Coisas que nem o tempo apaga

O tempo passou, a resposta a minhas indagações foi o silêncio. Depois de um certo tempo foi ouvido um ruído que parecia querer reproduzir alguma palavra, não reproduziu, foi so um grunhido. A tensão se dissipou, e mais tempo passou. Num dado momento, a resposta daquela pergunta foi outra indagação, essa se deu muito tempo depois. Ironia ou não, a pergunta foi respondida com um questionamento e uma dúvida . A pergunta foi: "- Você está vivo?"...alguém mandou me matar?

Não será tão fácil assim se livrar de mim. Ela sabe que eu iria até os portões do inferno só para buscá-la. Um sentimento que duvida-se que tenha sido cultivado em somente uma vida humana. Passaria o esto dos meus dias com ela e voltaria quantas vezes fosse necessário, e seria dela enquanto vivesse meu espírito. Seria capaz de vir beijo se ela fosse a boca, sangue se ela fosse veia, mão se ela fosse mão.

Ainda me conecto a ela pelo pensamento, pela força do meu querer. Que esteja ela há anos-luz de distancia, ainda que por telescópio, ou nem a veja, só sentir a parte dela que ficou comigo basta. Ouvir sua voz, sua respiração, e até mesmo o calor das noites, lembrar dos longos passeios na Glória, no Aterro... As caipirinhas na Lapa, os assuntos que não faltavam, beijos e abraços infindos, a noites de luxúria e delírios febris. Não tinhamos hora pra chegar, sair, não tínhamos casa, éramos simplesmente dois, éramos os donos do mundo.

Tudo isso me vem a mente, me sobe as faces, salta as vistas, queima meu peito e me faz querer recuperar o sangue que corre em suas veias, o meu sangue. Qeuria tê-la, sentir o cheiro de seu óleo de maracujá, do cigarro misturado com caipirinha. Certas vezes parecia com o cheiro do meu avô, eu amo o meu avô e talvez, ela também. Sou refém de um sentimento e alvo de um fantasma que arrasta as pesadas e barulhentas correntes do passado.

Quem pode exorcisar esse bem querer?

Símio
Enviado por Símio em 07/12/2007
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