Amigo do Diabo

Flávio chegou na cidade a cinco anos atrás. Maurício foi um dos primeiros amigos que fizera no trabalho. Ambos eram altos e magros. Maurício um pouco maior que Flávio, este era porém mais forte que Mauricio. Aos poucos a amizade cresceu e entre os dois rapazes estabeleceu-se uma longa e forte amizade. Ambos tinham na época em que se conheceram 19 anos. Juventude louca por descobertas e aventuras amorosas.

Flávio morava sozinho e com isso tinha um pouco mais de responsabilidade que Mauricio, que adorava paquerar e já tinha dois filhos com mães diferentes.

Os dias passavam e os anos corriam. Flávio foi várias vezes até a casa de Mauricio almoçar com este e sua família durante os finais de semanas. Finais de semanas estes que para Flávio eram os dias mais difíceis de serem suportados na sua solidão.

Com o passar dos anos Mauricio montou uma banda de rock e Flávio começou a ir assistir as apresentações do amigo. Mas a amizade aos poucos foi esfriando até chegar ao ponto de os amigos ficarem um ano sem se verem. É aqui que começamos nossa pequena estória.

Flávio está fazendo um curso de enfermagem e caminha na rua com a cabeça baixa, pensando nas provas e nos problemas que enfrenta com o pouco salário. A dificuldade é tanta que certamente terá que abandonar o curso, coisa que não gostaria, mas que no presente momento se vê obrigado a fazer.

No cruzamento de uma avenida um carro buzina e Flávio pára, assustado. Eram sete da noite.

--- Hei, Flávio! - grita alguém de dentro do carro - Flávio! Aqui! - uma mão se agita para fora do veiculo.

--- Mauricio! - diz reconhecendo o amigo que acena.

Caminha rapidamente até o carro do amigo.

--- Por onde tem andado? Tudo bem contigo? - diz o outro apertando sua mão. Nisso os veículos atrás começam a buzinar.

--- Tudo bem! - fala Flávio preocupado com o barulho que o amigo está causando.

--- Está indo para onde? Está estudando? - pergunta Mauricio sem se incomodar com as buzinadas. - Espera aí. Vou estacionar logo ali! - aponta uma vaga próximo da calçada em frente a uma farmácia.

--- Legal te encontrar amigo! Faz um tempão né? - diz ele depois de fechar o carro e se acercar de Flávio.

---- Acho que a última vez foi naquele show na Pizza da Nona, não foi? - diz Flávio segurando a pasta escolar contra o peito.

--- Isso mesmo! - Mauricio engordara um pouco e seu rosto agora estava mais quadrado, com olhos grandes e vigilantes.- Está fazendo o quê? Faculdade? - diz apontando para a pasta.

O outro rapaz ri.

--- Não, que é isso! É um curso de enfermagem!

--- Ops, desculpe cara! E tá fazendo o quê? Trabalhando onde?

--- Sou vendedor de móveis na Sopranu's.

--- Legal o trampo lá? - os dois sentam-se sobre o capô do carro.

Flávio consulta o relógio.

--- Dá para aguentar! Escuta cara eu gostaria de falar contigo, mas é... tá quase na hora... poxa, me desculpe mesmo...

--- Sei, sei, tudo bem... o vagabundo sou eu mesmo... manda ver mano... - ele colocou a mão no bolso do casaco que usava. Estava frio, começo de inverno. A mão saiu e entre os dedos ele tinha um cartão.

--- Olha, me liga dia desses para nós marcarmos uma cervejada. A gente precisa conversar mais.

--- É! - Flávio sorriu sem jeito - Vou ligar!

--- Legal! Talvez eu ache alguma coisa melhor para você do que vender camas e sofás.

Mauricio entrou no carro e Flávio caminhou rapidamente até a escola.

Dias depois os dois rapazes se encontram em uma boate da cidade.

Flávio está sentado em uma mesa no canto, enquanto Mauricio está no centro do salão dançando junto a uma moça loira, alta e bonita.

