JUÍZO FINAL
(Em algum ano do século XXI, quando ainda havia Vida na Terra...)
Um jovem morre.
Ao chegar numa espécie de tribunal, entregam-lhe um papel com o veredicto.
Quando parecia ter terminado de ler, perguntam-lhe:
-Como se sente a respeito de sua sentença?
O jovem olha ao longe e respira, aliviado.
Responde com grande convicção e um leve sorriso:
-Livre.
Em seguida dizem para que os acompanhe, e assim o foi.
***
Ele havia lido, no papel: “Irás para um lugar onde não haverá mais poder nas mãos dos homens. Desse modo, não mais serão capazes de provocar medos, atritos nem destruições, e nada mais será perdido ou alterado. Assim decreto tua eternidade: tu nunca mais sofrerás de nenhuma desilusão...“
Ele parou nesta parte, não terminou de ler. Já havia se dado por satisfeito.
“Oras, libertar-se da prepotência do Homem? Que paz maior que esta poderia eu exigir?”, deve ter pensado. O local parecia ser o menos importante.
Ele, na verdade, estava prestes a ser trancado no inferno, mas, por seu ponto de vista, a pior agonia já havia passado... na Terra mesmo, em meio a humanos dementes...
Provavelmente era disso que ele queria fugir, quando decidira se suicidar.