A pequena Fada Negra

Chegou em casa cansada, jogou bolsa, sapatos desleixadamente e se deitou na cama, respirou fundo, descansou um pouco do peso de seu serviço decadente, e lembrou do quão ruim estava tudo naquele instante. O ano que se passou foi de aprendizado, mas tinha que admitir que esperou uma virada que não veio.

Em sua mente um peso indescritível, uma voz que questionava o sentido de sua existência, e no peito uma pontada de decepção. Se sentia uma menina ali, sozinha, o silêncio era de certo modo sufocante, esperava que o teto caísse sobre si, talvez somente para lembrar que ainda estava viva, pois seu corpo inerte parecia se dissolver. A lucidez de sua alma não condizia com o marasmo de sua vida, tinha um universo pulsando contido no âmago, mas permanecia imersa em uma substancia que a colava ao chão. Preconceitos, criação, criticas e todo um contexto de ser colocada em segundo plano hoje ainda pesava, esperava reconhecimento, esperava que seus sonhos se realizassem para dar orgulho aos seus...

Algumas lágrimas brotavam, e a longe um carro passava, uma buzina, uma musica ao longe, e ali, em sua casa apenas a dolorosa sensação de estar perdendo seu tempo...

Em certo momento viu algo entrar pela janela, pensou ser um inseto, mas era grande, talvez uma daquelas bruxas de luz, acendeu a luz e não viu nada. A impressão tinha sido daquelas que atraem a atenção, ficou observando ao redor, tinha uma estranha sensação de ser observada, e de uma energia que emanava de algum canto. Entre pensamento passou os olhos pelo quarto e parou assombrada no que estava na mesa: uma fada negra!

A pequena criatura a observava, a pele era bastante pálida, mas as asas e roupas de um negro profundo, era caricatural vê-la. Uma miniatura perfeita de ser humano, com feições impecavelmente belas, de uma delicadeza que fascinava.

De sua boca não conseguia sair palavra alguma, nem gemido, grito, palavras nada! O coração disparado, e um arrepio percorria o corpo. Estava atônita!

-Sophie.

A voz melodiosa da pequena era como um silvo intenso, agudo porém de uma doçura sem comparações. Mas o nome que pronunciara não era o seu, fez cara de interrogação esperando que dissesse mais alguma coisa.

-Estás triste, não fique! Sua alma pulsa e atrai luz, sua essência é a força motriz de fluxos de energia que alimentam a esperança, a fé de muitas pessoas, não se deixe abater, você é incapaz de ver sua luz, mas eu a vejo e a ela vim circular, para que os canais estejam sempre abertos cada dia mais!

Sentiu um calor gostoso dentro do peito, que desceu pela barriga, e uma paz inundou seu corpo e mente. Fechou os olhos por alguns segundo e quando voltou os olhos para onde estava a pequena não havia nada ali. Mas onde ficara pousada um pó translúcido, furta cor brilhava sobre a superfície. Sentiu uma felicidade indescritível, pois se sentiu especial, e isso faltava para que a vontade de continuar não a abandonasse.

Naquela noite teve sonhos tranquilo,s ao contrários dos agitados dos dias anteriores...

T Sophie
Enviado por T Sophie em 06/02/2013
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