Certo momento o rapaz da pista percebe o amigo no canto escuro e sorrindo pega a loira pela mão e a leva com ele.

--- Hei, cara que é isso? Tudo bem? - diz ele esticando a mão -

--- Ora, que prazer!- a expressão no rosto de Flávio é a de quem levou um susto. - A gente sempre se encontra assim, sem marcar, nos lugares mais impróprios né? - indicou uma cadeira e o amigo sentou-se.

A moça loira sentou no colo de Mauricio.

--- Ah, ia me esquecendo, essa é a Jane. Jane esse é meu grande amigo, quase irmão, Flávio.

A mão delicada de unhas pintadas e reluzentes foi esticada e Flávio desceu os lábios sobre as costas da mão.

--- Humm, cavalheiro! - sorriu ela mostrando belos dentes e um sorriso encantador.

---- Hei, que é isso!? Precisa disso não meu amigo. - e riu em alto som Mauricio.

Flávio não entendeu o riso do amigo. Apenas tentara se mostrar educado.

---- Ora Mauricio, deixa teu amigo em paz. Não é todo dia que encontramos um homem assim. - disse Jane.

Flávio estava meio sem jeito para lidar com a situação. Via pelos olhos que o amigo a sua frente estava um tanto quanto abalado pelo álcool e já sabia, das vezes em que saíram juntos quando trabalham no mesmo local, que Mauricio ficava irritadiço e difícil de tratar quando bebia.

--- Cala sua boca sua piranha! Olha saí daqui e deixa eu e meu amigo conversar um pouco tá! Agora vai, suma! - disse isso a empurrou do colo.

Flávio assistia a tudo calado.

--- Gostosona, mas burra que dá dó! E aí amigo? Por que não me ligou?

---- Sei lá! Estou numa correria. Nem lembrei!

O outro rapaz de cabelos com gel e sobretudo acendeu um cigarro e virando a cabeça para trás, num angulo artístico, soltou uma baforada de fumaça no ar.

--- Então? Tá afim de ganhar uma grana e deixar de vez aquele serviço boçal?

Flávio estava tomando um gole da cerveja quente que estava no copo e a pergunta o pegou de surpresa.

--- Como? O que está dizendo?

Mauricio dobrou seu corpo sobre a mesa e seu rosto quase colou com o do outro rapaz.

--- Tutu! Grana! Money! Tá ligado?

--- mas.. mas como assim? Trabalho? Tem um serviço melhor para mim?

--- É! - sacudiu a cabeça - eu gosto de você sempre gostei. É o seguinte; tú só tem que ir com a gente quando sairmos daqui. Daí vai ver o serviço. Se gostar é teu. É moleza!

--- Bicho! Sei não! Isso tá parecendo esquisito! Tem droga no meio né?

--- Porra! E se tiver?! - disse voltando a sentar-se com a cabeça inclinada para trás soltando fumaça em círculos e admirando-os no ar. - Hoje em dia todo mundo vive disso meu irmão. De dia são uns santos de noite soltam os diabos que tem. A sociedade é assim mesmo. Falam uma coisa e fazem outra.

--- Sei não Mauricio! Isso pode ser perigoso!

--- Ah, qual é Flavinho?! Vai me dizer que vai continuar nessa vidinha de merda que levas? É isso que sonhou para sua vida? Um nada, um Zé ninguém? Acorda mano, a vida é dura e só os mais fortes sobrevivem. Os mais fortes e os mais espertos, sacou?

Flávio ficou a pensar nas palavras do amigo. Mauricio parecia realmente Ter mudado de vida. Vira o carro novo que tinha, as roupas que usava. Estava sempre bem alinhado.

--- E a banda? Deixou o Rock? - tentou mudar a conversa.

--- que porra de banda! Aquilo lá era besteira, não tinha futuro. Mas pelo menos conheci gente que me mostrou o meu caminho. Tô na boa Flavinho. Sério mesmo mano! Sabe quanto custa a hora com aquela potranca que estava aqui? Cento e quarenta paus nego! Vai ficar comigo a noite toda.

Era quase a metade do salário mensal de Flávio.

