APENAS UM BEBÊ

Não entendo esse silêncio. Onde está ele? Onde está ela? Que estranho... não tem ninguém aqui...?

Parece que está esquentando. Não consigo respirar direito. O ar parece que não entra. Preciso de ajuda. Choro. Em vão...? Continuo chorando. Nossa, que calor! Continua esquentando. Choro mais alto. Cadê eles? O que está acontecendo? Meu rosto já está todo molhado. Não sei o que fazer. Estou desesperado. Só sei chorar mais.

Começo a parar de chorar. Meus olhos vão fechando sozinhos. O calor está diminuindo. Dormi? Não sei. Abro os olhos. Alguém grande, usando vestes brilhantes, chega perto de mim. Me coloca nos braços. Eu aceito. Ele não diz nada. Apenas sorri. E como é agradável esse sorriso! Agora está me levando a algum lugar. Me beija na testa. Olha bem para mim. Olho bem para ele. É um olhar diferente. Sinto algo em seus olhos.

Agora entendi, só que não aceitei. De alguma forma ele conseguiu me explicar que eu estava ali porque fui esquecido, por meus pais, dentro do carro.

PS: Uma tentativa de prestar homenagem de alguma forma aos bebês inocentes que não pediram para nascer e não aguentaram as horas de sofrida e culposa tortura dos (ir)responsáveis.

Cláudio Theron
Enviado por Cláudio Theron em 12/01/2008
Reeditado em 08/02/2008
Código do texto: T813891
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