Não há nada mais natural numa sociedade do que indivíduos que não se comprometem com a honra. Acredito que para usufruir de uma vida melhor e mais tranquila, é preciso confiar o mínimo possível em seu próximo, pois a mentira presente na alma das pessoas é mais comum do que parece.
É com base nesse fato degradante presente na raça humana que me movo a escrever sobre o caso de meu companheiro de estudos, Wilson Virgínio, pois é um dos únicos capazes de sustentar literal e profundamente sua palavra. Longe de ser um infame desonrado, Wilson é a única pessoa que julgo ter a capacidade que pretendo esclarecer nas próximas linhas.
Parece haver um consenso entre as pessoas sobre como agir quando determinadas coisas ocorrem, e agir de uma forma diferente da esperada pode resultar em julgamentos extremamente negativos.
Embora Wilson seja amaldiçoado pela gente incapaz de compreendê-lo, ele sempre esteve certo de que fez o seu melhor. Imagino, contudo, que viva agora como uma carcaça ambulante.
Conheci-o há alguns anos na faculdade. Éramos da mesma turma de bioquímica e Wilson sempre fora um aluno exemplar e dedicado aos estudos. No segundo ano passou a dedicar-se com veemência ao fenômeno da adipocere que consiste, sumariamente, numa espécie de conservação natural de cadáveres e, com grande satisfação, falava de seus progressos numa experiência que conduzia com componentes químicos com o intuito de realizar uma indução a esse fenômeno.
A área de estudos na qual me aprofundei desde então era voltada para substâncias peçonhentas e minhas experiências visavam desenvolver uma espécie de antídoto universal capaz de neutralizar os efeitos das mais diversas toxinas.
Mesmo direcionados em pesquisas individuais, formamos um laço de amizade muito grande e não raro ajudávamos um ao outro em nossos pequenos laboratórios. Sempre compartilhamos ideias e sugestões e isso nos unia em nossas pesquisas, ainda que cada um se voltasse para uma área distinta.
Desde quando conheci Wilson tomei conhecimento de seu aspecto honroso e de seu sério compromisso com qualquer promessa que fizesse.
Certa vez o fiz prometer, com certo tom de troça, que fosse à minha casa para o jantar e, por mais que chovesse intensa e infernalmente naquela noite (coisa que não poderíamos ter previsto no momento do convite), Wilson apareceu todo encharcado a despeito de todas as minhas suposições, pois estava certo que não seria nem mesmo necessário ligar para avisá-lo que o combinado havia sido anulado pela força natural.
Essa não foi a única ocasião em que Wilson demonstrou sua perfeita honra em cumprimento de suas promessas. Não nasceu ninguém tão digno quanto esse homem, pensava eu.
Há algum tempo, Wilson relacionou-se com uma bela mulher de nome Anne que o amara tanto quanto ele a ela.
Anne fazia graduação em física na mesma universidade em que estudávamos, o que tornava comum e cotidiano o contato entre ambos. Era uma mulher muito atenciosa e nunca deixava de fazer carinhosas surpresas e de estar sempre ao lado do meu amigo. Preocupava-se em demasia com sua saúde e sempre o observava com um terno olhar angelical. Era uma companheira com a qual sonham todos os homens. Lembro-me de quando Wilson mencionava, pouco antes que eu perdesse contato com ele, o quanto seria sofrível pensar em cada uma das idiossincrasias de Anne caso ela o deixasse um dia, pois dessa forma não mais saberia o que é felicidade. E com o mesmo ímpeto dizia-me que nunca lhe prometeria nada que não fosse capaz de cumprir.