--- sério mesmo?! Está abonado então? - percebeu então que beijara a mão de uma garota de programa.

Mauricio ergueu um dedo e chamou o garçom.

--- Um Martini para mim! - e olhando para o outro - Pede o que quiser! Hoje eu pago!

O rapaz não gostava de sair e deixar outros pagarem o que bebia, no entanto, vendo que o que seu amigo dizia parecia fazer sentido consentiu e pediu outra cerveja.

--- E então? Vem com a gente depois, na saída? - insistiu o rapaz de sobretudo.

Flávio assentiu com a cabeça baixa. Ainda não tinha certeza se agia direito, mas o amigo estava certo. Levava uma vida miserável. Trabalhava, estudava, dormia e nada de se divertir. Durante o último ano essa era a terceira vez que ele saia para uma boate. Dera a sorte de encontrar Mauricio.

--- Beleza mano! - bateu no ombro dele - Vai ver como é moleza ganhar dinheiro!

Eram quase quatro horas da manhã quando Mauricio e a garota loira passaram por ele e fizeram um sinal para segui-los. Ele foi atrás.

Lá fora havia um outro rapaz no volante do carro de Mauricio e Flávio sentou-se atrás com a loira Jane.

---- Para onde vamos? - quis saber ainda meio assustado.

---- Toca aí João! - o rapaz de boné ligou o carro - Vamos conhecer a noite da cidade Flavinho. Fica frio! Tá comigo tá com Deus.

Jane ao seu lado mascava chiclets como cavalo que comia capim.

Eles rodaram a cidade durante quase meia hora, então em dado momento, próximo de outra danceteria pararam o carro. Mauricio pegou alguma coisa no porta-luvas e João ajeitou o boné. Ambos saíram para fora.

Flávio fazia menção de mover-se quando Mauricio disse seco:

--- Não! Você não! Fica aí com a Jane!- disse e saiu a passos rápidos - aproveita se quiser!

Flávio olhou de lado e a moça sorriu para ele, pegando o chiclets da boca com a ponta dos dedos, enrolando, enrolando, até fazer uma bola e jogá-lo fora.

--- E então? Não vai querer? Teu chefinho disse para aproveitar! - disse ela languidamente passando a língua pelos lábios.

--- Saí fora!- empurrando-a - Que merda de chefinho coisa nenhuma! Ele não é meu chefe, é meu amigo!

--- Grande coisa! Parece bicha enrustida!

--- ah, cala a tua boca!

Depois dessa pequena discussão os dois prestaram atenção na rua. Flavio estava suando frio. Assustava-se com a sombra das pessoas que passavam ao lado do carro.

Mauricio e o outro rapaz haviam entrado em uma rua escura onde havia alguns carros estacionados.

Já fazia quase cinco minutos que os dois havia entrado na rua. Flávio estava preocupado. Não sabia o que iriam fazer, mas com certeza não era nada legal. De sua testa começou a brotar algumas gotas de suor. A garota também estava com o rosto colado no vidro do carro.

--- Eu vou sair! - disse ele por fim.

--- Não! Fica aí! Não ouviu o que o Mauricio falou?

Mas já era tarde, ele estava do lado de fora.

Várias pessoas estavam na rua em frente a danceteria. Ele encostou-se no carro. O que estava fazendo ali? Que merda toda era aquela? Ele não era como aquelas pessoas. O que seus pais diriam se soubessem o que estava fazendo? E seus colegas de serviço? E se algo desse errado? "Besteira", pensou, " acalme-se, Mauricio disse que estava tudo bem, não tinha problema nenhum." Sorriu querendo se acalmar.

Nisso uma viatura policial passou pelo carro. Flávio abaixou a cabeça, com medo, e olhou para o outro lado. O veículo foi até a esquina e virou, voltando novamente pela mesma rua. O rapaz colocou as mãos no capô do carro e tentou fazer um ar de despreocupado, inclinando-se para trás, suas costas tocando o carro.

