'' ERA PARA SER.....

.....uma simples visita ao museu de arte.

Não foi.

Amanda,a namorada, vinha insistindo com Flávio para irem ver a nova coleção que estava sendo exibida.

Ele detestava estas idas para ver '' quadros velhos de gente morta e parada '', como ele dizia, mas Amanda insistia.

Ela adorava.

Ele iria, a levaria, mas com a condição de sempre.

Ele a deixaria andar sozinha olhando aquelas 'porcarias'.

Amanda sumiu pelos corredores do museu.

Flávio andava 'a toa, perambulava 'a esmo, viu, olhava, mas era como se aqueles quadros não existiam....e Amanda sumida, desaparecida, deveria estar tonta e absorta olhando e amando seus lindos quadros...'' de mortos '', pensava Flávio.

Sentiu fome e foi procurando a saida, perguntou e o guarda lhe indicou uma no fundo do museu onde tambem havia uma lanchonete.

Pouca gente naquele corredor mas em uma sala haviam pessoas, uma excursão, um guia e Flávio se sentiu atraido, curioso espiou e justo neste momento o grupo se dispersou e ele viu....

Uma jovem, vestida 'a antiga...linda, sorria, tinha covinhas, segurava um chicote em uma das mãos e com a outra as rédeas de um ''árabe'' negro como a noite...a paisagem atras dela era linda...e Flávio foi se aproximando e para ele parecia que uma luz emanava do quadro, que ela se mexia, sorria, mudava um pouco seu olhar, olhava direto para ele...ele se sentiu sorrindo e viu que ela agora estava séria..ficou sério tambem...ela voltou a sorrir, soltou as rédeas e lhe fez um aceno...ele acenou tambem e sentiu uma mão em seus ombros e ouviu...

Senhor? senhor? tudo bem?

Se viu em pé no único banco na sala que estava em frente do quadro, se desculpou, desceu e foi seguindo, olhava para tras de vez em quando,ela ainda sorria e o guarda o olhava desconfiado.

Tomou seu lanche sem pressa. Ligou e Amanda o encontrou. Sairam.

Naquela noite sonhou com ''ela''.

E nas seguintes tambem.

Não aguentou.

Voltou ao museu. Voltava todo dia e toda dia a via.

E se apaixonou. E nem se lembrava que ela '' estava morta e parada enfiada e embutida em papel e madeira velha ''.

Descobriu no catálogo o nome do quadro, o pintor, ano, tudo...pesquisou na net...soube tudo, ou melhor, até certo ponto, dali para a frente tudo era um....mistério!!!

Queria saber mais, queria saber tudo sobre ela, queria ela.

Sonhava com ela, mas quando no sonho ela aparecia era de longe que ele a via e sempre acompanhada, passava por ele e sorria, ficava olhando, encarando e sumia.

Um ano se passou e ele doente de amor.

Tinha terminado o namoro com Amanda.

Nunca mais a viu

Mais um ano se passou, faziam dois anos agora e ele ainda dela se lembrava mas o tempo senhor da razão estava curando aquela ferida, aquela doença e ele resolveu viajar, era Janeiro, tinha dois meses de férias já que as aulas que lecionava na faculdade só começariam em Março.

Foi para a Europa. Viajaria de Portugal até a Russia, Inglaterra e na volta Ilha da Madeira....

O mundo gira, Flávio foi parar na Ucrânia.

Gente linda, hospitaleira e gentil.

Fez amigos no hotel.

Foi conhecer pequenas cidades no interior.

E ele a viu.

Era uma festa, comidas, músicas e alegria.

E ela estava linda vestida com fitas e suas roupas coloridas, suas faces vermelhas do calor da dança e ele viu a marca registrada...sua covinha que a fazia mais linda ainda.

A dança, a música, acabou. Ela se foi rápida.

Ele foi atras e não a viu, eram todas parecidas vestidas com aquelas fitas e rendas, e no nervoso que estava nem se lembrou que não falava a lingua local, não sabia como dizer o que queria...riam, e ele tentava se explicar...os amigos o acalmaram...bebeu, apagou, sonhou.

E a viu no sonho. Vestia uma roupa preta mas assim mesmo estava linda.

Decidiu voltar para casa. Voltaria para o Brasil.

