Detetive Mitchel e o Mercador de Almas

Jhon acende o cigarro enquanto dá uma boa olhada nas pernas da advogada que estava a sua frente, esta percebe puxando sua saia, em uma tentativa de esconder seus joelhos.

Jhon: Então?

Hikaru: Dra. Hikaru. Sou advogada do grupo Sakura.

Jhon: Estou sendo processado?

Hikaru: Não, meu empregador gostaria de contratar os seus serviços. Na verdade ele faz questão dos seus serviços.

Jhon: Nesse caso gostaria de dizer que você tem lindas pernas e deveria mostra-las mais.

Hikaru: Senhor Mitchel.

Jhon: Você disse que seu chefe faz questão dos meus serviços, neste caso você não pode ir embora – ele sorri – qual o trabalho?

Hikaru: Eu não sei, meu empregador disse ser confidencial e urgente.

Pouco depois uma limosine estaciona ao lado da mansão Sakura. Hikaru sai primeiro indignada, Jhon sai depois sorrindo, ele encara a advogada que logo vira seu rosto para o lado.

Jhon: Assim vou ficar magoado.

Hikaru: Primeiro o senhor elogia minhas pernas, depois olha dentro do meu decote e por fim tenta adivinhar a cor da minha calcinha.

Jhon: Mas eu acertei.

Sorrindo ele atravessa os portões da mansão percebendo que Hikaru ficou do lado de fora.

Hikaru: Minhas ordens são para esperar aqui.

Indiferente Jhon vai embora, deixando-a mais irritada do que já estava. Mitchel atravessa o jardim até chegar a frente da mansão propriamente dita, ele bate na porta ouvindo uma voz rouca e cansada de alguém mandando-o entrar.

Dentro da sala de estar Jhon encontra o diretor das empresas Sakura o senhor Ogura.

Jhon: Senhor Ogura?

Ogura: Sim.

Jhon: O senhor tem bom gosto para advogadas.

Ogura: O senhor é como me falaram.

O detetive sorri enquanto aceita um copo de uísque, Ogura também aceita um, ambos vão para o escritório onde Ogura sente-se mais seguro.

Ogura: Vou ser direto senhor Mitchel, gostaria que o senhor recupere algo que eu perdi há muitos anos.

Jhon: É o meu trabalho, o que o senhor perdeu?

Ogura: Minha alma, por favor recupere a minha alma.

Ogura: Por favor deixe-me explicar. Muitos anos atrás eu e meu sócio fundamos a primeira indústria Sakura, era uma pequena fábrica artesanal, éramos modestos mas felizes. Meu sócio tinha o dom para os negócios, ele era simpático, sabia atrair clientes e mais do que tudo sabia o que fazer e quando fazer, eu só o atrapalhava.

Jhon: Vocês brigaram separando-se em seguida.

Ogura: Não senhor Mitchel. Eu descobri que meu sócio planejava me abandonar e iniciar sua própria empresa, até ai eu não poderia discrimina-lo, não foi só isso que ele levou. Meu sócio levou minha esposa, eles eram amantes, foi quando ela apareceu.

Jhon: Ela?

O velho abre um arquivo pegando uma folha de papel entregando-a para Jhon, na folha havia um desenho de uma jovem.

Ogura: Esse desenho é um retrato falado daquela garota.

Era noite, o jovem senhor Ogura para a frente de sua casa, do lado de fora ele podia ver sua esposa e seu sócio se beijando. Ogura é tomado pelo ódio quando percebe que havia alguém do seu lado, era uma garota de aproximadamente 15 anos vestindo um uniforme colegial de longos cabelos negros, a garota mantinha uma expressão fria.

Garota: Eu sei o que você está pensando.

Ogura (irritado): Quem é você?

Garota: Por que quer saber?

Ogura (gritando): Isto é alguma brincadeira?

Garota: Se ficar gritando sua esposa pode ouvir.

Ele fica em silêncio olhando para aquela garota sem expressão, ele repara que a pesar de ser jovem a garota possuía um olhar sábio, porém triste.

Garota: Foi esse seu sentimento quem me chamou.

Ogura: O que você quer?

Garota: Eu posso vinga-lo. Seu sócio e sua esposa sofreriam em vida e em morte, eu mandarei ambos para o inferno, em troca quando você morrer sua alma também vai para o inferno.

Ogura: Isto não basta... minha esposa preferiu ele, meus clientes também, eu queria ser como ele para que isso nunca mais acontecesse.

Garota: Posso fazer isso também, mas terá um preço.

Ogura: Eu aceito.

De volta a atualidade Jhon acende um cigarro, com o consentimento de Ogura, os dois homens permaneciam em silêncio.

Ogura: Eu nunca tinha me sentido daquela maneira antes e nunca mais voltei a me sentir daquela maneira, eu estava hipnotizado por aquela garota, me senti como se pudesse contar tudo para ela.

Jhon: O senhor quer que eu encontre essa garota?

Ogura: Já fui a templos budistas, xintoístas, igrejas, nenhum deles acreditaram em mim e nenhum deles diz ser possível vender minha alma. O senhor é minha ultima esperança.

Jhon: Quantos anos desde o evento?

Ogura: Quarenta anos.

Jhon: Então esta garota deve ter 55 anos.

Ogura: Ela tem 15. O senhor também não acredita.

Jhon: Digamos que eu já vi muita coisa estranha por ai, aceito o caso.

Naquela tarde Jhon entra em uma loja de roupa, ele fica observando Aida de longe, algumas colegas de trabalho a avisam pensando que Jhon era um tarado, Aida diz conhece-lo, embora elas não estivessem erradas. Os dois se encontram.

Jhon: Não imaginava encontra-la em um emprego destes.