O policial que dirigia a viatura passou devagar e olhou firme para Flávio, este sustentou o olhar, para em seguida, assim que os policiais avançaram, virar-se rapidamente e entrar no carro.

--- Merda! Cadê o Mauricio? - disse ele para a loira que ficou no carro e agora lixava as unhas compridas.

--- Tá negociando! Às vezes é demorado, as vezes não! Logo tá aí!

Nisso um tiro ecoou perto do carro e eles viram Mauricio e João correndo.

Apreensivo, Flávio olhou mais nitidamente e viu que algumas pessoas corriam atrás dos dois.

João pulou pela janela e agarrou-se ao volante do automóvel. Mauricio seguiu o amigo e espatifou-se de encontro ao banco do carona.

--- Vamos, vamos!! Acelera! Vamos, porra!

--- Que aconteceu?- quis saber Flávio.

--- Anda porra! Vamos, vamos.

--- Não quer pegar!! Merda! - gritou João - Vamos dar no pé mesmo. Os caras tão em cima da gente!

--- Vam bora!- disse Mauricio pegando Jane pelo Braço e a empurrando para fora do carro.

Flávio ainda olhava pela janela vendo várias pessoas chegando perto.

--- Vamos! Corre seu merda! - ouviu Mauricio gritar - Saí daí, vamos! Rápido1

--- Tá! Tá! Vamos!- disse por fim assustado, pulando para fora do carro.

Começaram a correr em direção a uma rua lateral.

Nisso ouviram outro tiro e um grito. João colocou a mão na coxa e caiu no chão.

Mauricio olhou para o amigo caído e continuou a correr empurrando Flávio e a moça.

--- Vamos! Vamos, mais rápido! Mais rápido.

A turma enlouquecida se aproximava cada vez mais deles.

--- O João morreu? - conseguiu falar Flávio quando estava correndo lado a lado com Mauricio.

--- Não! Ele vai ficar bem!- mentira, o rapaz sabia que o ferido seria morto a pancada pelos membros da gangue rival.

Estavam chegando na outra rua quando a viatura policial apareceu de repente na esquina.

Assustaram-se por instantes. Olharam-se e no silêncio compreenderam que deviam dividir-se.

Flávio seguiu por uma viela estreita ouvindo os gritos dos que estavam atrás dele e as sirenas da policia ao longe.

Correu o mais rápido que pode. Seu coração batia acelerado. Suas pernas pareciam criar asas e ele se lembrou das vezes quando pequeno que sonhava voar de tanto correr nas ruas.

Mas os gritos chegando até seus ouvidos não o deixaram lembrar-se disso por muito tempo.

Sabia que menos de mil metros a frente havia um esgoto que corria a céu aberto com vários bueiros abertos. Se conseguisse chegar até lá poderia se salvar, bastava deixar-se cair naquele mar de podridão e sujeira e chegar até um dos bueiros. Com certeza os outros não teriam coragem de seguí-lo.

Suas pernas agora começavam a parecer mais pesadas. Estava ofegante, sua respiração entrecortada, mas não podia desistir. Faltava pouco para chegar até os bueiros. Menos de quinhentos metros. Viu um carro lá na frente apagar os faróis, provavelmente algum casal de viados, coisa comum naquele lugar, e apagaram os faróis para não serem vistos.

Nisso ele olhou para trás e viu que não estavam mais lhe perseguindo. Eles tinham desistido!

Parou de correr, colocando as mãos nas cadeiras e curvando-se para melhor respirar.

Nisso os faróis do carro acenderam-se iluminando-o.

Então percebeu que era uma viatura.

Os policiais aproximaram-se gritando.

--- Parado aí, seu safado! Parado aí se não quiser levar chumbo! - disse um policial gordo e com a farda desarrumada.

Ele apontava a arma para Flávio.

O rapaz estava assustado ergueu-se de uma vez levantando os braços, como se estivesse sendo assaltado.

--- Cuidado Magno, esses merdas andam armados! - disse o policial que ficara no carro, com a porta aberta cobrindo o outro.

--- Não! Não tenho arma! Eu..

