PERDIDO NO NADA

Foi dentro de um sonho bastante agitado que eu me vi andando apressado, quase correndo, por umas ruas esquesitas que nunca as vi na vida real, ao tempo em que, cuidadosamente, eu levava em meus braços uma neta de mais ou menos dois anos de idade.

Segundo a história desenvolvida no sonho, nós íamos para uma festa organizada pela empresa em que eu trabalhava, mas, o mais admirável é que meus sonhos costumam deturpar as imagens, o tempo e os sons, tendo em vista que há muitos anos deixei de trabalhar em empresas e que, também, a referida neta que eu carregava já estava na idade adulta enquanto eu sonhava.

Consta que não foi possível localizar a festa, pois todas as casas da rua pareciam gêmeas; eram perfeitamente iguais. Enquanto isso eu perguntava a uns e a outros qual seria a casa da festa e como se todos fossem mudos, nada me respondiam.

Um desespero passa a se apoderar de mim ao ver que a noite se aproximava e eu já me sentia cansado de tanto correr por aquela rua de terra, tão comprida, que parecia nunca ter fim. Eu andava tão apressado na busca da tal festa ao ponto de me sentir distante de tudo e de todos. De repente as casas da rua desapareceram e nós já estávamos em um lugar quase que desabitado. Eu só enxergava uma casinha aqui e outra bem longe, mas não parava de andar, e não aparecia uma só pessoa a quem eu pudesse pedir ajuda. Comecei a andar mais ligeiro ainda, descendo e subindo ladeiras na esperança de encontar alguem e passei a sentir como se estivesse indo a lugar nenhum. De repente, eu estava num lugar totalmente desabitado quando avistei um ônibus parado, e em desespero fui lá. Perguntei a um homem vestido num uniforme azul, se o ônibus passaria pela cidade onde eu morava (disse-lhe o nome do lugar), mas ele me respondeu que desconhecia; que nunca ouviu falar daquele lugar.Perguntei onde eu poderia comprar algo para comer, mas ele respondeu que na redondeza não havia nenhum tipo de comércio.

Tudo à vista era desolação; era mato; era verde. Falei ao homem que estávamos com muita fome e muita sede, mas ele entrou no ônibus, deu partida e saiu com um barulho de turbina a jato, e lá nos deixou. Naquele momento o Sol já se escondia atrás de umas montanhas e logo víamos pequenas luzes de candeeiro ali e acolá. De repente, como por uma abdução, minha neta desapareceu de meus braços e eu cai em total desespero.

Queria voltar para casa e, sozinho, comecei a subir uma ladeira areenta, íngreme, e escorregadia. Nela eu me arrastava numa areia muito fria, mas minhas forças iam diminuindo ao ponto de sentir que iria morrer soterrado.

Eu olhava para baixo e via que estava totalmente perdido numa montanha arenosa e em pleno escuro, até o instante em que, ufa..... graças a Deus, suado acordei.

José Pedreira da Cruz
Enviado por José Pedreira da Cruz em 19/11/2018
Reeditado em 13/05/2020
Código do texto: T6506707
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.