Durante as férias do final do segundo ano, Wilson e Anne resolveram alugar uma casinha campestre nos arredores da cidade para que pudessem desfrutar plenamente do relacionamento que levavam. E logo o fizeram, assim que as férias tiveram início. Como Wilson não deixava de pensar, um momento sequer, em suas pesquisas sobre a indução ao fenômeno da adipocere, levou consigo uma valise com alguns tubos de ensaios e certas substâncias químicas com as quais estava realizando seus mais recentes experimentos. Também levou consigo dois ratos brancos de laboratório com os quais realizava suas experiências. Motivado pelas reclamações de Anne que insistia para que deixasse essas análises para o fim das férias , prometeu-lhe que não estudaria por mais de uma hora por dia.
Anne concordou, um tanto relutante, com o acordo do amado que cumprira perfeitamente sua promessa e, dessa forma, passaram agradáveis momentos juntos. Essa aproximação do casal bem como a atenção resultante dessa isolação que ambos podiam agora direcionar ao outro serviu para intensificar o amor que emanava de seus corações.
Anne, arrebatada de paixão, durante a quarta noite que lá passara com Wilson, murmurou algumas palavras cujo reflexo posterior de sua essência me causa arrepios quando delas me recordo. O que ela disse, entretanto, não fora algo anormal ou mesmo digno de causar arrepios, pelo contrário, é algo que normalmente pode-se ouvir de casais apaixonados. Fora, contudo, o efeito que essas palavras tiveram no futuro o responsável pelos arrepios que sinto quando delas me recordo. Graças ao contato que mantinha com Wilson pude saber exatamente o que ela dissera, ou antes, indagou em forma de promessa:
“Wil, meu querido, prometa-me uma coisa, sim?”
“Claro que sim, meu amor, pode dizer.”
“Muitas vezes perdi a confiança nas pessoas pela falta de compromisso com o que dizem e os poucos homens que já amei na vida me abandonaram sem motivos e ignoraram meus sentimentos. Por isso quero que me prometa, com toda sua alma, que nunca me deixará. O que sinto por você é real e por isso quero que jure nunca me abandonar em circunstância alguma. Esteja sempre ao meu lado, querido, prometa-me isso.”
“Eu prometo, fique tranquila, pois meus sentimentos por ti são tão verdadeiros quanto os seus por mim e por isso juro que sempre estarei ao seu lado.”
Como Anne era sabedora da honra de Wilson, estava certa que essa promessa da parte dele seria suficiente para que sua felicidade ao seu lado estivesse assegurada como ela desejava.
O que, contudo, sucedera dois dias depois dessa promessa naquele lugar onde comemoravam suas férias alienados da desgraça que estava para acontecer, fora mais que suficiente para arruinar os planos de qualquer casal.
Sempre duvidei filosoficamente de acidentes extravagantes ou complexos em sua estrutura probabilística, mas depois de ler o relato de Poe sobre a existência de um anjo da excentricidade que seria responsável por esses tipos raríssimos de acidentes, passei a ponderar mais sobre o assunto e a mudar minha opinião.
No quarto dia de férias aconteceu aquilo que nunca antes acontecera com ninguém: logo pela manhã, por volta das oito horas, Wilson conduziu sua amada até uma pequena mesa de mármore instalada no jardim na qual tomariam o café da manhã. Wilson levantou mais cedo do que Anne e deixou a mesa preparada de antemão com café, bolo, pão e outras guloseimas. Tudo corria perfeitamente como num sonho de qualquer casal e tudo aquilo tornaria muito agradável aquela manhã, não fosse a cadeia de acontecimentos que sucederia.
Enquanto conduzia Anne até a mesa passando entre flores, arbustos e algumas árvores, Wilson notara a presença de um esquilo que corria e se esgueirava num pequeno arbusto cuja peculiaridade pareceu-lhe familiar, ainda que não o reconhecesse de imediato por distração em seus pensamentos.
Assim que chegaram até a mesa de mármore, mesa essa que se encontrava bem abaixo de uma grande árvore, Anne demonstrou sua surpresa pelo capricho e generosidade de Wilson agradecendo-lhe com um amoroso beijo.
