Zahir

Segundo o escritor Jorge Luiz Borges, a idéia do Zahir vem da tradição Islâmica, e estima-se que surgiu em torno do século XVIII. Zahir, em árabe quer dizer visível, presente. Incapaz de passar despercebido. Algo ou alguém que , uma vez que entramos em contato , termina por ir ocupando pouco a pouco o nosso pensamento, até não conseguirmos nos concentrar em nada mais. Isso pode ser considerado santidade, ou loucura.

(Faubourg Saint-Péres)

É foi naquele bar

Noite alucinada

Noite fria lá fora

Quente dentro

Dentro de mim

Ao deparar-me com teu olhar fixo

Que atravessava minha carne

E desnudava-me com voracidade

Um olhar que buscava muito mais que a carne

Mas buscava minha alma

Como se ela pudesse dar respostas

Aos teus anseios nunca satisfeitos

Mesmo depois de devorar por completo tuas presas

Estavas acompanhado

Eu também rindo e brincando

Com a minha turma da noite

De muitas noites e tempos diversos

Mesmo sendo solar

Era a noite que fazia

Com que a orquídea negra

Desabrochasse em seu esplendor

Dois raros buscadores

Ocupando o mesmo espaço

Eu buscando o glorioso guerreiro

Você buscando a sólida base

Para poder alto levantar a tua lança

Mas eu estava me divertindo

Distraída e entretida com meu grupo

Você crendo eu mais uma caça

Intrigado já que percebia um brilho diferente

A força do sol a brilhar dentro da noite

Mas nem sol, nem estrela e nem lua

Apenas um sol negro oculto

Em inúmeros véus para iludir

Tu tentavas atravessar o último véu

Eu gargalhava, pois sentia tua força

Mas sabia que não poderias romper

A menos que se tornasse merecedor

Parti com meu grupo alegremente

Tu permanecestes com tua fêmea

E teus amigos e tua vida, tua rota

Eu segui a minha, entre risos e lágrimas

Para aqueles que fiéis são a si mesmos

E ao caminho que escolheram

O caminho é traçado proporcionalmente

Entre dores e alegrias, sombras e luz

Sangue e êxtase.

Estranhamente hoje,

longe daquele bar

Sinto o alcance de teu olhar

Ainda a me penetrar a alma

Sinto tua fome de mim

E tenho sede de teus lábios...

Esta fome e esta sede

Se uniram ferozmente

E não obedecem mais

O comando de nosso querer...

Forças de obstinada atração

Apenas homem e mulher

Que na alma se encontraram

E na carne buscam consumar

Antes que o fogo os consuma...

Não há distância, nem tempo

Que possam nos impedir

De nos sentirmos, seja como for

Somos frutos da mesma árvore

E esta árvore é frondosa e forte

Assim como o carvalho o é

Apenas um homem e uma mulher???

Susie Sun
Enviado por Susie Sun em 19/09/2007
Código do texto: T658781
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