Terceiro dia - o fim.

Bituca foi acordado com batidas em sua porta.

_Abre Bituca, abre essa porta !

Levantou um tanto desorientado pelo sono e viu um dos gerentes da boca com um fuzil na mão.

_Anda logo, vamo subir que o Patrão tá chamando.

Quando se virou para calçar um tênis, levou uma coronhada na cabeça e desmaiou.

Acordou com um balde d´agua jogado em seu rosto, gritou desesperado, devido a água que entrou pelo nariz. Tentou se mexer e viu que tinha mãos e pés amarrados com fios de nylon, que entravam em sua carne cada vez que ele se mexia. Olhou para os lados, viu cinco homens armados, rindo e conversando entre si e pôde ver o Patrão, sem camisa e com um grande facão em uma das mãos.

_Meus camaradinhas, olha esse cara aqui, é o nosso Bituca, um cagueta, um X-9 safado que tá dando o papo para os "homi".

Bituca, tinha convicção que não era cagueta e que nunca havia conversado com um policial na vida, porém, o Patrão tinha descoberto uma trairagem e três de seus funcionários do tráfico apontaram Bituca como o alcaguete. O chefe do morro, com o ódio no olhar, decidiu executar Bituca, tornando-o exemplo do que acontece com quem trai o patrão.

Bituca iria morrer graças à lei infernal do mundo do crime, e pedia a Deus por sua vida, pois mesmo no meio de toda aquela perversão, nunca tinha matado ninguém e nem mesmo desejado a morte de alguma pessoa, mesmo do inimigo.

Então, quando o "facão de verdugo" ameaçava descer em seu pescoço, uma rajada de tiros atravessou o corpo do Patrão. Os outros integrantes da quadrilha olhavam para o mato e não viam ninguém, e atiravam às cegas. E com tiros certeiros, que partiam do meio das folhagens e de cima das árvores, foram sendo abatidos um a um.

De repente, saíram vários homens do meio do mato, com fardas camufladas, empunhando fuzis e rifles. Conferiram o terreno, e se os bandidos estavam realmente sem ação. Um oficial perguntou o nome para Bituca e ele disse:

_Adriano, senhor. Eu chamo Adriano Evangelista de Jesus.

O soldado cortou as amarras, liberando Bituca para ir embora e começar uma nova vida.

Mais tarde, Bituca descobriu que uma vizinha, com quem sua mãe o deixava para ir trabalhar quando ele era pequeno e que ele chamava de tia, viu ele sendo levado desacordado e avisou uma patrulha do Exército que havia tomado o morro. Ela salvou sua vida e ele chorou em seus pés, agradecendo, ela então disse que ele deveria agradecer a Deus, que ele havia escolhido outro caminho para ele.

Hoje Adriano Evangelista de Jesus é pastor evangélico, vive a pregar a não-violência e ajuda jovens carentes a não sucumbirem às tentações do tráfico de drogas. Desenvolve trabalhos como esportes, estudos bíblicos e oficinas profissionalizantes.

É a história de alguém que viu, viveu e saiu do cruel e sórdido mundo do crime.

FIM.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 07/08/2008
Reeditado em 07/08/2008
Código do texto: T1117149
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.