O sertanejo

A terra sulcada de seca.

Capa amarelada, o rosto de Zé Amaro sulcado de sol, a faca na bainha, sem reluzir. Nem uma casa em vista; calangos largados à beira das estradas ausentes.

Tu olha pra cima e só vê o Sol, olha pra baixo e só sente o Sol, olha em frente e vê um anjo; um anjo empunhando uma espada de fogo, no meio das veias...

Zé Amaro abriu um sorriso, com ainda menos branco à medida que o Sol ia invadindo.

O anjo estático, a lâmina trêmula, e o homem vinha vindo...

- Ô Enoque! Viu lá o meu jabá?- Zé inquiriu na direção do anjo.

Zé Amaro não chegava nunca.

O anjo escancara as asas, apaga o fogo, levanta voo e se extingue no céu; o Sol fica.

Marcello Salvaggio
Enviado por Marcello Salvaggio em 13/12/2019
Código do texto: T6818336
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.