o que aconteceu a seguir. Apenas acordou com o corpo coberto de suor e muito agitada e, então, não conseguiu mais pegar no sono. Sentia, também, uma dor inexplicável do lado direito dos quadris.

Havia uma ansiedade sufocante em seu peito. Uma vontade de sair correndo pelas ruas, sem direção, destino.

Sentia-se apavorada. A percepção da loucura era clara. Isso a fez se desesperar ainda mais.

O que estaria acontecendo com ela?

Pensou no remédio que tomou, antes de dormir.

Será? Foi receitado pelo médico, de acordo com os resultados dos exames.

Ahh, mas se fosse ele, entraria em contato com o médico para pedir mudança.

Calculou que não poderia ser.

O desespero continuava a dominá-la.

Exceto pela dor, lembrou-se de ter sentido algo assim, com essa intensidade, apenas uma única vez na vida, há muitos anos, quando sua tia falecera.

Eram muito amigas e, dias após a morte daquela que era mais que tia, era uma grande amiga, ela sentiu o peito apertar daquele jeito, a sensação de grande dor e tristeza. Tão grande, que achou, na ocasião, que enlouqueceria.

Lembrou-se, em seguida, que, naquela época, rezou muito, muito, pedindo a Deus que lhe tirasse da alma tamanha angústia, pois sentia que acabaria sendo vítima dela. E foi assim que se livrou desse sentimento tão invasivo e destrutivo.

Resolveu fazer a mesma coisa. Rezou muito e passou a pensar em coisas agradáveis, boas, relaxantes.

Aos poucos, sentiu-se menos angustiada, ansiosa.

Nem percebeu quando o sono chegou, minutos ou horas depois.

Pela manhã, sonolenta, mas melhor, resolveu olhar a bula do remédio, coisa que sempre fazia, no entanto, não tinha feito com aquela prescrição médica.

Nada constava ali que pudesse ter provocado uma reação adversa desse tipo.

Reavaliou a situação. O que poderia ter sido? Quem a visitara naquela noite? Seria estresse, ou uma visão?

Os mistérios fazem parte da vida, pois somos ainda muito ignorantes sobre tudo...