O romance entre a vida e a morte

A humanidade está imersa em um paradoxo da própria existência. Não compreendem que somos fruto da antítese romântica entre a vida e a morte. A morte nem sempre foi depreciativa e a vida, por mais difícil de enxergar, não era reservada.

Tudo começou com uma grande expansão de tamanho nulo e alta temperatura. O que existe foi criado juntamente com a grande antítese: matéria e antimatéria. Mais tarde, chamada de vida e morte pelo tamanho reduzido de 1856 que a humanidade se encontra diante toda a autenticidade do big bang.

Assim, sendo responsáveis pelo o que preencher do imenso vazio do universo, a vida e a morte davam origem a tudo que, ocupando por inteiro o cosmos em que viviam, porém sempre separadas, habituadas com o platonismo de suas criações e desfeitos. Embora sozinhas, enxergavam a si mesmas como necessárias e parceiras de um grande feito, até que uma supérflua ideia gerou toda a cascata de reações definitivas ao perecimento de ambas.

A vida, insatisfeita com seu trabalho, pois não via suas criações como algo inteiramente biótico, mas como objetos indiferentes. A morte, por sua vez, não sentia que seus desfeitos eram realmente concretos visto que não havia algo para transformar em seus objetos abióticos. Desse modo, houve a ideia de consagrar seus significados por meio de uma única criação a qual prometia a profecia de um autoconhecimento de si mesmas: A humanidade.

A partir dessa fagulha aventureira o homem surgiu no ápeiron, prole do tédio. Assim como todo início, houve prosperidade. Seus criadores encontraram seu sentido e, supostamente, entenderam a sua existência. A humanidade, em sua plena juventude, foi evoluindo juntamente à expansão do universo, contudo, não na mesma proporção. Sendo essa grande diferença um dos motivos de todo o caos gerado.

O ser humano se corrompeu, levava sofrimento e agonia por onde passava, seu legado passou a ser de desespero. Enquanto essa herança se formava, a morte e vida incorporaram as suas características, o sentimento mundano. Dessa maneira, surgiu entre eles uma aproximação totalmente imprevisível, afinal duas antíteses jamais ficariam juntas.

Em meio ao Caos, o amor surgiu. A morte e a vida se apaixonaram. Imergiram no mundo de sentimentalismo da raça humana e cegaram-se dentro de ilusões e displicências ensinadas pelo homem. Nessa complexidade de síncreses extraordinárias, a vida enxergou o horror de sua criação e a morte se culpou por não ter controlado essa infecção.

Diante disso, a angustia caiu sobre a vida torrencialmente, e a culpa sobre a morte, ambas dentro de uma perpétua bolha de putrefação. Entretanto, tal consequência do contato da matéria com a antimatéria, não pôde ser desfeito, tornando a dor inexorável em algo comum durante sua eternidade.

A vida foi a que mais sofreu. Seu significado de benevolência foi degradado, sentia seus atos como desnecessários e ansiava pelo seu encontro com seu amor: a morte. Ela sabia que caso se aproximasse da sua verdadeira felicidade, tudo seria perdido, entraria em um limbo de sofrimento que não conseguiria escapar. Não obstante, atual dor não seria inferior à da suposta perdição, já que estaria sempre com sua amada morte.

A morte, sem saber o que fazer para atuar uma vez que sua função não ajudaria na amenização da dor de sua amada, entrou em uma autodestruição, mas, por ser imortal, sem fim. Se sentia incapaz, não conseguia levar calmaria a sua parceira e não era o suficiente para acabar com todo esse pandemônio criado por uma simples aproximação. sabia que a vida aspirava sua companhia, assim como ela, mas não poderia permitir, pois não aguentaria ver o sentido de sua existência no limbo que possui, visto que seria obrigada a viver em uma distância próxima da felicidade. Desse modo, aquelas que deram aurora ao infinito, estavam desamparadas.

Certo dia, cansada de ver suas criações proliferando o sofrimento, a vida correu ao encontro da morte, a qual não teve tempo de reação e acabou aglutinando sua amada dentro de seu limbo, tornando-se incapaz de tê-la novamente. Embora soubesse que não adiantaria, tenta até hoje, adentrar dentro de si mesma ao encontro do seu amor, a cada tentativa, há a perda de um pedaço seu acompanhado com a dor do século. Notando isso, tenta arduamente, pedaço por pedaço, para dar sentido a sua existência novamente.

A vida, notando seu grotesco erro, admitiu sua incompetência e aceitou solidão como mais um vetor da doença que a destrói, tentando, exaustivamente, criar e criar até que o limbo a que pertença seja preenchido, assim como o universo em que já trabalhara, para que possa conhece-lo por inteiro e finalmente encontrar seu eterno amor.

Diante desse insaciável ciclo de reaproximações se define o tempo, a morte e a vida tentando se reencontrar para que esqueçam o platonismo existente no inicio de suas funções. Embora haja todo esse esforço, o homem fez o tormento ser parte de sua essência e impediu o surgimento da alegria na utopia em que vivia, não deixando opção às suas criadoras, a não ser de voltarem ao que eram momentos antes da explosão: incompletas, mas, dessa vez com a certeza de que nunca alcançará a parte que lhes faltam.

Toda essa história sustenta o egocentrismo humano que ignora que sua fútil existência se baseia no sofrimento de dois seres imensuráveis, esperando encontrar suas felicidades. Assim que atingirem tal meta, a humanidade deixará de existir, sendo apenas assim possível entender que a repulsiva essência que possuem é um nada comparado a essas duas divindades as quais sofrem nas costas toda a culpa que o homem deveria carregar a cada geração asquerosa que cria, até transmutar-se na poeira cósmica e apática da qual nasceu.

matador de espectros
Enviado por matador de espectros em 03/07/2019
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