Dú iú ispiqui inglix?

Na tabuleta presa precariamente por um cordão amarelo, no alto da porta, uma espécie de epigrama – desta banda, noutro tempo, com uma luneta telescópica bronzeada, tudo poderia ser visto. Uma sala, no quinto andar de um prédio antigo do centro antigo, no começo do corredor, à direita, logo depois da porta do elevador claudicante. Na verdade, procurava um professor de inglês, e haviam lhe indicado aquele local. Contudo, deu com aquela frase, na primeira porta. Estacou ali, leu e releu. Sem compreender porque, resolveu bater. Com o nó do dedo médio deu duas leves batidas na porta. O silêncio voltou. Esperou, ninguém atendeu. Olhou mais de perto a tabuleta, só então percebeu que, na borda inferior, em letra minúscula, estava escrito – entre sem bater. Entrou. Era uma sala ampla, praticamente vazia, no fundo, próximo a uma pequena janela, uma luneta sobre um tripé. Além da luneta, uma cadeira, encostada na parede à esquerda. Na parede inversa, uma portinhola, com outra tabuleta – aguarde e aproveite a vista. Melhor procurar o professor de inglês, era o mais sensato, mas não, ficou. Puxou a cadeira até a luneta, posicionou o olho junto a lente ocular, e mirou. O coração deu um salto do peito. Viu a flecha a caminho, deslocando-se. A ponta metálica aproximando-se, a vibrar quase imperceptivelmente. Tirou o olho. Afastou-se da cadeira. Pensou em sair, outra vez, e outra vez ficou. A luz da sala de inopino perdeu claridade, assombreou-se. Na portinhola, da parede lateral, o trinco se moveu. Numa simbiose entre os ambientes, enquanto a pequena porta lentamente se abria, o jorro de luz, que de lá advinha, misturou-se à penumbra que havia tomado a sala. Do interior da luz, o chamado: o próximo! Desde sempre estivera sozinho, mesmo assim, certificou-se. Chegou à porta, às cegas, a luz mais que resplandecia, tudo é luz e luz é tudo. Entrou. Pareceu afundar, no primeiro momento, depois flutuou, na amplitude iluminada.