--- Cala a boca, seu merda! Deita aí, vamos, deita aí! - gritou o policial - Coloca as mãos na cabeça! Na cabeça, vamos!

Flávio não sabia o que dizer. Sempre que ficava nervoso acabava gaguejando.

--- eu.. eu... por fa... fa...

--- Cala a boca! Fica quieto! - o policial estava exaltado.

Estavam em um local quase desabitado. Era perto das quatro da manhã. Estavam só eles ali.

Flávio viu o perigo que corria, quando o policial ao invés de pegar as algemas desabotou o cinto.

--- Hei, Marcos, fica de olho! Depois você vem fazer o mesmo!- disse se agachando sobre as costas do rapaz.

--- Heheheh! Fica frio, se aparecer alguém eu dou um toque! Manda ver! Fode esse viadinho.

Flávio sentiu o peso do homem sobre si e fechou os olhos. Nâo! Não podia estar acontecendo aquilo! Não! Começou a chorar!

--- Cala a boca seu merdinha! Você vai gostar! - puxou as calças do rapaz para baixo e deu um tapa nas nádegas brancas estiradas no asfalto.

--- Não! Nâo! NÂAOOOAOOOO! - o grito ecoou na escuridão da noite.

Meia hora depois o outro policial, o que se chamava Marcos fechava a braguilha da calça.

Flávio estava estirado no asfalto, lágrimas se misturavam com o sangue que escorria do anus.

--- Apaga essa dondoca! Vai acabar abrindo a boca! - disse o policial gordo para outro.

--- É! Não podemos vacilar! Vamos levar ele lá para aquele bueiro e jogá-lo lá dentro.

Flávio ouviu isso e resolveu que agora já não tinha nada a perder. Uma coragem não sabe vindo da onde lhe invadiu a mente e o corpo. Talvez pelo ultraje que sofrera, talvez por já não ser mais o Flávio do começo da noite. Talvez porque queria viver. Parou de chorar.

Virou a cabeça doída pelos socos que levara e viu que o policial estava de costas para ele a coisa de dois metros de distância. Estava arrumando a farda por dentro da calça.

Reuniu todas suas forças. Puxou as calças. Estava de noite e eles não notaram quando ele flexionou as pernas e num átimo de segundo atirou-se sobre o policial mais próximo.

Suas mãos cairam sobre o policial e este com o peso acabou indo ao chão. As mãos do rapaz rapidamente agarraram a cintura do homem e seus dedos cravaram-se no cabo do revólver.

Enquanto o policial revirava-se e gritava pedindo ajuda, Flávio puxou a arma e disparou para frente. O policial gordo pareceu chocar-se com uma parede invisível e seus olhos esbugalhados viraram-se lentamente para baixo indicando onde o corpo caiu logo em seguida.

--- Merda! - gritou o policial Marcos, o mais magro e comprido, soltando-se e ficando quatro no chão e vendo que Flávio segurava a arma fumegante na mão.

--- Tira a roupa! - ordenou Flávio, tomando uma coragem que a arma lhe impunha- Vamos! Tira a roupa! - gritou para o outro policial.

Vendo que não tinha outra opção o policial fez o que lhe pediu o rapaz.

--- Agora tira a roupa do seu amigo!

--- O quê?

--- Você ouviu! Vamos, rápido! Tira a roupa dele!

Antes do policial desnudar o morto, Flávio tirou a arma do coldre deste.

Agora com as duas armas na mão sentia-se mais forte, confiante. Era assim que os bandidos sentiam-se. Bandidos e policiais. Senhores da morte e da vida. Sim, com uma arma na mão ninguém lhe tocaria.

--- Agora deite-se debaixo dele!

--- O quê?! Eu não...

--- tsc..tsc..tsc..- disse mostrando os revólveres e movendo-os de um lado para outro.- tinha uma arma em cada mão.

--- Não.. eu não..

BANG!

--- AIIIIIIIIIIII! - o gritou morreu no ar, quando o segundo tiro acertou a cabeça.

Flávio assoprou o revólver e saiu assobiando pela rua vazia.