Aida (contrariada): Por que não?

Jhon: Você é muito consumista .

Aida: O que você quer?

Jhon: Você já ouviu falar de uma garota que se vinga por você em troca de sua alma.

Ela começa a rir constrangendo o detetive, logo Aida recupera a compostura, mas ainda dava risada.

Aida: Um garota vestida de colegial com longos cabelos negros surge em meio a noite para uma pessoa rancorosa oferecendo vingança em troca de sua alma imortal. Essa é uma lenda urbana.

Jhon: Meu cliente conheceu esta lenda.

Aida: Você não acredita nisso?

Jhon: Não, mas preciso encontrar alguém assim.

Ele sorri despedindo-se dela. Pouco depois Jhon estava a frente de uma escola, vários adolescentes passam por ele, logo ele ouve uma voz conhecida o detetive segue o som encontrando Rei, ela sorri.

Rei: Jhon, que surpresa.

Minutos depois eles estavam na cama, Jhon a beijava enquanto saia de cima dela, Rei tenta se cobrir ainda contrariada.

Jhon: Não a convenci?

Rei: Você me trouxe aqui para isso?

Jhon: Não necessariamente.

Rei: Eu estava errada em gostar de você.

Ela começa a chorar enquanto Jhon a abraça, ela abraça o detetive sorrindo enquanto fazia um “V” de vitória sem que ele visse.

Jhon: Mas seria importante para mim.

Rei: Desculpe, mas eu não vou me fantasiar de espírito vingador.

Jhon: É só uma lenda.

Rei: Não brinque com estas coisas.

Jhon: Tudo bem, você conhece outra pessoa?

Rei: Posso procurar por alguém.

A noite o detetive pensava em contratar alguma atriz ou prostitua para ajuda-lo, a Segunda opção era melhor pois vinha com um adicional, quando alguém bate a sua porta, era Hikaru.

Jhon: A que devo o prazer de vê-la.

Hikaru: Eu vim dizer que meu empregador está ansioso.

Jhon: Este trabalho é mais difícil que os demais.

Hikaru: Também vim dizer que ele está ficando louco e por isso pode ter pedido algo estranho.

Jhon (ironicamente): Não me diga.

O detetive mostra o desenho da garota misteriosa para Hikaru, esta olha atentamente enquanto ouvia a história de seu chefe.

Hikaru: por que o senhor aceitou este trabalho?

Jhon: Não sei, acho que queria ver até onde isto me levaria. Também era uma oportunidade de vê-la novamente.

Hikaru: Pare com isso senhor Jhon.

Ele levanta-se, cercando a garota, permanecendo frente a frente com ela, esta fica nervosa.

Jhon: Então por que veio pessoalmente ao invés de me telefonar.

Hikaru: Por que sou uma profissional.

Jhon: Por que está tremendo?

Ela tenta ir embora, Jhon segura Hikaru pelo braço jogando-a contra a parede, os dois se beijam. Jhon se afasta abrindo a blusa e a camisa da advogada com um puxão, Jhon beija os seios dela carregando-a a té sua mesa onde os dois passam mais de uma hora transando.

No final da noite Jhon tranca seu escritório, ele resolvera ir para casa, no caminho sente que estava sendo seguido. O detetive para a frente de uma loja de bebidas fechada enquanto espera que aquela pessoa se aproxime.

Garota: Infelizmente este lugar combina com você.

Uma garota de aproximadamente 15 anos vestindo um uniforme colegial de longos cabelos negros, olhos tristes e penetrantes sai das trevas encarando o detetive, Jhon estremece ao perceber a semelhança entre ela e o desenho cedido por Ogura.

Garota: Estava me procurando?

Jhon: Ogura mandou você?

Garota: Você sabe que não.

Jhon: Então foi a Rei ou a Hikaru?

Garota: Você sabe quem eu sou.

Jhon: E você sabe o que eu quero?

Garota: A alma do senhor Ogura, mas isso eu não posso dar.

Jhon: Você sabe muita coisa.

Garota: Você não acredita?

Jhon: Não.

Garota: Por que você não troca sua alma pela do senhor Ogura?

Jhon (sorrindo): Desculpe, mas não estou a fim.

Garota: Mas você não acredita.

Jhon: O que eu posso fazer por ele?

Garota: Nada, isto não depende de você.

Jhon: Por que você veio?

Garota: Você estava me procurando.

Jhon: Uma pena, uma garota tão linda ser tão séria, me diga o que a faz ficar com uma expressão tão séria.

Ele alisa os cabelos da garota, esta afasta a mão do detetive dos cabelos dela.

Garota: Tem alguém que você odeia?

Jhon: Você não tem nada a me oferecer.

Garota: Tem certeza?

Jhon: Existe uma coisa.

Ele se afasta forçando a garota a aproximar-se da luz, Jhon saca seu celular fotografando a garota, esta permanece inexpressiva.

Jhon: Não parece surpresa.

Garota: Isso não faz diferença. Como ficamos?

O detetive sorri.

No dia seguinte Jhon caminhava com Aida, esta havia sido demitida, para seu consolo Jhon comprou um sorvete para ela.

Aida: Então?

Jhon: Mais nada, ela foi embora.

Aida: Você não deveria se envolver com estas coisas.

Jhon: Ué não era uma lenda urbana? Uma colegial de cabelos longos fascinada por lendas urbanas fica muito parecida com um retrato falado.

Aida: Como ela te achou?

Jhon: Eu andei perguntando por ai, alguém como ela me encontraria.

Aida: Você fez algum acordo?

Jhon: “Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem. Existem”.

Os dois vão para o escritório de Jhon, o detetive torcia para que Rei não estivesse lá.

FIM