Detetive Mitchel e a Cruz de Sangue parte 2

Washington, alguns anos atrás – Joana dormia em sua cama enquanto uma sombra a encobre, mesmo estando inconsciente ela sente alguém puxar sua coberta. Ela muda de posição, o que faz com que tudo se acalme. Pouco depois uma mão começa a abaixar a alça de sua camisola, Joana acorda e reconhece o rosto de seu noivo Jhon Mitchel.

Joana: Que surpresa amor.

Jhon: Decidi vir para casa mais cedo.

Eles beijam-se, Joana puxa seu amado para cama, beijando-o algumas vezes, Jhon entrega uma caixa pequena e preta, Joana sorri já imaginando o seu conteúdo, mas mesmo assim fica surpresa ao abri-la, era um anel de casamento.

Jhon: E então?

Joana: Vamos ver – tentando conter o riso – o melhor agente do FBI quer se casar comigo! Bom ele não é muito bonito e nem ganha tão bem assim...

Jhon faz cócegas em Joana que não consegue mais conter o riso, os dois beijavam-se quando o telefone toca, a protestos de Joana seu noivo atende o telefone. Os olhos de Jhon mudam quando ele ouve que o assassino fora encontrado.

Segundos depois o agente especial Mitchel estava se arrumando a protestos de Joana.

Joana: Você tem mesmo que ir?

Jhon: Aquele assassino foi identificado, esta pode ser a melhor chance de pega-lo.

Joana: Mas até que você chegue ele vai ter fugido.

Jhon: Por isto esta é a minha melhor chance. Ele está neste bairro.

Minutos depois Jhon Mitchel corria por um beco escuro, seus passos solitários eram seguidos pelos olhares de alguns mendigos ao chegar no final do beco Mitchel se depara com um complexo de apartamentos, ele saca sua arma, caminhando lentamente pelo jardim, uma voz no rádio do agente rompe o silêncio.

Voz: Responda Mitchel.

Jhon: Pode falar.

Voz: Recebemos uma denúncia de movimentação suspeita na garagem número 3 do prédio Lincoln.

Jhon tenta manter a calma, o prédio Lincoln era onde ele morava, Jhon não responde continuando a caminhar lentamente. Ele tentava manter a calma até chegar a garagem. Jhon desliga o rádio para que nenhum som o denúncia recostando-se na parede do lado de fora da garagem ele caminha de lado rumo a entrada da garagem.

Jhon é trazido de volta a realidade pelo som de alguma coisa quebrando, Kyoko também acorda, ele pede para a garota ficar lá enquanto levanta-se lentamente e sai do quarto com cautela. Jhon vê um policial morto, ao aproximar-se dele Mamoru atinge o detetive na cabeça.

Jhon: Mamoru.

Mamoru: Eu já disse este nome é falso.

Jhon cambaleia tentando ficar de pé quando é atingido novamente, desta vez no rosto, o detetive caí no chão tudo escurece a ultima coisa que ouve são os gritos de Kyoko.

Meia hora depois Jhon é acordado por Yukie ao lado do médico da polícia que examinava o detetive. Este levanta-se rapidamente sentindo uma terrível dor de cabeça.

Yukie: Não faça movimentos bruscos.

O detetive apoia-se na parede, enquanto lembra do que aconteceu.

Jhon: Vocês foram até a casa do assassino?

Yukie: Ela estava vazia.

Jhon corre até o quarto, mas ele estava vazio. já imaginando o que iria encontrar Mitchel vai até a sala, Yukie tenta impedi-lo mas Jhon livra-se dela cambaleando a sala. Mitchel olha para o teto Jhon para cima deparando-se com o cadáver de Kyoko devidamente “maquiado” pendurado no lustre como se fosse uma marionete.

Jhon: Idêntico ao terceiro crime.

Faltavam poucas horas para amanhecer, Saya dormia apoiada na mesa de um bar perto da cena do crime. Ela estava debruçada ao lado de duas garrafas de saque, seus olhos estava úmidos pelas lágrimas que derramara. A policial federal desperta ao sentir a mão de alguém em seu ombro, era Jhon Saya dá um tapa no rosto dele.

Saya: É tudo culpa sua.

Jhon acende um cigarro, sentando ao lado da policial. Saya tira o cigarro da boca dele atirando-o no chão.

Saya: Era seu trabalho prender Douglas Franklin Wyatt e você não o fez. Também era seu trabalho protege-la e você falhou de novo.

Jhon: Esta é sua oportunidade de reparar este erro. Mudando de assunto existe alguém em sua vida?

Saya: Isto não interessa.

Jhon: A resposta é não.

Saya: Escuta aqui.

