Tormentas

Vira, cobre o espelho fedelho. O raio no aço do olho raiou. Havia avisos contra todas as vertentes de luz proibindo evocar naquelas horas tesouras e outras tremeluzentes quaisquer pontiagudas a evitar que uma descarga acertasse a omoplata descarnada pela energia descontínua que certamente não haveria de ser lânguida. Tremeluz, a esta hora da madruga, o reflexo da vela no ramo abençoado no domingo antes da santa sexta quando os santos de xale andavam pelo vale. Quem não aprendeu a rezar vai a reboque indagando refratários os fios condutores magnéticos desafiadores da escuridão calada entre o credo e a cruz. Conta o tempo de trovão em trovão, uma hora a conta encolhe, a conta escolhe o vil clarão e enche os olhos até as bordas, enquanto o bucho vibra retorcido numa sofreguidão de dar nó. Logo vem um fio a puxar o vento e o vento a puxar um fio de silêncio, como se tudo caísse pelas calmarias de efetivas permanências estreladas praticamente desfiadas entre as últimas nuvens. O espelho vira a cara e chacoalha o pano bordado pontilhado pela luz acumulada até se fixar na foz do infinito, outra vez.