O café da manhã seguia como planejado. Conversas sobre diversos assuntos envolviam-nos naquela manhã que mudaria para sempre a vida do casal. A única coisa que, durante poucos segundos, interrompeu o diálogo de Anne e Wilson, foi o som proveniente de um dos galhos da árvore bem acima da mesa e que foi produzido por um gato que, na tentativa de atacar um esquilo, colocou-o em fuga. Esse som assustou Anne de modo que a mesma deixara cair o copo com o qual tomava o suco.
Wilson notara, ao erguer seus olhos, que se tratava do mesmo esquilo que viu no arbusto de singularidade familiar, mas ignorou tudo aquilo, como na outra vez, e retomou seu diálogo com Anne.
Alguns minutos depois sentiu uma leve dor de cabeça e, em seguida, surpreendeu-se com a drástica mudança de comportamento de Anne. Ela cerrou os olhos e murmurou algumas sílabas desconexas. Por fim, caiu desfalecida sobre a mesa.
Wilson, surpreso, pulou da mesa na tentativa de reanimar Anne. Não conseguiu deixá-la consciente mesmo descobrindo que ela ainda vivia.
Meditando desesperadamente na causa de tudo aquilo, Wilson ergueu os olhos para a árvore recordando-se do esquilo e novamente a imagem do arbusto viera em sua mente. Como se algo nesse instante iluminasse seus pensamentos, agarrou desesperadamente o jarro de suco que bebiam e notou em seu interior o que havia desconfiado: pequenas sementes amareladas boiavam e se dissolviam lentamente no líquido.
Movido por indizível frenesi, correu até o arbusto no qual vira o esquilo pela primeira vez e logo compreendeu (pelas peculiaridades que lhe foram familiares) que se tratava de um espécime de autótrofo peçonhento que eu havia descoberto em certas regiões brasileiras e apresentado a Wilson no segundo ano da faculdade. Ainda que não o tivesse apresentado à sociedade botânica, nomeara o vegetal de Messianus paulinus e conduzia recentes experimentos com o mesmo.
Naquele exato momento, Wilson deduziu desesperadamente toda a cadeia de acontecimentos da seguinte forma: o esquilo que tivera contato com o Messianus paulinus retivera em seus pêlos algumas das pequenas sementes que o arbusto produzia nas quais se encontravam a toxina e as carregou consigo até o topo da árvore. Uma das peculiaridades daquelas sementes são os miúdos ganchos que se projetam de sua superfície e que facilmente podem se prender em pêlos de mamíferos. Após a subida na árvore, mantendo-se sobre um galho bem acima do jarro de suco, o esquilo foi atacado pelo gato que o fez girar bruscamente seu corpo a fim de fugir. Isso foi suficiente para que algumas sementes se desprendessem de seus pelos e caíssem no interior do jarro. Como nesse instante, vale lembrar, Anne deixou cair o copo de suas mãos, ambos se abaixaram para apanhá-lo, e isso foi suficiente para que ninguém visse a queda das sementes. Em seguida, Anne encheu seu copo, posto que agora estava vazio e Wilson, como já havia esvaziado o conteúdo do seu, fez o mesmo.
A toxina dessas sementes se dispersa facilmente em líquidos, o que foi suficiente para que ambos contraíssem o veneno ao tomar o suco. Entretanto, é digno de nota que, embora o efeito desse veneno seja letal, a cafeína é um componente que, segundo meus experimentos, é capaz de retardar seu efeito e isso explica o fato de Anne ter sido atingida antes dele, pois este tomou café antes do suco e Anne apenas leite. O efeito dessa toxina acontece da seguinte forma: ela induz o sujeito ao desmaio por neutralizar seus sentidos (o que não foi o caso de Wilson devido à cafeína) enquanto percorre sua corrente sanguínea até que, atingindo o coração, desencadeia um abrupto ataque cardíaco.
