Vazio e solidão

Deitados um ao lado do outro, nossos corpos convergem para um centro de prazer. Meu âmago sofre com a constância de orgasmos que posso obter. Em algum momento sinto dor e me levanto para fazer um café quente e doce, e forte. Meu amante me aguarda na cama. O fogo do fogão derrete o gelo do meu coração? Passo as mãos sobre as chamas, elas queimam a minha palma, mas não sinto dor. Não sinto nada. O único tipo de sensação que tenho é o que chamam de pequena morte. Não posso continuar assim. Minha parte íntima queima em pavor. O medo de sentir a dor da penetração forçada e os poucos segundos do gozo que me consome, me faz sentir as cores do espaço e os sentidos alertas. Não tenho sentimentos. Olho minhas unhas descascadas e me pergunto, onde está meu coração. Quem o matou, afinal de contas? Sento na cama, ao lado do vazio amante que seguro com as mãos úmidas. Seu tom púrpura me assusta. Há réstia de sangue no vibrador. O que uma pessoa precisa fazer pra se sentir viva de novo? As paredes do manicômio talvez não sejam tão ruins. Enfio ele na boca. É salgado. Enfio tudo. Não tenho a garganta profunda. Talvez eu sufoque de vez. Viro o café quente por cima… talvez eu sufoque. Talvez eu sufoque...

Edivana
Enviado por Edivana em 10/04/2015
Código do texto: T5201771
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