Afinal, qual é a sua natureza?

Ah não sei, sei não sei, sei não, não não, sei, sei. Sei sei não, não, sei, sei sei, não. Não, se,i nã,o s,ei nã,o, s,e,in,ão, sei,nãose,nãoseiseisenseinaosei.

Compreendeu? Não sei...

Se compreendeu, então você sabe que não sei sobre o que estou falando. Exatamente, está claro: não sei do que falo; você sabe que eu não sei que sei.A conclusão óbia é: você sabe que eu sei que você sabe que eu não sei. Agora ficou mais claro? Não sei não.

Bem, deixe-me explicar melhor: você sabe que eu sei que você sabe que eu não sei o que estou falando, assim, não espere alguma coisa lógica, ou alguma coisa com algum sentido, pois, na melhor da hipótese, sairá apenas sabendo menos do que já sabe até agora, entende? Sei. (Momento Ha-Ha) agora compreendo o que esta falando - ficou claro, SEI.

Então, me explique o que você sabe o que eu não sei, porque o norte está confuso, não sei o que falo, não sei que rumo tomar. Explique-me: me explique o que não sei, pois você sabe o que não sei e, portanto, saberá me nortear, saberá me guiar. Saberá tirar o NÃO e fazer imperar o SEI para toda a eternidade.

Mas como você sabe mais do que eu sei? Eu estou em contato com o caos, o turbilhão de acontecimentos e em contato com os fatos intimamente!!! Se você, sem contato com meu mundo, sabe mais do que eu, então, devo estar alheio ao meu mundo mesmo vivendo nele? Ilação cabível se, e se somente se, você estiver fora de mim e, mesmo assim, compreendê-lo melhor do que eu.

Que mundo vivo, aonde estou? No mundo de outrem: nem pensar! Na realidade última: sandice. No limbo, isso, no limbo e no transito impertinente entre eu e o exterior, sem, contudo, agarrar e compreender nada. Sei, estou começando a compreender melhor o que não sei.

(Peraí, quem é você? Afinal, qual a sua natureza? Como posso ter dito isso se não sei quem você é? Posso ter falando merda, então vamos analisar melhor. Para sua saúde mental, desconsidere o parágrafo anterior. Não sei não. Sei. Não se.. Falei que sei pohhra. Agora sei do que falo!).

Sabe mais do que eu, porém, é tão fantasmagórico quanto seres oníricos. Por vezes, vejo-o nos sonhos, mais raro, porém, nas meditações. As vezes, você me faz sentir desconforto sem eu saber o porquê! Me faz odiar algum sabor, cena ou falar determinadas coisas sem coerência. Grita e não o escuto. Me guia 24 horas, me faz um autômato em atividades mecânicas, mas raramente noto sua aparição. Um germe, capaz de conduzir minha psique clandestinamente, e, eu mentecapto, acho que estou na direção - no controle da situação.

Inconsciente? Não é a melhor palavra. Palavras limitam o significado das coisas e as tornam apenas aprazíveis ao plano da consciência. Ora, a não denominação de algo é torturante. A qualificação é terna, morna. Posso atacar se somente posso ver, e modificar se apenas consigo remodelar. Acabo de materializar você como inconsciência (mesmo disforme, sei quem você é!). Apesar de incongruente e obtuso termo, posso agora, finalmente, te perguntar: como você sabe mais do que eu? Pode me ensinar o que não sei?

Por que hoje cedo fui ao mercado sem consciência do percurso, de levar a colher a boca, de efetuar cálculos. Sim, você conduz meu comportamento, modela-me para adequar num contexto - para minha proteção?

Sei, estou começando a saber mais do que não sei. Sei, mas e agora? Saber tudo que você sabe fará que eu aplique melhor esse conhecimento? Ou, manter oculto o que não sei é a melhor maneira preventiva de não se suicidar com o horror de tantas contradições e distorção da psique (mais que fragmentária)?

Uma forma de manter a coerência de minha identidade? Uma maneira para que tenha uma ilusão que estou no controle?

Para para desfrutar de uma felicidade barata - de livre arbítrio - é necessário ocultar tudo sobre a verdade subjacente a razão precisa e predeterminada? Entre o SIM e o NÃO SEI, fico com o SIM. Sei saber, agora, um pouco do que não sabia antes.

Saber que você (inconsciente), agora mesmo, está associado e amalgamado na minha existência. No fim, sei do mesmo tanto, mas a impressão que tenho é de uma expansão do quanto sei; afinal, a minha totalidade de conhecimento manteve-se inalterada.

De fato, parece contraditório, mas talvez isso explique o ínfimo conhecimento que tenho de eu mesmo; a contenção da automutilação e destruição voluntária do próprio ser; da eterna disparidade de conhecimento que eu próprio sofro.

Sei, sei, sei sei,sei seis,sei,sis,sissei.