O elevador do pequeno hotel estava enguiçado.

Eram só dois andares e foi descendo pelas escadas.

Quando chegou a pequena recepção viu no lado esquerdo da parede, lugar que ele não havia passado, uma cópia do quadro ''dela''...enloqueceu, o amor de novo dentro dele se acendeu.

Pagou sua conta e quando o amigo veio lhe buscar perguntou e o amigo lhe explicando....'' um pintor francês um dia veio pintar na cidade, já fazia mais de cem anos isto, pintou paisagens, campos, flores e mulheres...e por uma delas se apaixonou e dali a levou embora com ele, anos depois ela voltou, quando saiu era pobre, camponesa, voltou rica e uma dama...viveu o resto da sua vida na melhor casa da cidade, que ela havia mandado construir, e nunca mais teve companheiro nenhum, vivia reclusa e quase ninguem na cidade a via.

O amigo o levou na casa '' dela ''.

Não era mais casa agora, era um museu.

Museu '' dela ''...tudo que era dela no passado continuava por lá, como se ela ainda por lá morasse.

Ficou na cidade, deu um jeito, conseguiu os documentos, aprendeu a lingua, a cultura, a história, se estabeleceu.

Assumiu a direção do museu. Conhecia tudo sobre ''ela'' e nada mais justo que se tornasse o '' curador, administrador '' do museu.

Justo ele que odiava '' gente morta e parada, quieta e olhando com olhares de peixe morto prá gente tonta que paga um dinheirão para ficar olhando papelão e madeira cheia de cupins ''.

Que diferênça!!!

Hoje corre atrás de doações e de aumentar a coleção, já foi para Paris e percorreu toda a França em busca de um alfinete que seja que '' ela '' possa ter usado, o museu tem boa divulgação e vive cheio, atrai multidões pela curiosidade que todos tem de ver um brasileiro cuidar com tanto zelo de um museu em uma pequena cidade da Ucrãnia, até Amanda já esteve por lá...curiosa perguntou de tudo, ele pouco respondeu, ela ficou sem nada saber...dele, que '' dela '' soube tudo...sentiu ciumes de ver uma '' morta '' ser assim tão amada.

Sentiria mais ciumes ainda se soubesse que toda noite ele e '' ela '' dormem bem abraçados, bem agarradinhos e muito bem agasalhados daquele frio que se faz por lá.

Flávio e Tatiana...nome que ele lhe deu.

O verdadeiro, o real , é Natacha, mas como ela foi assim muito amada em vida agora que é ele que a ama é assim que ele gosta de dizer....

Minha Tatiana!!!!

Vão viver felizes para sempre... nem a morte não vai os dois separar...uma já está morta e o outro quando se fôr sabe muito bem onde ''A"" encontrar...na casa que hoje é museu.

E assim termina um conto...não de fadas, apesar que alguns dizem que sim, que é um conto de fadas sim...outros não, outros dizem que e´um conto do '' além''...e quando estive por lá e soube deste ''causo'' eu apenas disse '' amem ''...e quem ama, como eu amo, sabe muito bem...e eu soube disto por mim mesma e '' in loco '', foi quando eu visitei na Ucrãnia o lindo museu....adorei!!!

Amei. E tambem para mim era apenas para ser uma viagem de '' recreio '', de passeio, de tirar o stress...tirei nada, fiquei que fiquei desassossegada, inqueita e danada...tão danada que quase nem dormia direito...queria saber tudo, fiquei sabendo e agora que sei compartilho com voces...

Amor...amor...coisa de '' loco''...coisa de ''locos''

Sou uma, ele foi outro..todos somos.

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ps...em tempo antes que eu caia de sono aqui no meu pc...dizem por lá na Ucrânia que Flávio é a cópia copiada e...guspida, para não ser vulgar, do pintor que no passado a amou...vai-se saber então os porques disto tudo....mas eu aindo estou curiosa e assanhada demais, ainda vou tudo isto pesquisar...se vou, vou sim...esperem por mim, este assunto parece não ter fim...adoro isto!!! coisas sem fim e misteriosas...amo, de paixão...agora sim, FIM....fui, dormir e sonhar..adoro sonhar..tenho cada sonho!!! dilicia!!!

AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 01/01/2013
Código do texto: T4062399
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