JOGATINA

JOGATINA

As cartas não mentem jamais. O baralho sobre a mesa vai começar a ser distribuído, entre milhões de jogadores. O crupiê é algorítmico, sem cara e não confiável. Antes do início do jogo há uma exposição das “não regras”, para que todos sintam-se seguros da possibilidade de cartas marcadas tornarem o jogo viciado. Algumas características do baralho também são informadas, entre as quais destacam-se, o baralho não tem ases, em compensação, há um monte de coringas. Reis, damas e valetes não tem naipe definido, podem mudar de cor, sexo, religião, ideologia, partido. Ética é considerada carta fora do baralho. A compra de cartas não tem ordem definida, nem tampouco a mão segue ordenadamente, deve-se essa “não regra” a possibilidade de alguns jogadores possuírem trunfos que anulam jogadas, consideradas de risco para os donos do cassino, sabidamente legal e clandestino. Finalmente, a “não regra” mais importante, nenhum jogador sairá vencedor, apenas tem direito a participar e aceitar o resultado, sem direito a contestá-lo, afinal, não há prêmio em jogo, o jogo é proibido, e a pena para quem participa dessa jogatina é ser jogado na prisão das ruas, sem direito a defesa.

PS: todas as cartas são um grande mico.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 13/04/2018
Reeditado em 13/04/2018
Código do texto: T6307176
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