O funeral

O Funeral

Dim-dim era a babá. Diziam que sempre foi muda. Outros, além de muda, que sempre foi velha. Enquanto pequenos, não compreendiam como o mundo funcionava, e por um tempo gostavam dela. À medida que cresciam, aprendiam a reconhecer o papel de sua nobre linhagem na sociedade. E descobriam que havia seres que nasceram para comandar, outros para servir.

Havia ainda uma pessoa em fase de não saber ver diferença entre as pessoas além de serem grandes ou muito grandes. Na amável ignorância de seus primeiros anos, a caçula amava Dim-dim.

Um dia, Dim-dim não acordou antes do sol como de costume. A discussão sobre os custos do sepultamento foi tensa. Nenhum elogio à memória da defunta.

No meio da contenda, um clarão vindo do quarto da pajem. A cama e o corpo estavam em chamas. A vela da prateleira caíra, queimando os lençóis. A caçula abanava e sorria para a silhueta iluminada no pátio, acompanhada de seus antepassados vestindo branco. O corpo teve um funeral digno dos reis do passado.