Wilson, estagnado de desespero ao identificar o Messianus, recordou de imediato do conteúdo de nossas conversas a respeito do mesmo e se lembrou de que assim que o veneno atinge a corrente sanguínea não leva mais de cinco minutos para causar a parada cardíaca. Isso significava que Anne possuía agora poucos minutos de vida. Wilson sabia que sua vida tinha uma duração um pouco maior do que a de Anne, embora estivesse fadado ao mesmo destino devido ao lento fluir do veneno em seu sangue.
Então, movido por mais essa lembrança, correu para o interior da casa, apanhou sua valise e a abriu rapidamente. Encontrou ali o que procurava: o antídoto daquela maldita toxina. A luz que iluminou a memória de Wilson, e que explica a presença desse antídoto em sua valise, consiste no seguinte: há cerca de quatro meses, reservei um sábado para ir até o laboratório de Wilson para que me ajudasse a realizar um experimento com o antídoto que estava elaborando contra a toxina da erva Messianus. Contava com algumas amostras vivas de coelhos e ratos que abundavam em seu laboratório para que pudéssemos induzir uma intoxicação e analisar o efeito do antídoto. Como eu já havia produzido o antídoto em meu laboratório, dias antes, tinha a intenção única de experimentá-lo naquele dia e foi justamente o que fizemos. Horas depois comemoramos o efeito desejado do antídoto, o qual foi capaz de neutralizar a toxina e então notei que não seria necessário modificar sua fórmula a despeito do que temia. Após brindarmos o sucesso do experimento, fui embora, pois já era tarde. Minutos depois, Wilson me ligou afirmando que restou, em seu laboratório, um frasco cheio do antídoto e que me entregaria quando nos encontrássemos. Como precisei viajar logo depois desse acontecimento, não encontrei Wilson até o incidente gerado pelo esquilo, o que explica a presença do antídoto em sua valise.
Entretanto, Wilson sabia, com muito pesar, que o conteúdo do frasco só teria o efeito desejado se fosse aplicado em uma única pessoa, visto que a quantidade do frasco, embora suficiente para neutralizar a ação do veneno em dois ou três ratos, era satisfatória apenas para um ser humano.
Com os olhos a escorrer lágrimas, apanhou uma seringa e a encheu com o conteúdo do frasco, correndo, em seguida, para a mesa onde Anne se achava sem sentidos. No instante em que ergueu o braço esquerdo de sua amada para aplicar-lhe a injeção redentora, uma lembrança o fez parar. Era a imagem de Anne recordando-o da promessa de nunca a abandonar sob circunstância alguma. Tal recordação o fizera cambalear pálido de modo que se esgueirou até a cadeira na qual há pouco tomava seu café. Sabia que sua vida acabaria em poucos minutos caso injetasse o antídoto em Anne e isso o impediria de cumprir a promessa que com tanto ardor ela o fizera jurar.
Um mal estar gerado pela toxina começou a atacá-lo nesse instante o que evidenciava que logo perderia seus sentidos assim como Anne. Seu estado era agora de um choro infantil e ao mesmo tempo carregado de profundo ódio. A figura pálida e rouca de Wilson nesse momento sentia que perderia os sentidos, e então, dolorosa e impulsivamente enfiou a agulha em uma de suas próprias veias, injetando todo o conteúdo da seringa. Caiu nesse instante sem sentidos e desse modo ficou durante alguns minutos até recuperar seu domínio. Assim que se levantou correu desesperadamente até Anne nutrindo uma vaga esperança e logo notou que já não vivia mais. Sua derradeira esperança estava arruinada, mas sua promessa a Anne seria cumprida.
A partir desse instante, Wilson passou a assumir uma peculiaridade facial assombrosa visto que sua palidez, segundo penso, nunca mais o abandonou. Desse dia em diante creio que foi incapaz de mudar seu semblante de tristeza indizível.
