Amuleto da sorte

- Minha avó confia em você - declarou de supetão Amelia-Rose.

- E isso é bom ou ruim? - Questionou Myles, mão no queixo.

- Ela diz que você é capaz de colocar coisas complexas em termos simples - prosseguiu Amelia-Rose. - Não somente sobre computadores, mas sobre impostos, legislação...

- Você acaba aprendendo alguma coisa quando desenvolve pacotes comerciais - redarguiu Myles com modéstia. - E sua avó, não somente por ser sua avó, aprende muito rápido.

- É, isso deve ser de família - Amelia-Rose deu uma piscadela para o namorado. - Mas voltando ao assunto confiança, ela me disse que vai usar a sua expertise para abrir um negócio.

Myles ergueu os sobrolhos.

- Sua avó não me pareceu muito interessada quando lhe falei de criptomoedas, embora tenha pego o conceito rápido.

- Nada de dinheiro de faz de conta - replicou Amelia-Rose. - Ela quer abrir um negócio de verdade, no mundo real.

- Do que exatamente estamos falando? - Questionou Myles.

- Um café. Ela quer abrir um café e usar um pouquinho de magia para turbinar tudo o que for servido lá.

Myles pôs a mão na boca, pensativo.

- Um café... - disse por fim. - Sim, percebo como essa ideia chegou até ela. Só não vai poder potencializar demais os efeitos do que quer que vá vender, ou vai atrair atenções indesejadas.

- Nada de biscoitos de euforia ou chá de trevo de quatro folhas - divertiu-se Amelia-Rose.

- Esse, imagino, seria um chá de boa sorte? - Questionou Myles.

- Minha avó seria bem capaz de inventar algo assim - redarguiu Amelia-Rose. - Mas o que ela quer de você, não são sugestões sobre o cardápio, mas como faria para capitalizar o negócio.

- Capital? Ela pode tentar levantar um empréstimo no banco - sugeriu cautelosamente Myles.

Amelia-Rose sorriu.

- Acho que você já percebeu que minha avó não tem o perfil de quem vai até um banco pedir empréstimo...

Myles fez um gesto afirmativo.

- Ela não pode simplesmente fazer o dinheiro aparecer?

- Não é tão fácil assim. E como vai justificar essa mágica no imposto de renda? - Replicou Amelia-Rose.

- Ah, então é disso que se trata... mas é bom saber que ela pode realmente fazer acontecer.

- Mas aí, qual seria a graça? - Indagou Amelia-Rose. - Minha avó não quer levar a economia ao colapso, só quer abrir um pequeno negócio honesto...

- Então... sobre esse tal chá de trevo, não poderia fazer com que ela acertasse na loteria? Não uma quantidade obscena de dinheiro, mas apenas o suficiente para bancar o sonho dela?

Amelia-Rose deu-lhe um beijo na bochecha.

- Viu como ela tinha razão para confiar em você?

- [29-08-2022]