O Estrangeiro ( III )
Um homem parado diante do mar.
O chamavam de Estrangeiro. Era um sobrevivente das intempéries do destino. Sabia que era um alicerce, uma rocha ou uma ancora para as pessoas. Uma vida de pouco estudo e muito trabalho.
Não se recordava de como havia parado naquela praia anos atrás. Um naufrágio, lembrança de sereias...Riu da própria bobagem.
Recordava de como a conhecera. Uma moça olhando para o mar como uma estátua viva. A achou linda. Conhecia sua história, do marinheiro.
No início, só queria confortá-la mas o tempo mostrou afinidades, mostrou um caminho de amor, e eles o percorreram, ainda estavam nessa estrada...até que ele, o marinheiro, retornou.
Sabia que sempre teria esse espectro na vida, aceitava. Contudo, havia rogado para o mar, por esse ter poupado sua vida, que ele(o marinheiro) apenas fosse uma sombra.
Nunca soube o que aconteceu com aquele marujo depois da conversa com ela, não perguntou.
E quando aquela árvore esquisita surgiu no seu quintal, também não questionou, o povo dizia ser encanto das sereias...Gostava daquela árvore, que fazia uma sombra justo onde ela escrevia aquelas coisas bonitas. Sentia prazer em vê-la feliz.
Se sentia um homem realizado.
Olhou para o mar e agradeceu às sereias, sem saber o por quê.
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