Jhon: Escute você...

Mitchel estava na frente do edifício Lincoln atendendo o chamado da central, preocupado ele resolve agir sozinho, Jhon esgueira-se por debaixo da porta de metal entrando na garagem, tudo estava escuro. Subitamente as luzes acendem-se. O chão estava inundado de sangue, haviam quatro quepes de policiais caídos no chão, provavelmente aqueles que tentaram prender o assassino e foram mortos. Um choro de mulher chama sua atenção, Jhon segue o choro encontrando Joana, ela ainda estava usando a mesma camisola, esta estava rasgada, seu corpo tinha feridas de facas, Joana estava “maquiada” com sangue. Alguém tinha usado o sangue como batom e sombra, seu cabelo estava coberto de sangue seco. Ao ver seu noivo ela começa a rir, Jhon tenta aproximar-se dela. Joana foge, Douglas Franklin Wyatt caminha até eles. Jhon aponta sua arma para o assassino que havia se “maquiado” com o sangue Joana.

Douglas: O que foi? Não gostou do meu trabalho? Deu muito trabalho preparar sua mulher.

Jhon: Cala a boca!

Douglas: O que foi? Você só tem isso para dizer?

Jhon: O que você fez? O que você fez seu maldito!?

Douglas apenas abre os braços imitando Jesus crucificado. Joana engatinhava pelo chão divertindo-se enquanto escorregava sobre o sangue.

Jhon: Eu vou te matar.

Douglas: Por que? Se você responder corretamente eu me entrego, se não...

Jhon: maldito.

Os dois homens olham-se olho no olho, nenhum movimento, nenhuma reação, eles ficam imóveis por alguns minutos.

Douglas: Como eu pensei, você não sabe.

O assassino caminha até Joana que sorri para ele, Douglas puxa uma faca, Joana ri empolgada, Jhon atira. Mesmo atingido o assassino continua. Jhon corre em sua direção atirando, Joana aproxima-se do assassino que mesmo muito ferido corta a garganta dela morrendo em seguida. Jhon ajoelha-se ao lado de sua noiva, sujando seu terno de sangue. Jhon segura sua noiva que olha para ele e ri.

Jhon: Não! Você vai ficar bem, vai ficar tudo bem.

Ele tenta estancar o sangue de Joana, esta cantava uma música infantil, mas ela morre antes que Jhon possa fazer alguma coisa.

Saya: Desculpe por ter sido tão rude.

Jhon: Tudo bem e quanto a minha pergunta?

Saya: Não, eu não tenho ninguém.

Jhon: É o preço que se paga por ir tão fundo.

Saya: Como assim “ir tão fundo”?

Jhon: Nós dois somos muito parecidos, possuímos uma atração pelo mórbido, este lado negro que fascina e destrói é especialmente atrativo para nós dois.

Saya: Não me compare a você por favor.

Jhon: Então por que esse interesse em assassinos em série?

Saya: Eu sou uma policial, eu faço isto para ajudar as pessoas.

Jhon: Ninguém é tão altruísta assim.

Saya: Quer dizer que ninguém gosta de ajudar os outros.

Jhon: Não, ajudar outras pessoas é muito gratificante, principalmente para quem o faz, quem você salva fica lhe devendo, mas você aproxima-se muito deste mal para ajuda-las, a menos que esse mal a atraia. Assuma de uma vez Saya o mal te seduz.

Saya: Daqui a pouco você vai dizer que estas mortes são eróticas.

Jhon: Estas são as suas palavras, não minhas.

Ela joga algumas notas de dinheiro sobre o balcão levantando-se furiosa. Jhon a sangue, Saya olha em seus olhos. O detetive corre em sua direção beijando-a, jogando-a contra a parede em um beco escuro, os dois tiram seus sobretudo transando.

Começava a amanhecer os dois arrumavam suas roupas quando o celular de Jhon toca. Saya estava indo embora quando Jhon a segura.

Saya: O que foi agora?

Jhon: Nós estávamos errados, o imitador não queria copiar o Douglas, ele queria terminar seu trabalho.

O detetive mostra para Saya uma mensagem em seu celular enviada pelo celular de Aida: “Você já conseguiu encontrar um motivo para me matar”?

Os dois corriam pelas ruas de Tóquio, como tinha pernas maiores Jhon ia na frente. Saya usava o rádio em seu celular para avisar a polícia.

Saya: Como você sabe onde ir?

Jhon: O prédio onde eu tenho meu escritório, ele tem um espaço que serve de depósito, o assassino está lá com Aida.

Saya: Por que você acha isso?

Jhon: Por que eu ainda não respondi a pergunta que ele me fez.

