MENINO DE LUA

Num pacote embrulhado apareceu, o recém-nascido num saco escrito "Lua", o andarilho reconheceu, tirou-o da calçada, levou-o aos braços pela rua. O menino cresceu na calçada, seu nome passou a ser Lucas, Luz, Luminoso; Aprendeu a jamais ter vida censurada, pois sua estrada não se reduz, mas alumia o misterioso. Seu "pai" que o tirou do saco escuro abandonado, já não tinha por si mesmo esperança, mas viu nascer naquele filho descartado, sua nova vida refletida na criança. O pai, antes, vivia bêbado em aniquilamento, até que na calçada teu filho lhe mostrasse, que perder a vida em sofrimento seria como a semente que jamais vingasse. Lucas alumiou os dias daquele mendigo, que por pouco não se abandonou a própria sorte, pensou, agora que a luz está comigo, não adormecerei esperando a morte. Eis que frente ao frio da cidade, eles se recobriram ante o inverno, numa destas noites onde atinge a extremidade, o frio passa do aconchego ao inferno. O prefeito manda recolher as cobertas, todos estão, agora, desabrigados, eis que o pai quando desperta, percebe no colo o filho paralisado. E agora, quando a Luz no fim do túnel cessa? O pai recolhe o filho quase duro, um fruto imaturo que lentamente engessa. O pai tomou do mesmo rumo, logo endureceu sozinho na rua, descobriu que o misterioso menino de Saturno, era apenas um menino de Lua.