O recanto das loucas

Um sanatório para mulheres, um dia de sol, uma moça jovem de rosto pálido caminha lentamente, a cada passo o colar de dentes de leite bate em seu pescoço, um deleite a seus ouvidos, só é menos agradável que os gritos das crianças que matou para arrancar aqueles preciosos dentinhos...

Uma mulher de meia idade sentada no chão, conta formigas imaginarias, e fala de um mundo mágico de doces, ela tem em seus bolsos tufos de cabelos, que arranca durante a noite, sua cabeça tem uma leve lustrosidade ao sol, uma certa calvice que a concede o ar de uma sabedoria demente.

Uma mulher de cerca de trinta anos caminha abraçada a uma boneca, a trata como um bebê verdadeiro, inclusive a amamenta e nina, chama o bebê pelo nome de Beatriz, sua querida Beatriz, que asfixiou uma noite que ela chorava muito e no dia seguinte simplesmente a tratou como viva até sinais de decomposição extremos atrair vizinhos a verem do que se tratava e a internarem.

Uma senhora idosa tomava sol nua, se masturbava e dizia baixaria, tinha sido estuprada pelo pai, avô e tios, desde então se sentia tão suja que se lavava ate a pele ferir, atualmente não suportava roupas pela sensibilidade da pele varias vezes ferida, e a noite costumava se flagelar tentando purificação de sua alma.

A noite, naquele circo de horrores se ouviam gemidos e uivos de desespero, e canções lamentosas entoadas à lua, a Deus ou a quem as pudesse ouvir, no mundo insano de suas mentes se manter vivas, na esperança da luz da razão talvez um dia voltar a habitar seus corpos.