Com a mente voltada unicamente para o cumprimento de sua promessa, Wilson entrou num dos aposentos daquela casa e fez uso de um grande caixote que encontrara no porão para introduzir o corpo de Anne o qual enrolou cuidadosamente num lençol branco.
Colocando-o na caminhonete com a qual chegaram na casa, dirigiu até sua casa, assim que a noite se tornou densa. Percebendo que não teria testemunhas de sua chegada, levou o caixote até seu laboratório.
Wilson havia efetuado as últimas modificações relevantes na fórmula química com a qual trabalhava durante os primeiros dias de férias com Anne e agora surgira a necessidade de aplicação dessa substância.
Assim que levou Anne para seu laboratório, retirou-a do caixote e banhou o corpo com água extraída de um poço artesiano e sabão. Em seguida, deitou-a em sua mesa de experimentos no centro do recinto. Retirou usando grandes seringas o que pode de seu sangue e espargiu-o num grande recipiente de vidro. Então, retirou de sua valise a fórmula definida da substância química indutora do processo de adipocere e, com o auxílio de alguns tubos de ensaios aquecidos por fogo a gás, reuniu os elementos químicos necessários para produzir uma quantidade significante da substância.
As análises de Wilson, bem como seus resultados, nunca me foram reveladas em seus pormenores visto que, como mencionei, perdi contato com ele há algum tempo. Entretanto, posso dizer que dentre os componentes usados para a fabricação dessa solução líquida conservadora Wilson fazia uso de alguns metais alcalinos tal como o Sódio e o Frâncio, certa substância encontrada numa planta da família das Balanoforáceas que, segundo ele, reagia como excelente conservante, entre outros elementos.
A finalidade dessa fórmula, tal como foi deixado claro, era realizar uma indução a um efeito de saponificação da gordura animal para a devida conservação dos órgãos internos bem como de seus músculos. Wilson estava convencido que poderia conseguir isso apenas com o uso da fórmula que criara, o que dispensaria a umidade do ambiente requerida para esse fim.
Após a lavagem do corpo de Anne, tratou logo de banhá-la numa substância que produziu há algum tempo com o uso do autótrofo Cymbopogon winterianus, o qual possui efeitos repelentes para insetos que são uma grande ameaça para a conservação de cadáveres.
Logo que a solução química, na qual trabalhara arduamente e que agora preparava com a fervura de seus tubos de ensaio, ficou pronta, introduziu o quanto pode no corpo de Anne com o uso das mencionadas seringas substituindo, dessa forma, seu sangue por essa substância.
Apenas esses passos seriam suficientes, segundo Wilson, para que a gordura de Anne fosse lentamente saponificada o que a tornaria incorruptível por dentro e por fora, pois a gordura assim conservada serviria como proteção às vísceras e à até mesmo à pele. Além do que a pele estaria protegida contra pragas pela Cymbopogon winterianus.
Wilson, logo após esse acontecimento, enviou-me uma derradeira carta contando o que redijo aqui e em seguida desapareceu. Para meu curto conhecimento é simplesmente impossível dizer, com exatidão, qual foi o resultado desse experimento. Não sei como ele vive hoje, embora possa deduzir ao que se dedica atualmente. Como nunca presenciei erros significativos da parte de Wilson, acredito que ele vive ao lado de sua amada Anne cujo corpo se conserva incorruptível e que, desse modo, cumpre lealmente sua promessa de nunca abandoná-la sob circunstância alguma.
Como nota final, considero relevante acrescentar que para cumprir plenamente tal promessa, temo que Wilson esteja trabalhando com afinco obsessivo tal como sou levado a crer por certos princípios numa fórmula capaz de mantê-lo eternamente vivo.
                                                                 Fevereiro de 2010

 

Alexandre Grasselli
Enviado por Alexandre Grasselli em 19/01/2021
Reeditado em 16/05/2022
Código do texto: T7163484
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