Os dois chegam a fachada do prédio vendo que a polícia ainda não tinha chego, Saya saca sua arma indo na frente.

Jhon: Tem alguma coisa errada.

Saya: Como assim?

Jhon: Não sei... apenas tome cuidado.

Os dois entram no prédio seguindo para o depósito do prédio que estava vazio. Os primeiros raios de sol entram pelas pequenas janelas do depósito, tudo estava tranqüilo.

Jhon: Havia sangue... todo o sangue de quatro pessoas.

Imitador: Errado!

Os dois se viram, o imitador atira em Saya que cai no chão em volta em sangue, em seguida o imitado coloca Jhon sob a mira de sua arma, surgindo das sombras devidamente “maquiado” em sua mão direita ele tinha uma arma e na esquerda uma coleira na qual prendia Aida.

Imitador: Era o sangue de quatro policiais, mas no momento vamos nos contentar com o sangue de uma.

Ele atira novamente em Saya para aumentar a quantidade de sangue no chão.

Jhon: O que você fez com Aida?

Imitador: Nada. Ainda.

Os dois homem olhavam-se em silêncio, este é rompido pelo choro de Aida que reconhece Jhon chamando-o.

Imitador: Ainda não, primeiro você deve responder uma pergunta: Você já tem motivos para me matar?

Jhon: Douglas Franklin Wyatt acreditava que não precisávamos de um motivo para matar, o prazer em fazer isto já bastava.

Imitador: Errado.

Ele faz menção de atirar em Aida mas é atingido por uma bala disparada por Saya que esforçava-se em erguer seu corpo, o imitador solta Aida fugindo. Jhon desamarra a colegial, pega a arma de Saya e segue o rastro de sangue deixado pelo assassino. Ao chegar no Hall de entrada do prédio Jhon agacha-se em reflexo pelo som ecoado de um tiro, o imitador estava tentando atingir Mitchel.

Jhon: Desista, você perdeu.

Imitador: Pode ser, mas a mensagem continua. Eu estava voltando para casa quando ouvi uma conversa de duas estudantes sobre este assassino Douglas Franklin Wyatt, em pouco tempo fiz uma pesquisa completa, até tive acesso ao relatório oficial do caso escrito por você detetive. Aquilo era lindo o que ele tentou fazer foi algo tão...

Jhon: Puro.

O assassino fica sem reação, mas sorri no momento seguinte.

Imitador: Sim uma ação em busca de um prazer tão profundo, enraizado na alma humana que poucos conseguem vê-lo. Foi isso que ele te proporcionou e você não conseguiu ver.

Jhon: A cruz profana desenhada com sangue é uma ferida nas normas sociais, idêntica a ferida que estas normas fazem em nossas almas ao impedirem que possamos realizar nossos prazeres. Por isto que estas mulheres estavam pintadas, elas estavam comemorando.

Imitador: Sim, finalmente você entendeu, quando eu percebi isto já não me restavam mais dúvidas. Abandonei meu emprego, voltei para casa e matei minha mulher e meu filho. Eu precisava me libertar de tudo para passar a mensagem e para isto precisava que você desvendasse o enigma.

Ao terminar sua sentença o imitador larga sua arma apresentando-se a Jhon.

Jhon: Você está enganado em uma coisa. Eu entendi esta mensagem há muitos anos. Por isto vim começar vida nova em um país novo.

Os dois olham-se, olho no olho, dessa vez foi o imitador que não entendeu.

Imitador: Como?

Nisso Yukie invade o prédio comandando uma equipe de policiais, ela encontra Jhon apontando sua arma para o imitador. O detetive sorri enquanto o assassino é preso, alguns policiais acham Saya chamando uma ambulância.

Pouco depois Saya estava sendo resgatada, Jhon a acompanha até a ambulância onde Aida estava sendo tratada.

Jhon: Como você está?

Aida: Um pouco assustada, mas estou bem.

Médico: Esta garota é muito corajosa, ela vai ficar bem.

Jhon: Aquela é a coleira que você estava usando?

Yukie: Aquilo é uma prova detetive.

Jhon: Que pena.

Ele ajuda Aida a descer da ambulância, para que Saya seja levada ao hospital, o detetive envolve sua amante com um cobertor, enquanto a ambulância é levada.

Jhon: Só uma coisa como você sai com alguém como ele?

Aida: Eu sabia que ele estava atrás de você.

Ela sorri enquanto puxa a gravata do detetive para falar ao seu ouvido.

Aida: Isto é para você aprender a não me colocar em segundo plano.

Jhon: Você é maravilhosa.

Os dois beijam-se apaixonadamente no meio aos policiais que coletavam provas e aos curiosos que assistiam a prisão.

FIM